Você queria um GTA se passasse no Brasil? Isso nunca vai acontecer, entenda por quê

Você queria um GTA se passasse no Brasil? Isso nunca vai acontecer, entenda por quê

A franquia Grand Theft Auto está enraizada na cultura americana de forma tão profunda que sair desse solo seria quase uma heresia criativa. Essa não é apenas uma opinião é o diagnóstico claro de quem moldou toda a série. Dan Houser, cofundador da Rockstar Games, deixou isso cristalino em conversa recente com Lex Fridman.

Nos últimos anos, comunidades de jogadores brasileiros alimentam a esperança de ver Liberty City, Vice City ou Las Venturas ganharem uma versão tropical. A ideia é sedutora: Rio de Janeiro, São Paulo ou Brasília como palco de sátira e caos digital. Mas, segundo o próprio arquiteto de GTA, essa porta está praticamente fechada.

Por que GTA não deixará os EUA?

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“Havia tanta essência americana inerente à propriedade intelectual que seria muito difícil fazer funcionar em Londres ou em qualquer outro lugar,” explicou Houser. O raciocínio não é apenas nostalgia: é estrutural.

A identidade de GTA foi construída sobre pilares específicos:

  • Armas e sua relação problemática com a sociedade norte-americana

  • Personagens grandiosos e extravagantes que refletem os excessos do sonho americano

  • Humor satírico que caricatura contradições políticas e sociais dos EUA

  • Uma perspectiva que funciona porque é, para muitos, a visão de um estrangeiro sobre a América

A exceção que prova a regra

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Há uma brecha histórica que Houser mesmo reconhece: GTA: London 1969, lançado em 1999 para PS1. Foi um experimento. Um “joguinho bem bonitinho e divertido”, nas palavras do criador. Mas também foi — e isso é crucial — um fracasso conceitual.

Londres não tinha o mesmo DNA de GTA que Nova York (Liberty City), Miami (Vice City) ou Los Angeles (Las Venturas). A lição? Tentar replicar a fórmula fora dos EUA esvazia justamente aquilo que faz o jogo funcionar.

Desde então, nenhuma aventura principal da franquia saiu do território americano. 

GTA 6 reafirma o compromisso com a América

O próximo capítulo da série, ambientado no estado fictício de Leonida (inspirado na Flórida), dobra a aposta na sátira americana. Os trailers divulgados reafirmam exatamente isso: excessos, armas, personagens extremos e uma crítica social que só faz sentido em contexto norte-americano.

Para o contexto brasileiro, a frustração é legítima. Temos material de sobra para uma narrativa satírica urbana: corrupção sistêmica, desigualdade brutal, contradições sociais gritantes. O Brasil seria um cenário cinematograficamente rico para uma história tipo GTA.

Nem mesmo dublagem Pt-br

Se GTA nunca sairá dos EUA, há uma frustração ainda mais próxima: a Rockstar sequer prioriza a localização do áudio para português brasileiro. Enquanto o jogo recebe legendas em múltiplos idiomas, incluindo português, a faixa de áudio permanece exclusivamente em inglês — em todos os mercados, sem exceção.

Essa não é negligência apenas com o Brasil. É uma decisão criativa global: a Rockstar Games nunca dublou seus jogos em nenhum idioma. Red Dead Redemption 2, Max Payne 3, GTA V  etc — todos com legendas em português, mas vozes apenas em inglês.

Para compreender essa escolha, vale citar um precedente: Todd Howard, diretor de Fallout, explicou que manter o áudio em idioma original é uma “decisão criativa”, assim como Xogun manteve diálogos em japonês apesar de ter dublagem disponível. A Rockstar aplica a mesma filosofia.

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