Qual foi a primeira vez que o termo “Inteligência Artificial” foi usado?

Qual foi a primeira vez que o termo “Inteligência Artificial” foi usado?

O termo “Inteligência Artificial” foi usado oficialmente pela primeira vez em 31 de agosto de 1955, no documento que propunha a realização de uma conferência no verão do ano seguinte.

“Propomos que um estudo sobre inteligência artificial, com duração de dois meses e participação de dez pessoas, seja realizado durante o verão de 1956 no Dartmouth College, em Hanover, New Hampshire. O estudo deve partir da hipótese de que todo aspecto do aprendizado — ou qualquer outra característica da inteligência — pode, em princípio, ser descrito com tamanha precisão que uma máquina possa ser criada para simulá-lo”, diz o trecho inicial do documento.

O documento foi assinado em conjunto por 4 figuras centrais: John McCarthy (então professor em Dartmouth), Marvin Minsky (de Harvard), Nathaniel Rochester (da IBM) e Claude Shannon (dos Bell Labs). 

A Conferência de Dartmouth de 1956

McCarthy, Minsky, Rochester e Shannon – que propuseram o workshop em 1955

Esse encontro ficou conhecido como Conferência de Dartmouth, realizada entre 18 de junho e 17 de agosto de 1956 no Dartmouth College, Hanover, New Hampshire.

Essa conferência foi uma sessão de brainstorming de oito semanas que reuniu os principais pesquisadores da época para explorar a possibilidade de criar máquinas pensantes.

A IA antes do termo amplamente famoso

Antes da Conferência de Dartmouth, a busca por máquinas inteligentes já estava em andamento, impulsionada pelo otimismo científico do pós-guerra e pelos avanços na computação.  Até mesmo o termo que hoje vemos à exaustão poderia ter sido outro.

Conforme lembrado no livro “A História da Inteligência Artificial Para Quem Tem Pressa”, de Peter J. Bentley, no início da década de 1950 o conceito de computadores que pudessem pensar era chamado por alguns de cibernética, enquanto outros prefeririam processamento de informações ou teoria dos autômatos. O uso do termo inteligência artificial para condensar o que seriam as discussões da conferência de Dartmount foi escolhido justamente para evitar associações diretas com outros nomes, como cibernética.

Mas por que não seguir com o termo cibernética?

Primeiro vamos estabelecer do que se tratava isso.

Cibernética foi cunhado pelo filósofo e matemático Norbert Wiener em 1948 para descrever “a ciência do controle e da comunicação no animal e na máquina”. O foco da Cibernética era como um sistema usa informações sobre suas ações para se autorregular.

O exemplo mais notável foram as “tartarugas” robóticas do neurobiólogo William Grey Walter, Elsie e Elmer.

 

the cybernetic tortoise

Construídas no final dos anos 1940 com um sistema nervoso de apenas duas válvulas, elas exibiam comportamentos complexos e imprevisíveis, como desviar de obstáculos e procurar uma fonte de luz para recarregar suas baterias. Walter descreveu seu comportamento como tendo uma aparência de “livre-arbítrio”. 

Em busca da efetividade

John McCarthy, diretamente responsável pela Conferência de Dartmouth acontecer e por cunhar o termo inteligência artificial, optou por esse novo termo para escapar da associação direta com “cibernética’”; por tabela o novo termo tirava de Norbert Wiener o protagonismo, garantindo mais liberdade e um novo olhar sobre as bases do estudo. 

Como explica Stuart Russel e Peter Norvig, em “Inteligência Artificial – Uma Abordagem Moderna”, a Conferência de Dartmouth não trouxe nenhuma grande novidade, mas ela foi fundamental para reunir no mesmo espaço, e permitir a interação, pessoas que se transformariam em personagens importantes em torno do desenvolvimento da inteligência artificial, como o próprio John McCarthy, Marvin Minsky, Claude Shannon, Allen Newell e Trenchard More.

A escolha de John McCarthy por inteligência artificial casou com a sua ideia de vir com uma nova abordagem em torno da criação de máquinas inteligentes. 

Ao se afastar da tradição da cibernética, que privilegiava a interação sensório-motora e os mecanismos de feedback como base do comportamento, McCarthy propôs uma disciplina voltada para simular a cognição humana em alto nível, com foco na resolução de problemas, inferência e aprendizagem.

Como dizia McCarthy, “nosso objetivo final é fazer programas que aprendam com suas experiências de maneira tão efetiva quanto os humanos”.

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