
Sam Altman, CEO da OpenAI, comparou a criação da IA à bomba atômica e alertou que o TikTok pode ser ainda mais perigoso
Durante uma entrevista recente, Sam Altman, CEO da OpenAI, fez uma analogia ousada: comparar a criação da inteligência artificial com o desenvolvimento da primeira bomba nuclear. Segundo ele, os engenheiros que constroem os sistemas de IA de hoje se veem diante do mesmo dilema moral que os físicos do Projeto Manhattan sentiram ao assistir ao primeiro teste nuclear, em 1945. Mas o ponto mais provocador veio logo em seguida: para Altman, o verdadeiro perigo atual não está nos robôs, mas nos reels e vídeos curtos que alimentam um vício silencioso nas crianças.
“O que foi que a gente criou?”
A fala foi registrada no podcast This Past Weekend, do comediante Theo Von, que acumula milhões de visualizações nas redes. “Há momentos em que os cientistas olham para suas criações e pensam: ‘O que foi que fizemos?’”, refletiu Altman. Ele então invocou a imagem emblemática dos cientistas que, após criarem a bomba atômica, ficaram diante de uma nova era de responsabilidade e medo.
A analogia não é gratuita. Altman, que lidera a empresa por trás do ChatGPT e outros modelos avançados de IA, reconhece os riscos associados à tecnologia. Mas fez questão de colocar os perigos em perspectiva.
Redes sociais como ameaça real e presente
“Esses vídeos curtos, esse ciclo constante de dopamina… tenho a sensação de que isso está interferindo profundamente no desenvolvimento do cérebro das crianças”, afirmou. Para ele, o vício digital gerado por plataformas como TikTok e Instagram pode estar moldando uma geração de forma irreversível.
Enquanto a IA ainda representa um desafio em construção, as redes sociais já estão causando efeitos visíveis. Altman sugeriu que os impactos psicológicos dessas plataformas são mais imediatos, e talvez mais nocivos, do que qualquer algoritmo generativo.
Uma corrida sem linha de chegada
Ao discutir o futuro da inteligência artificial, Altman admitiu que nem mesmo os líderes do setor sabem exatamente onde querem chegar. “Existe uma corrida, mas ninguém concorda sobre o destino”, disse. Ele reforçou que não há uma meta definida, um “ponto final” onde a IA possa ser considerada concluída. A evolução acontece em tempo real, impulsionada por descobertas constantes — e por interesses comerciais que nem sempre priorizam segurança ou ética.
Geração Z adaptável, adultos em risco
Altman se mostrou otimista quanto à capacidade das novas gerações de lidar com tecnologias emergentes. “Crianças que crescem com essas ferramentas sempre encontram um jeito. Elas aprendem os novos tipos de trabalho”, afirmou. Em contrapartida, ele demonstrou preocupação com os adultos: “Se você tem 50 anos e precisa reaprender tudo, isso raramente funciona.”
Essa visão impacta diretamente o campo da educação. Quando questionado se seu filho — atualmente com apenas quatro meses — iria para a universidade no futuro, Altman foi direto: “Provavelmente não.” Para ele, o modelo tradicional está com os dias contados, e o avanço da IA exige uma reinvenção completa da formação profissional.
Companheiros artificiais e o risco da solidão digital
Mesmo sendo um entusiasta da tecnologia, Altman demonstrou receio quanto aos chamados “AI companions” — sistemas criados para simular relacionamentos humanos. “Não sabemos ainda o tipo de impacto negativo que isso pode causar, mas é certo que haverá impactos”, alertou. A preocupação é que esses sistemas substituam conexões reais, enfraquecendo os vínculos humanos em nome da conveniência digital.
A privacidade também entra em cena. Altman defende que conversas com IAs deveriam ter o mesmo grau de confidencialidade que sessões com terapeutas. Sem isso, os usuários ficam vulneráveis a vazamentos, abusos e até processos.
O futuro segue impossível de prever — e é isso que o torna fascinante
Encerrando a entrevista, Altman compartilhou uma reflexão que resume sua visão sobre o progresso tecnológico: “Em 1900, era impossível imaginar como seria o mundo em 2000. E, em 2000, ficou ainda mais difícil prever como será 2100.” Para ele, a beleza da inovação está justamente nessa imprevisibilidade.
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