OpenAI bloqueia geração de vídeos de Martin Luther King Jr. após família exigir controle sobre uso de IA

OpenAI bloqueia geração de vídeos de Martin Luther King Jr. após família exigir controle sobre uso de IA

A OpenAI decidiu suspender imediatamente a criação de vídeos gerados por IA do líder dos direitos civis Martin Luther King Jr. em sua plataforma Sora, depois que usuários produziram conteúdos considerados desrespeitosos pela família do ativista. A medida veio a pedido do King Estate, Inc., entidade que administra o legado de MLK, e marca uma reviravolta na estratégia inicial da empresa de liberar deepfakes de figuras históricas sem restrições.​

O caso expõe uma das questões mais espinhosas da era da IA generativa: quem controla a imagem digital de pessoas falecidas quando a tecnologia permite recriar qualquer um com realismo assustador.​

A polêmica que forçou a mudança

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Segundo relatos do Washington Post, alguns usuários do Sora criaram vídeos mostrando Dr. King fazendo sons de animais e até brigando com Malcolm X — conteúdos que cruzaram todas as linhas éticas imagináveis. Bernice King, filha de MLK, precisou recorrer ao Instagram para implorar que parassem de enviar vídeos gerados por IA de seu pai, demonstrando o impacto emocional da situação.​

A reação do King Estate foi rápida. Em comunicado conjunto publicado no X, a OpenAI reconheceu: “Alguns usuários geraram representações desrespeitosas da imagem do Dr. King”. A empresa pausou todas as gerações de vídeos do ativista enquanto trabalha para reforçar as proteções para figuras históricas.​

Reviravolta na política de deepfakes

A declaração da OpenAI representa uma mudança significativa em relação à abordagem “lançar primeiro, moderar depois” que tornou a empresa famosa. “Embora existam fortes interesses de liberdade de expressão na representação de figuras históricas, a OpenAI acredita que figuras públicas e suas famílias devem, em última análise, ter controle sobre como sua imagem é usada”, afirmou a companhia.​

Agora, representantes autorizados ou administradores de espólios podem solicitar que a imagem de seus entes queridos seja bloqueada na plataforma Sora. Mas essa política levanta uma questão inevitável: por que essa proteção não foi implementada desde o início ?​

Olivia Gambelin, especialista em ética de IA e autora entrevistada pela BBC, criticou duramente a estratégia da OpenAI. “Essa estratégia de tentativa e erro não era apropriada para introduzir tal tecnologia”, disse ela, destacando que a capacidade de criar deepfakes de figuras falecidas não apenas demonstra “falta de respeito”, mas também representa riscos significativos para a capacidade do público de distinguir conteúdo real de fabricado.​

Outros casos acendem o debate

Martin Luther King Jr. não é o único alvo. Zelda Williams, filha do falecido comediante Robin Williams, também pediu publicamente que parassem de enviar vídeos gerados por IA de seu pai. A plataforma continua repleta de representações de Bob Ross, Whitney Houston e JFK, entre outras personalidades.​

O caso também remete à controversa situação envolvendo Scarlett Johansson, que acusou a OpenAI de usar uma voz similar à sua — do filme “Her” — no ChatGPT. Após as declarações da atriz, a empresa removeu a voz do serviço.​

Sora: crescimento explosivo e controvérsias

Lançado no final de setembro, o Sora já ultrapassou 1 milhão de downloads em apenas cinco dias, atingindo esse marco mais rapidamente que o próprio ChatGPT, segundo Bill Peebles, responsável pela plataforma. A ferramenta permite criar vídeos curtos de IA a partir de prompts de texto e também oferece o recurso “Cameos”, que possibilita que pessoas vivas autorizem o uso de sua imagem em vídeos adicionais.​

Mas o crescimento vertiginoso trouxe desafios proporcionais. O rápido aumento de vídeos gerados por IA disparou debates sobre desinformação, violações de direitos autorais e a enxurrada de conteúdo de baixa qualidade que entope feeds de redes sociais. A própria Motion Picture Association (MPA) de Hollywood pressionou a OpenAI para corrigir rapidamente seu mecanismo de opt-out de direitos autorais.​

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