Internet discada da AOL chega ao fim após 34 anos de história

Internet discada da AOL chega ao fim após 34 anos de história

A AOL anunciou oficialmente que encerrará seu serviço de internet discada (dial-up) em 30 de setembro de 2025, marcando o fim definitivo de uma tecnologia que foi porta de entrada para o mundo digital para milhões de usuários nos anos 90 e início dos 2000. O comunicado, publicado no site da empresa, põe um ponto final em um serviço que existiu por impressionantes 34 anos e que, para muitos, foi sinônimo da própria internet.

Em seu comunicado oficial, a empresa – que atualmente pertence ao grupo Yahoo – explicou que “a AOL avalia rotineiramente seus produtos e serviços e decidiu descontinuar a Internet Discada. Este serviço não estará mais disponível nos planos AOL”. Além da conexão dial-up propriamente dita, serão desativados o software AOL Dialer e o navegador AOL Shield, ferramentas otimizadas para sistemas operacionais mais antigos e conexões discadas.

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O mais surpreendente nesse anúncio não é apenas o encerramento do serviço, mas o fato de que ele ainda está operacional em 2025. Segundo dados do censo americano de 2019, aproximadamente 265 mil pessoas nos Estados Unidos ainda utilizavam conexões discadas para acessar a internet – um número significativo considerando todas as alternativas modernas disponíveis, como fibra óptica, cabo e conexões móveis.

Para muitos usuários idosos ou habitantes de áreas rurais com poucas opções de conectividade, o serviço de internet discada da AOL funcionava como uma espécie de “cobertor de segurança” digital. Mesmo quando tinham acesso a outras formas de conexão, alguns assinantes mantinham o serviço por anos, receosos de perder seus endereços de e-mail, arquivos ou simplesmente por estarem acostumados com uma interface que dominavam há décadas.

Logotipo do Running Man da AOL, um ícone amarelo estilizado que simbolizou o serviço por décadas
O icônico “Running Man” da AOL foi um dos símbolos mais reconhecíveis da internet dos anos 90, representando toda uma era da conectividade digital

O som que marcou uma geração

Para quem cresceu nos anos 90 e início dos 2000, o característico ruído da conexão discada da AOL – aquela sequência de bipes, chiados e ruídos quando o modem tentava estabelecer conexão – é uma memória afetiva inesquecível. Era o som da expectativa, o prelúdio para a navegação que, na época, ocorria a velocidades inimaginavelmente lentas pelos padrões atuais: 56 Kbps nos modelos mais avançados, cerca de 18 mil vezes mais lento que uma conexão de fibra óptica básica hoje.

No Brasil, embora a AOL tenha tido presença mais modesta, o fenômeno da internet discada foi igualmente marcante. Muitos brasileiros recordam das conexões que ocupavam a linha telefônica (impossibilitando chamadas) e das contas telefônicas exorbitantes que chegavam no final do mês. A popularização da banda larga no país gradualmente substituiu essas conexões, mas o legado cultural permanece em memes, referências e na memória coletiva digital.

O encerramento do serviço discado da AOL coincide simbolicamente com outras transformações significativas na internet. Enquanto a empresa desliga uma tecnologia que representou o início da democratização do acesso à web, vivemos tempos de debates sobre o chamado “Google Zero” (busca sem resultados orgânicos) e questionamentos sobre a sustentabilidade do modelo de internet gratuita financiada por publicidade.

A AOL, que chegou a ser uma das maiores empresas de tecnologia do mundo no final dos anos 90, com valor de mercado que ultrapassou os 200 bilhões de dólares, acabou sendo adquirida pela Verizon em 2015 por apenas 4,4 bilhões, sendo posteriormente integrada ao grupo Yahoo. O fim do serviço de internet discada representa não apenas o encerramento de uma tecnologia, mas o capítulo final de uma das marcas mais emblemáticas da primeira era da internet comercial.

Fonte: The Verge

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