Trabalhar será opcional dentro de 10 a 20 anos, afirma Elon Musk
Trabalhar será opcional dentro de 10 a 20 anos, afirma Elon Musk
Elon Musk subiu ao palco do Fórum de Investimento EUA-Arábia Saudita, e fez uma previsão ousada: trabalhar será “opcional” dentro de 10 a 20 anos. Ao lado do CEO da NVIDIA, Jensen Huang, e do ministro saudita de comunicações, Abdullah Alswaha, o bilionário descreveu um futuro onde robôs humanoides e inteligência artificial eliminam a necessidade de emprego tradicional.
Um emprego como escolha, não obrigação
No Fórum de Investimento EUA-Arábia Saudita, Musk afirmou que em uma década ou duas, o trabalho será algo opcional — uma atividade por paixão, não por necessidade. Ele comparou essa mudança à jardinagem caseira: “Cultivar vegetais no quintal é difícil, mas alguns ainda fazem porque gostam. Assim será o trabalho no futuro”, disse. A ideia é clara: a tecnologia alcançará um nível que permitirá a quase todos uma existência sem a dependência do emprego tradicional.
Enquanto Musk fala de um futuro onde trabalhar é como “cultivar vegetais em vez de comprar no mercado” — uma escolha pessoal, não uma necessidade —, a realidade já mostra deslocamento laboral mensurável. Entre janeiro e setembro de 2025, empresas americanas eliminaram 17.375 vagas diretamente atribuídas à IA, segundo a firma de pesquisa Challenger, Gray & Christmas. Outras 20 mil demissões foram creditadas a “atualizações tecnológicas” que provavelmente incluem IA.
O fim do dinheiro como conhecemos
Mais além, Musk aventurou-se no campo econômico, prevendo que a própria moeda pode se tornar irrelevante. Em sua visão inspirada pela série literária “Culture”, do autor Iain M. Banks, as melhorias contínuas em IA e robótica poderiam abolir a necessidade de dinheiro. “Se o progresso seguir esse ritmo, a moeda simplesmente deixará de fazer sentido”, declarou, insinuando um futuro onde recursos seriam abundantemente acessíveis.
Inteligência artificial: redefinindo profissões
Essa revolução, porém, não elimina o papel do trabalho e dos empregos. Jensen Huang, fundador da NVIDIA, presente no mesmo painel, destacou que as profissões vão se transformar. Áreas como a radiologia já se beneficiam da inteligência artificial, com médicos podendo estudar mais exames e dedicar mais tempo aos pacientes. O uso de IA permite eficiência e expansão, contrariando previsões antigas sobre extinção de empregos.
Tesla Optimus: muito além da robótica tradicional
Musk também apresentou seu entusiasmo pelo robô Optimus, projetado pela Tesla. Ele vislumbra não apenas um avanço na assistência médica e erradicação da pobreza, mas até uma mudança na forma como abordamos o crime, sugerindo que o robô poderia monitorar comportamentos para evitar delitos antes que aconteçam.
O contexto brasileiro
No Brasil, 31,3 milhões de empregos serão afetados pela inteligência artificial, dos quais 5,5 milhões correm risco de automação completa, segundo a consultoria LCA 4Intelligence. Um estudo recente da LiveCareer Brasil revelou que 1 em cada 5 postos de trabalho no país já está sob influência da IA.
A distribuição do risco é desigual: 12,9% das ocupações podem ganhar produtividade com IA generativa, 2,38% enfrentam substituição total, e 21,58% estão em uma “zona cinzenta” onde o resultado depende da adaptação. O Fundo Monetário Internacional estima que 45% da força de trabalho brasileira está exposta à IA — proporção superior aos 30% de outras economias emergentes.
O “atraso” tecnológico brasileiro pode ser uma proteção temporária. Segundo o Cetic.br, apenas 13% das empresas nacionais de todos os setores utilizavam IA em 2024. Já na indústria especificamente, o uso saltou de 16,9% em 2022 para 41,9% em 2024 — um crescimento de 163% em número absoluto de empresas.
O uso ainda se concentra em grandes corporações (38%) e no setor de TI (38%). Leonardo Melo Lins, coordenador do Cetic.br, pondera: “Não temos evidências para afirmar que haverá uma substituição em massa no Brasil. Dificilmente a padaria da esquina vai implementar agentes de IA”.
Mas a ameaça é real para certos grupos. Jovens trabalhadores, especialmente estagiários sem experiência, competem diretamente com ferramentas cada vez mais sofisticadas. Pela primeira vez, empregos de “colarinho branco” enfrentam mais risco que posições braçais. E o secretário-executivo da Fazenda, Dario Durigan, declarou em junho de 2025 que 25% dos empregos brasileiros estão ameaçados pela IA generativa.
A percepção dos trabalhadores reflete essa tensão: 76,6% acreditam que a IA substituirá seus empregos, mas 90% enxergam a tecnologia como capaz de aumentar sua eficácia. Entre empresas e empregados consultados pela FGV, 40,8% da força de trabalho projeta redução da oferta de emprego nos próximos cinco a dez anos. As empresas são menos pessimistas, mas reconhecem incerteza: 60,1% reportaram aumento de produtividade com IA, mas apenas 0,2% viram queda.

Leave A Comment
You must be logged in to post a comment.