De papelão a som digital: o sintetizador artesanal que impressiona pela simplicidade

Criatividade e engenhosidade se encontram no projeto do artista e designer Gabriel Mejia-Estrella: um sintetizador eletrônico feito à mão com corpo de papelão e teclas esculpidas em nogueira e carvalho. O instrumento combina processos de marcenaria tradicional e eletrônica moderna, usando um microcontrolador Teensy e um Raspberry Pi 5 para dar vida aos sons.

Um instrumento nascido do DIY

O design mistura materiais incomuns — papelão, madeira e fibra de vidro — em uma estrutura sólida e elegante. A nogueira dá forma às bordas e às teclas pretas, o carvalho compõe as brancas, enquanto o papelão, reforçado com camadas de fibra de vidro e resina epóxi, forma o topo e a base.
Para curvar a nogueira nas extremidades, Gabriel fez pequenos cortes precisos e usou vapor, fixando tudo em moldes de madeira até o material esfriar e endurecer. O resultado é uma carcaça resistente, leve e visualmente única.

Mecanismo preciso e totalmente manual

Cada tecla foi cortada, lixada e furada manualmente. Uma haste de aço atravessa toda a fileira e pequenas molas garantem o retorno das teclas após o toque. Arruelas espaçam cada uma com perfeição, e um limitador metálico controla o curso dos movimentos.

Por dentro, o Teensy lê o acionamento das teclas e envia sinais MIDI ao Raspberry Pi, que roda o sistema aberto Zynthian — software que transforma o projeto em um sintetizador completo, com instrumentos virtuais e efeitos personalizáveis.

Turquesa por fora, inovação por dentro

O acabamento é feito com pintura bicolor: turquesa na tampa superior e preto fosco na base. As placas internas de alumínio anodizado fixam os componentes eletrônicos, enquanto pés de borracha mantêm o instrumento estável sobre a mesa. Um toque artesanal que, mesmo sem fábrica, entrega design, som e tecnologia em harmonia.

Um convite à criação

Gabriel documenta todo o processo em suas redes sociais, encorajando quem se interessa por música e construção DIY a explorar suas próprias versões. Em um mundo dominado por hardware industrial, o “cardboard synth” mostra que ainda há espaço para experimentação, estética e som feitos à mão.