China está desenvolvendo o padrão de firmware UBIOS como alternativa ao UEFI e BIOS

A indústria de tecnologia chinesa está criando do zero um padrão de firmware chamado UBIOS (Unified Basic Input Output System), projetado para substituir o UEFI e o antigo BIOS em equipamentos. A iniciativa representa um movimento estratégico da China para reduzir dependência de padrões ocidentais em camadas fundamentais da computação.

O projeto reúne 13 gigantes tecnológicas chinesas, incluindo Huawei, Byosoft e Kunlun Tech, sob supervisão do CESI (Instituto Chinês de Padronização Eletrônica). O objetivo é ambicioso: criar uma base de inicialização universal compatível com todas as arquiteturas de processadores modernas, desde servidores corporativos até dispositivos IoT.

O Que é o UBIOS?

UBIOS significa “Sistema Unificado Básico de Entrada e Saída”. Na prática, trata-se do software fundamental que roda antes do sistema operacional, responsável por inicializar o hardware e preparar o ambiente para que Windows, Linux ou qualquer outro OS possa funcionar.

Atualmente, quase todos os computadores modernos usam UEFI (sucessor do BIOS tradicional), um padrão controlado por entidades internacionais com forte presença de empresas americanas e europeias. O UBIOS busca oferecer funcionalidades equivalentes, mas desenvolvidas inteiramente na China e sem vínculos com arquiteturas de segurança ocidentais.

Essa autonomia tecnológica é crucial em um contexto geopolítico onde componentes fundamentais de TI se tornaram ferramentas de poder estratégico. Controlar o firmware significa controlar a primeira linha de defesa digital de qualquer dispositivo.

Compatibilidade Total: De x86 a RISC-V

Uma das características mais impressionantes do UBIOS é sua versatilidade arquitetônica. O padrão foi projetado para funcionar com:

• x86 e x86-64: A arquitetura dominante em PCs e servidores convencionais

• ARM: Presente em bilhões de smartphones e tablets

• RISC-V: Arquitetura open-source em ascensão

• LoongArch: Padrão chinês compatível com MIPS

Essa abrangência permite que fabricantes chineses adotem o UBIOS em praticamente qualquer categoria de produto. Computadores pessoais, servidores de data centers, roteadores, veículos conectados e dispositivos inteligentes poderão usar a mesma base de firmware.

A flexibilidade multi-arquitetura também facilita a transição gradual. Empresas não precisarão escolher entre compatibilidade e independência tecnológica — pelo menos em teoria.

O consórcio responsável pelo UBIOS inclui alguns dos nomes mais influentes da tecnologia chinesa. A Huawei, gigante das telecomunicações com ambições crescentes em chips e computação em nuvem, lidera parte dos esforços. A Byosoft, especializada em firmware e software de sistema, traz expertise técnica crucial.

A Kunlun Tech, focada em soluções de infraestrutura, completa o trio principal. Além delas, outras dez empresas participam do desenvolvimento, formando um ecossistema robusto de conhecimento e capacidade industrial.

O CESI atua como órgão coordenador e certificador. Essa instituição governamental garante que o padrão atenda requisitos de segurança nacional e interoperabilidade doméstica. O modelo de governança centralizada acelera decisões, mas também levanta questões sobre abertura e colaboração internacional.

Ecossistema Linux Como Ponte de Adoção

As distribuições Linux chinesas já confirmaram suporte ao UBIOS. Isso é estratégico: o Linux domina servidores, supercomputadores e infraestrutura crítica na China. Kylin, Deepin e UOS — sistemas operacionais nacionais baseados em Linux — devem receber compatibilidade nativa em versões futuras.

Essa integração facilitará a adoção em ambientes corporativos e governamentais, onde a migração para tecnologias domésticas é incentivada por políticas públicas. Servidores rodando processadores LoongArch com UBIOS e Linux chinês representam uma pilha tecnológica 100% nacional.

 compatibilidade com Windows, no entanto, permanece incerta. Microsoft e Intel têm relação próxima com o padrão UEFI atual. Sem suporte oficial da Microsoft, o UBIOS pode enfrentar limitações no mercado de PCs domésticos, onde o Windows ainda domina na China.

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