Trump exige saída do CEO da Intel após acusações de ligação com a China

O presidente americano Donald Trump intensificou as tensões geopolíticas no setor de tecnologia ao exigir publicamente a renúncia imediata de Lip-Bu Tan, atual CEO da Intel. Em declaração publicada nesta quinta-feira em sua rede social Truth Social, Trump acusou o executivo de manter “conflitos de interesse” relacionados à China, embora não tenha apresentado evidências concretas que fundamentem tais alegações.

“O CEO da INTEL está altamente CONFLITADO e deve renunciar, imediatamente. Não há outra solução para este problema. Obrigado pela atenção a este assunto!”, escreveu Trump na plataforma, em mais um episódio da crescente pressão americana sobre empresas de tecnologia com possíveis vínculos chineses.

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A declaração de Trump surge apenas um dia após o senador republicano Tom Cotton, seu aliado político, enviar uma carta ao conselho diretor da Intel questionando os supostos laços de Tan com a China. No documento, Cotton levanta preocupações sobre os investimentos do executivo no país asiático e seu histórico como líder da Cadence Design Systems, empresa que teria mantido uma universidade militar chinesa como cliente.

Lip-Bu Tan assumiu a liderança da Intel em março deste ano e, desde então, tem implementado uma série de medidas drásticas para recuperar a competitividade da empresa, que perdeu terreno para concorrentes como Nvidia e AMD, especialmente na corrida pelos chips de inteligência artificial. Sob seu comando, a fabricante demitiu milhares de funcionários, cancelou planos para novas plantas de fabricação e busca vender subsidiárias consideradas não essenciais, numa tentativa de reorientar a companhia para uma abordagem focada em engenharia.

Impacto nos projetos do CHIPS Act

A pressão sobre o CEO da Intel acontece em um momento delicado para a empresa, que é peça-chave na estratégia do governo Biden para fortalecer a produção doméstica de semicondutores nos Estados Unidos. A fabricante recebeu aproximadamente 8 bilhões de dólares em financiamento através do CHIPS Act, programa federal destinado a reduzir a dependência americana de chips produzidos no exterior, especialmente na Ásia.

Esses recursos estão sendo direcionados para projetos de fabricação e empacotamento de semicondutores em diversas instalações da Intel espalhadas pelo território americano, incluindo unidades no Arizona, Novo México, Ohio e Oregon. A eventual saída forçada de Tan poderia comprometer o andamento desses projetos estratégicos e afetar o cronograma de expansão da capacidade produtiva da empresa nos EUA.

As acusações de Trump mostram um ambiente cada vez mais tenso entre Estados Unidos e China na disputa pelo domínio tecnológico global. Para analistas do setor, a pressão sobre a Intel ilustra como as empresas de tecnologia estão se tornando peças no tabuleiro geopolítico, com impactos potenciais para toda a cadeia global de suprimentos de componentes eletrônicos.

Até o momento da publicação desta matéria, a Intel não havia se pronunciado oficialmente sobre as declarações de Trump ou sobre as acusações do senador Cotton. A continuidade de Lip-Bu Tan no cargo permanece incerta, enquanto investidores e parceiros da empresa aguardam ansiosamente por desdobramentos que podem redefinir o futuro de um dos mais tradicionais fabricantes de chips do mundo.

Fonte: TechCrunch