Locadoras de videogame e filmes: por que sentimos tanta falta delas?

Locadoras de videogame e filmes: por que sentimos tanta falta delas?

Você já sentiu aquela pontada de saudade ao lembrar das noites em que saía com os amigos ou a família para escolher um filme ou videogame na locadora? Aquele ritual de entrar na lojinha da esquina, com suas prateleiras cheias de capas coloridas, o cheiro de pipoca no ar e a emoção de decidir o que ia fazer sua noite especial?

As locadoras de filmes e videogames foram muito mais do que simples lojas – elas eram pontos de encontro, templos da cultura pop, onde memórias eram criadas. Hoje, com o streaming dominando tudo, por que ainda sentimos tanta falta delas? Vamos mergulhar nessa nostalgia e entender o que tornava essas lojas tão especiais.

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Se você cresceu nos anos 80, 90 ou até no começo dos 2000, sabe do que estou falando. Chegar na locadora era como entrar num mundo à parte. As paredes cobertas de pôsteres de Jurassic Park ou Super Mario 64, as seções organizadas por gênero – comédia, terror, ação – e até aquele cantinho meio misterioso com filmes “proibidos” que a gente espiava com curiosidade. Pegar uma caixinha de VHS ou DVD, ler a sinopse e discutir com os amigos se valia a pena levar Clube da Luta ou aquele jogo novo de PlayStation era quase uma aventura.

E tinha os funcionários, né? Sempre tinha aquele cara ou aquela garota que parecia saber tudo sobre cinema ou games. Eles te indicavam um filme obscuro que virava seu favorito ou te convenciam a alugar um jogo que você nunca teria escolhido sozinho. Era como ter um guia pessoal de entretenimento. Fora isso, a locadora era um lugar onde você encontrava amigos, vizinhos ou até aquele crush da escola, trocando ideias sobre o que assistir no fim de semana. Era uma experiência social, algo que o Netflix ou o Game Pass simplesmente não entrega hoje em dia, infelizmente. 

Por que a saudade bate tão forte?

Locadoras

Então, por que sentimos tanta falta disso tudo? Primeiro, tem a experiência tátil. Navegar pelas prateleiras, segurar as caixinhas, ler as sinopses – era quase como caçar um tesouro. Às vezes, você descobria um filme ou jogo que nunca teria encontrado num catálogo infinito de streaming. Lembra de alugar um filme meio aleatório só porque a capa parecia legal, e acabar apaixonado? Isso não acontece quando um algoritmo te sugere algo.

Depois, tinha o ritual. Escolher um filme ou jogo na locadora era um evento. Você planejava a noite, pegava uma pizza no caminho de casa, chamava os amigos ou a família e fazia daquele momento algo especial. Hoje, com milhares de opções na tela, a gente às vezes passa mais tempo escolhendo do que assistindo. E, claro, tinha a comunidade. A locadora era um lugar onde você via gente, conversava, trocava ideias. Hoje em dia muita gente divide essas memórias com carinho, falando de como sentem falta de encontrar amigos na loja ou de pedir dicas ao atendente.

Outro ponto é que as locadoras tinham uma curadoria natural. Não tinha um milhão de opções, então cada escolha parecia mais importante. Você pensava duas vezes antes de alugar Resident Evil ou Final Fantasy, porque era só por alguns dias. Isso dava um peso maior à experiência, algo que o acesso ilimitado do streaming não consegue replicar.

O que aconteceu com as locadoras e o que sobrou no lugar?

A verdade é que a tecnologia mudou o jogo. Quando a Netflix começou a enviar DVDs pelo correio nos anos 2000 e depois lançou o streaming, a ideia de sair de casa pra alugar um filme começou a parecer coisa do passado. A mesma coisa aconteceu com os videogames: plataformas como Xbox Game Pass e PlayStation Now trouxeram bibliotecas gigantes de jogos por uma assinatura mensal, sem precisar de uma loja física. Quem precisa de um cartucho ou disco quando você pode baixar tudo no conforto do sofá?

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Hoje, algumas alternativas tentam manter o espírito das locadoras, mas não é bem a mesma coisa. Embora algumas empresas ainda tentem opções como aluguel de jogos pelo correio ou até mesmo quiosques de aluguel de filmes, não chega nem perto da experiência de uma locadora de verdade. Algumas mais antigas ainda tentam resistir de forma independente, principalmente oferecendo filmes raros que não são encontrados no streaming, mas são uma exceção, e não regra. 

Plataformas como Netflix e Game Pass são incríveis pela conveniência, mas falta aquele toque humano, aquele sentimento de descoberta. Alguns fãs até sonham com ideias novas, como “cafés de locadora” onde você poderia alugar e assistir filmes em cabines, mas isso ainda é só uma ideia no ar.

Um legado que não esquecemos

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As locadoras não eram só lojas; elas moldaram a forma como vivemos a cultura pop. Gente como Quentin Tarantino, que trabalhou numa locadora antes de virar cineasta, diz que aquelas conversas com clientes e o acesso a filmes obscuros foram uma escola pra ele. Elas ensinaram gerações a amar cinema e videogames, a valorizar a escolha e a compartilhar momentos com quem estava por perto.

Hoje, enquanto rolo o catálogo infinito da Netflix ou baixo um jogo novo no Steam, às vezes sinto falta daquela emoção de entrar na locadora, escolher algo especial e planejar uma noite épica. Talvez o que a gente sinta falta, no fundo, não seja só das lojas, mas de um tempo em que o entretenimento era mais físico, mais comunitário, mais humano. Será que dá pra trazer isso de volta, mesmo que de um jeito novo? Ou será que as locadoras vão ficar pra sempre como uma memória gostosa de um passado que não volta mais?

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