Microsoft registra queda de 29% em hardware do Xbox enquanto Azure cresce 40%

Microsoft registra queda de 29% em hardware do Xbox enquanto Azure cresce 40%

A Microsoft divulgou ontem (29) seus resultados do primeiro trimestre fiscal de 2026, revelando uma transformação radical em seu modelo de negócios. Enquanto o hardware do Xbox registra sua quarta queda consecutiva — agora em 29% — a divisão de nuvem bate recordes históricos e consolida a empresa como líder em inteligência artificial corporativa.

A crise do console

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A receita de hardware do Xbox caiu 29% no trimestre encerrado em 30 de setembro, reflexo direto de menos consoles vendidos. O golpe é ainda mais duro quando contextualizado: no quarto trimestre de 2024, a queda havia sido de 42%, seguida por 22% no trimestre anterior. O Xbox Series X já custa US$ 599,99 nos Estados Unidos, pressionado por tarifas e inflação.

Os números contam uma história de declínio sustentado. A receita total de jogos caiu 2%, para US$ 5,51 bilhões. O braço de conteúdo e serviços — que inclui Game Pass e vendas de terceiros — cresceu apenas 1%, insuficiente para compensar o colapso no hardware. A própria linha de exclusivos da Microsoft também decepcionou no período.

O triunfo da nuvem

Do outro lado da balança, o Azure cresceu 40% ano a ano, impulsionando a divisão Intelligent Cloud a uma receita de US$ 30,9 bilhões — alta de 28% em 12 meses. A Microsoft Cloud como um todo faturou US$ 49,1 bilhões, expansão de 26% que reforça a posição da empresa como segunda maior provedora de nuvem pública do mundo, atrás apenas da AWS.

O CEO Satya Nadella deixou claro em teleconferência que a estratégia é definitiva: “IA e nuvem são o motor de transformação de negócios em todos os setores.” A empresa investiu US$ 34,9 bilhões em capex no trimestre, aumento de 74%, metade destinado a GPUs e CPUs para expandir a infraestrutura do Azure.

Windows segue firme em meio à reconfiguração

Enquanto o Xbox afunda e a nuvem dispara, o Windows mantém trajetória estável. A divisão More Personal Computing registrou receita de US$ 13,8 bilhões no trimestre, alta de 4% que surpreendeu analistas. O destaque ficou com o Windows OEM — licenças vendidas para fabricantes de PCs — que cresceu 6%, impulsionado pela renovação de frotas corporativas e demanda sustentada por notebooks.

A publicidade de busca (Bing e Edge) roubou a cena com expansão de 16%, excluindo custos de aquisição de tráfego. O segmento se beneficia da integração com Copilot e ferramentas de IA generativa, que aumentam o tempo de permanência dos usuários nas plataformas Microsoft.

Apesar do crescimento, a divisão representa apenas uma fração do faturamento total da empresa — US$ 13,8 bilhões contra US$ 30,9 bilhões do Intelligent Cloud. O Windows permanece relevante no mercado corporativo, mas claramente não é mais o protagonista da estratégia de Redmond.

O que vem pela frente

A Microsoft admitiu que enfrentará restrições de capacidade na nuvem ao menos até o fim do ano fiscal. Para o próximo trimestre, a projeção é de receita entre US$ 79,5 bilhões e US$ 80,6 bilhões, sinal de que a demanda por serviços de IA corporativa está longe de se esgotar.

Já o Xbox caminha para um futuro incerto. Com hardware perdendo relevância e o Game Pass crescendo devagar, a Microsoft parece cada vez mais disposta a priorizar jogos multiplataforma e serviços na nuvem — incluindo streaming via xCloud — em detrimento dos consoles tradicionais. A crise não é apenas de vendas: é de identidade.

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