
Elon Musk incomoda Pequim: entenda por que a China vê a Starlink como ameaça
Elon Musk incomoda Pequim: entenda por que a China vê a Starlink como ameaça
Stealth submarinos com lasers, satélites predadores com propulsão iônica, telescópios para rastreamento orbital e até sabotagem da cadeia de suprimentos. A China está levando a sério o desafio de conter a Starlink — a maior constelação de satélites da história — em uma corrida espacial cada vez mais geopolítica e menos científica.
Por que a Starlink virou alvo militar global
O que começou como uma rede de internet para regiões remotas se tornou uma infraestrutura estratégica de alcance global. A Starlink, da SpaceX, já responde por quase dois terços dos satélites ativos no planeta e opera em mais de 140 países. Com mais de 8 mil unidades em órbita e planos para lançar dezenas de milhares, o projeto de Elon Musk hoje influencia não só comunicações civis, mas também operações militares e inteligência internacional.
Essa capacidade híbrida — civil e militar — acendeu o alerta em Pequim. Desde 2022, após o início da guerra na Ucrânia, institutos militares e universidades chinesas publicaram mais de 60 estudos analisando a constelação do Starlink, sua infraestrutura, vulnerabilidades e possíveis formas de neutralização.
O caso da Ucrânia foi o ponto de virada
Durante a invasão da Ucrânia, a Starlink permitiu que tropas ucranianas mantivessem comunicação segura e operassem drones táticos em tempo real, mesmo com redes locais destruídas. O sistema se tornou uma vantagem de campo. Mas também revelou um risco: Elon Musk, como proprietário da rede, recusou-se a estender o sinal para uma ofensiva ucraniana na Crimeia — interferindo diretamente no conflito.
Esse episódio consolidou um novo temor global: o poder de decisão sobre uma infraestrutura crítica de comunicação pode estar concentrado nas mãos de um único empresário com interesses políticos próprios.
As ideias mais radicais em estudo na China
Os documentos revisados pela Associated Press revelam uma variedade de planos incomuns para desestabilizar a rede de Musk. Entre as propostas:
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Criar satélites “sombra” para seguir e interceptar os do Starlink
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Usar lasers de alta potência para danificar painéis solares ou sensores
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Injetar materiais corrosivos para enfraquecer baterias em órbita
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Espalhar deepfakes para confundir algoritmos de rastreamento
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Sabotar fornecedores da cadeia logística da SpaceX
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Monitorar a rede com telescópios ópticos de baixo custo
Embora algumas ideias soem como ficção científica, elas são levadas a sério por instituições como a Universidade de Defesa Nacional da China e a Equipe de Resposta de Emergência Cibernética Industrial do país.
A resposta chinesa: construir seu próprio Starlink
Além das táticas de contenção, a China decidiu competir. Em 2021, o governo criou a estatal China SatNet, responsável pela Guowang, uma megaconstelação de 13 mil satélites com aplicação militar. Outros projetos paralelos também avançam, como o Qianfan, apoiado por Xangai, que já lançou 90 unidades e busca acordos com países como Brasil, Paquistão e Uzbequistão.
Essas iniciativas visam garantir soberania tecnológica e disputar contratos internacionais, minando a vantagem de primeiro-mover da SpaceX.
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