Brasil paga R$ 23 bilhões para Big Techs e enfraquece soberania digital, mostra estudo exclusivo
Brasil paga R$ 23 bilhões para Big Techs e enfraquece soberania digital, mostra estudo exclusivo
O Brasil direcionou impressionantes R$ 23 bilhões para big techs americanas na última década, desperdiçando oportunidades de desenvolver sua infraestrutura tecnológica nacional. Um estudo inédito conduzido por pesquisadores da USP, FGV e UnB revela que essa dependência externa compromete a soberania digital do país e expõe dados sensíveis a jurisdições estrangeiras.
O levantamento identificou que, apenas no período entre junho de 2024 e junho de 2025, os cofres públicos já transferiram R$ 10,35 bilhões para gigantes como Microsoft, Oracle, Google e Red Hat através de contratos de software e serviços em nuvem.
Esse montante bilionário seria suficiente para construir ao menos 86 data centers Tier 3 de 5MW em território brasileiro, fortalecendo consideravelmente a infraestrutura nacional de armazenamento e processamento de dados. Em vez disso, o país opta por financiar tecnologias que não controla nem domina, criando um ciclo de dependência difícil de romper.
A Microsoft lidera o ranking de beneficiários, tendo assegurado R$ 1,65 bilhão apenas no primeiro semestre deste ano. Logo atrás, aparecem a Oracle com R$ 1,02 bilhão, a Google com R$ 938 mil e a Red Hat com R$ 909 mil em contratos desde 2022.
Riscos à soberania digital brasileira
Um dos aspectos mais preocupantes desse cenário é o risco à segurança de dados estratégicos nacionais. Quando o Brasil contrata serviços de armazenamento e processamento de empresas estrangeiras, informações sensíveis – como prontuários médicos do SUS, dados de inteligência ou sistemas de defesa – podem acabar processados em servidores localizados fora do país.
Esses dados ficam sujeitos a legislações como o Cloud Act americano, que permite ao governo dos EUA requisitar informações de empresas sediadas em seu território, mesmo quando os dados estão armazenados fisicamente em outras nações. Essa vulnerabilidade representa uma ameaça concreta à soberania nacional no ambiente digital.
Outro problema identificado pelo estudo é a prática de contratação de soluções prontas e proprietárias através de revendedores locais. Esse modelo dificulta o rastreamento dos contratos e mascara os fornecedores reais, criando uma camada adicional de opacidade no uso de recursos públicos.
Para enfrentar esses desafios, os pesquisadores recomendam a criação de uma nuvem pública federada para o armazenamento de dados em solo brasileiro, além da adoção prioritária de softwares desenvolvidos por empresas ou universidades nacionais. Também sugerem que o governo exija licenciamento aberto e interoperabilidade nas compras públicas.
O debate sobre a dependência tecnológica ganha ainda mais relevância no atual contexto geopolítico, onde o governo Trump tem se alinhado às grandes empresas de tecnologia americanas para pressionar diversos países, incluindo o Brasil, contra tentativas de regulação do setor digital.
Fonte: RT Brasil
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