Fábricas na China usam IA para monitorar expressões faciais de trabalhadores e medir produtividade; veja o vídeo

Fábricas na China usam IA para monitorar expressões faciais de trabalhadores e medir produtividade; veja o vídeo

A inteligência artificial chegou ao chão de fábrica, mas não apenas para automatizar processos. Na China, empresas industriais implementaram sistemas de análise comportamental que rastreiam cada movimento dos operários, incluindo monitoramento de expressões faciais para detectar níveis de atenção e concentração durante o expediente. A tecnologia levanta questões éticas sobre privacidade no ambiente de trabalho que ecoam além das fronteiras chinesas, com 80% das empresas globais já adotando alguma forma de vigilância digital sobre funcionários.

 

Vigilância 24 horas conectada a bancos de dados pessoais

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Os sistemas desenvolvidos pelo Instituto de Automação da Academia Chinesa de Ciências conectam câmeras de segurança a algoritmos de IA capazes de identificar se um trabalhador está executando suas funções ou “vagando” pelo ambiente. A tecnologia vai além: distingue comportamentos específicos como uso de smartphone, cigarro ou conversas não autorizadas. Todo funcionário é rastreado via reconhecimento facial biométrico, com dados cruzados em bases de informações pessoais para vigilância ininterrupta

O Instituto de Automação afirmou em relatório oficial que a tecnologia “tornou os canteiros de obras transparentes”, com melhorias significativas em segurança e produtividade. A China National Petroleum Corporation, terceira maior petroleira do mundo, já implantou o sistema em dezenas de canteiros de obras por todo o país

Análise de microexpressões e cadeiras de contenção

Um engenheiro de software que trabalhou na instalação desses sistemas revelou à BBC, sob condição de anonimato, detalhes perturbadores sobre testes realizados com detidos uigures em Xinjiang. As câmeras de detecção emocional são posicionadas a três metros do indivíduo e analisam até mudanças mínimas nas expressões faciais e nos poros da pele. O sistema funcionava enquanto pessoas permaneciam imobilizadas em “cadeiras de contenção” com punhos e tornozelos presos por estruturas metálicas, equipamentos amplamente instalados em delegacias chinesas.

O governo chinês usa uigures como cobaias para vários experimentos, assim como ratos são usados em laboratórios”, denunciou o engenheiro. A tecnologia posteriormente foi adaptada para ambientes industriais e corporativos.

Europa questiona legalidade sob GDPR

Enquanto a China avança sem restrições significativas sobre desenvolvedores de IA no ambiente de trabalho, a Europa estabelece barreiras legais. Sindicatos europeus identificaram ao menos 11 empresas oferecendo softwares de vigilância total que prometem “controle absoluto sobre computadores de funcionários” ou “visão por cima do ombro do funcionário, não importa onde ele esteja no mundo”. Todos violam o Regulamento Geral de Proteção de Dados (GDPR) da União Europeia.

O GDPR exige consentimento explícito antes da implementação de tecnologias de monitoramento e estabelece limites claros sobre coleta e compartilhamento de dados pessoais. A nova Lei de IA da União Europeia classifica aplicações de recrutamento e gestão de trabalho como “alto risco” quando podem infringir direitos dos trabalhadores, exigindo avaliações e supervisão rigorosas.

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