
Se o cérebro é um computador biológico, a IA pode fazer tudo o que fazemos, afirma cofundador da OpenAI
Durante uma cerimônia na Universidade de Toronto, Ilya Sutskever, cofundador da OpenAI e um dos arquitetos por trás do ChatGPT, lançou uma provocação que ressoa no coração do debate sobre o futuro da inteligência artificial:
“O cérebro é um computador biológico. Se é assim, por que um computador digital não poderia fazer o mesmo que nós?”
A declaração foi feita enquanto ele recebia o título de Doutor Honoris Causa em Ciências, concedido pela universidade canadense em reconhecimento à sua trajetória e contribuição pioneira ao avanço da IA.
Sutskever, que já foi braço direito de Geoffrey Hinton e trabalhou ao lado de Sam Altman na fundação da OpenAI, é hoje uma das vozes mais respeitadas — e também mais inquietas — da comunidade científica. Atualmente, ele lidera a startup Safe Superintelligence Inc (SSI), dedicada à criação de sistemas de IA que priorizem segurança e alinhamento ético.
“A IA fará tudo o que fazemos” — e não apenas tarefas isoladas
Em seu discurso, Sutskever reforçou uma ideia que vem defendendo há anos: a inteligência artificial, ao replicar estruturas e princípios do cérebro humano, será capaz de executar todas as tarefas cognitivas que realizamos hoje. Não apenas algumas.
“A IA vai evoluir — devagar ou talvez não tão devagar assim — até fazer tudo o que fazemos”, afirmou com a confiança de quem acompanha essa transformação desde os primeiros experimentos com redes neurais.
A comparação entre o cérebro humano e um “computador biológico” não é nova, mas ganha força quando articulada por uma mente que ajudou a moldar o cenário moderno da IA. Ao visualizar a IA como um “cérebro digital”, Sutskever sugere que o destino da tecnologia não é substituir apenas atividades operacionais, mas sim participar de decisões complexas, criação de conhecimento e, possivelmente, da própria evolução científica.
A tensão entre avanço e segurança
A fala de Sutskever surge em um momento crítico para o setor. Com o crescimento acelerado de modelos como GPT, Claude e Gemini, crescem também as preocupações sobre uso ético, desinformação e riscos para o mercado de trabalho.
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Em entrevistas recentes, ele já havia demonstrado inquietação com o desenvolvimento de IAs superinteligentes sem mecanismos robustos de controle, um dos motivos pelos quais deixou a OpenAI para fundar a SSI, em maio de 2024.
Um dos maiores nomes da IA moderna
Nascido na Rússia e criado em Israel, Ilya Sutskever fez doutorado sob orientação de Geoffrey Hinton e rapidamente se destacou por seu trabalho em deep learning. Juntos, eles publicaram estudos fundamentais sobre redes neurais, que mais tarde se tornariam a espinha dorsal de sistemas como o ChatGPT.
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Seu legado inclui não apenas contribuições técnicas, mas uma visão filosófica provocadora: a de que a IA, longe de ser uma ferramenta auxiliar, poderá vir a se tornar uma extensão da própria cognição humana.
Na conclusão de seu discurso, Sutskever resumiu sua crença com a precisão de um algoritmo:
“Esse é o resumo de por que a IA poderá fazer tudo isso: porque temos um cérebro, e um cérebro é um computador biológico.”
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