Polêmicas da Ubisoft: Qual é o verdadeiro problema dos seus jogos atuais?

Polêmicas da Ubisoft: Qual é o verdadeiro problema dos seus jogos atuais?

A Ubisoft, uma gigante do mercado de games conhecida por franquias como Assassin’s Creed e Far Cry, vem enfrentando uma onda de críticas e resultados financeiros decepcionantes nos últimos anos. De Star Wars: Outlaws a Assassin’s Creed Shadows, a empresa tem colecionado controvérsias, desde problemas técnicos até decisões de design que afastaram parte de sua base de fãs.

Mas qual é o verdadeiro motivo por trás dessa crise? Seria a percepção do público, as escolhas internas da empresa ou simplesmente um mercado de jogos cada vez mais exigente? Neste artigo, exploramos as principais polêmicas recentes da Ubisoft e tentamos entender o que está acontecendo com essa desenvolvedora que já foi sinônimo de inovação.

O fracasso comercial de Star Wars: Outlaws

Star Wars Outlaws

Star Wars: Outlaws era esperado como um grande marco para a Ubisoft, prometendo um mundo aberto vibrante no universo de Star Wars. No entanto, o jogo não atingiu as expectativas de vendas, e a empresa apontou o dedo para a suposta falta de popularidade da franquia Star Wars. Essa justificativa, porém, ignora o sucesso de projetos recentes como The Mandalorian e Andor, que reacenderam o entusiasmo dos fãs.

Apesar de receber críticas razoáveis, com uma média de 75 no Metacritic e elogios por sua ambientação imersiva e design visual deslumbrante, o jogo não alcançou as vendas esperadas. Problemas técnicos no lançamento, como bugs e mecânicas de stealth frustrantes, contribuíram para a recepção morna, afastando jogadores que esperavam uma experiência mais polida.

Além disso, a Ubisoft parece não reconhecer que o próprio design do jogo pode ter contribuído para o desempenho fraco. Missões repetitivas e a falta de profundidade emocional na narrativa foram pontos frequentemente criticados. Em vez de assumir a responsabilidade por esses problemas, a empresa optou por culpar fatores externos, como a percepção do público sobre a marca Star Wars. Essa postura gerou descontentamento entre os fãs, que esperavam um jogo mais polido e inovador, especialmente considerando o alto investimento em uma licença tão prestigiada.

Controvérsias em Assassin’s Creed Shadows

Assassin’s Creed Shadows

Outro ponto de atrito foi Assassin’s Creed Shadows, que sofreu adiamento no lançamento após o desempenho abaixo do esperado de Outlaws. Uma das maiores polêmicas envolveu a inclusão de Yasuke, um samurai negro, como um dos protagonistas, o que gerou críticas de alguns fãs que questionaram a precisão histórica em um jogo ambientado no Japão feudal. Apesar de Assassin’s Creed nunca ter sido fiel à história de forma rigorosa, a escolha foi vista por alguns como uma tentativa de forçar diversidade, enquanto outros a defenderam como uma decisão criativa válida. A Ubisoft respondeu afirmando que busca criar jogos para um público amplo, sem promover agendas específicas, mas a controvérsia continuou alimentando debates online.

Além disso, o adiamento de Shadows foi motivado pela necessidade de polir o jogo, uma decisão influenciada pelas lições de Outlaws. A empresa admitiu que problemas técnicos e de jogabilidade precisavam ser resolvidos para garantir uma experiência de qualidade no lançamento. No entanto, a percepção de que a Ubisoft está mais focada em apaziguar críticas do que em inovar levantou questionamentos sobre sua capacidade de ouvir os jogadores e entregar algo que realmente surpreenda.

Microtransações: Um modelo polêmico

Ubisoft

A Ubisoft também enfrentou críticas por sua abordagem agressiva às microtransações, especialmente em jogos de preço cheio como Assassin’s Creed e Star Wars: Outlaws. A empresa chegou a afirmar que essas compras adicionais, como skins ou itens que aceleram o progresso, tornam os jogos “mais divertidos”. Essa declaração, feita em um relatório financeiro, foi recebida com ceticismo e indignação por muitos jogadores, que veem as microtransações como uma prática gananciosa, especialmente em títulos que já custam caro.

O problema se agrava em jogos single-player, onde a inclusão de lojas de microtransações parece desnecessária e intrusiva. Títulos como Assassin’s Creed Origins e Valhalla foram criticados por oferecer pacotes de itens que, embora opcionais, criam a sensação de que o jogo base é incompleto. Essa estratégia tem afastado fãs leais, que sentem que a Ubisoft prioriza monetização em vez de uma experiência completa e satisfatória. A insatisfação foi tão grande que até o diretor de monetização da empresa expressou tristeza com a percepção negativa dos jogadores.

Problemas técnicos e a percepção de qualidade

Ubisoft

Outro fator que tem manchado a reputação da Ubisoft é a recorrência de problemas técnicos em seus lançamentos. Star Wars: Outlaws sofreu com bugs e falhas de desempenho, enquanto jogos mais antigos, como Assassin’s Creed Origins, foram afetados por atualizações do Windows 11 que tornaram alguns títulos injogáveis. Essas questões técnicas alimentaram campanhas de “review bombing” no Steam, com milhares de análises negativas refletindo a frustração dos jogadores.

A Ubisoft reconheceu que os jogadores estão mais sensíveis à qualidade, mas sua resposta muitas vezes parece culpar o público por “expectativas extraordinárias” em vez de abordar as falhas internas. Por exemplo, o CEO Yves Guillemot sugeriu que críticas organizadas nas redes sociais e plataformas como o Steam prejudicam a reputação da empresa, mas não detalhou como a Ubisoft planeja melhorar seus processos de desenvolvimento para evitar esses problemas. Essa falta de autocrítica tem reforçado a percepção de que a empresa está desconectada de sua base de fãs.

E o futuro da Ubisoft?

O desempenho financeiro da Ubisoft reflete essas dificuldades. A empresa registrou uma queda de 51,8% nas reservas líquidas no terceiro trimestre do ano fiscal de 2024-2025, com uma redução significativa nas microtransações e compras de DLC. Star Wars: Outlaws vendeu menos de 1 milhão de cópias no período esperado, e Assassin’s Creed Shadows enfrenta pressão para ser um sucesso que reverta essa tendência. A Ubisoft também viu seu preço de ações despencar, atingindo o menor valor em uma década, o que levou investidores a questionarem a direção estratégica da empresa.

Diante disso, a Ubisoft anunciou medidas como uma revisão interna de suas operações e a volta de seus jogos ao Steam, começando com Shadows, na tentativa de alcançar um público maior. No entanto, sem uma mudança significativa em sua abordagem — como investir em inovação, reduzir a dependência de microtransações e priorizar a qualidade no lançamento —, a empresa corre o risco de continuar alienando sua base de fãs. O futuro da Ubisoft depende de sua capacidade de ouvir as críticas e entregar jogos que recuperem a confiança dos jogadores, algo que franquias como Assassin’s Creed e Rainbow Six já provaram ser possível no passado.

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