O acessório do Game Boy que permitia imprimir fotos, selos e postais, e você talvez nem sabia que existia

Imagine viver nos anos 90, cercado de fitas K7, locadoras e videogames portáteis monocromáticos. A internet ainda engatinhava e redes sociais eram coisa de ficção científica. Mesmo assim, a Nintendo já brincava com uma ideia diferentona: uma impressora para o seu famoso portátil Game Boy.

Esse era exatamente o conceito da Game Boy Printer, um acessório lançado em 1998 que, por mais absurdo que pareça hoje, permitia imprimir fotos, selos e até postais direto da telinha do Game Boy. E se você acha que ela servia só para fotos, se enganou. Esse gadget ia além: imprimia diplomas, recordes, ilustrações secretas e até postais de Donkey Kong.

Uma impressora portátil, movida a pilha, que não precisava de tinta

A proposta era ousada. Pequena, leve e dependente de seis pilhas AA, a Game Boy Printer funcionava sem uma gota de tinta. Usava papel térmico, o mesmo sistema de maquininhas de cartão e calculadoras de supermercado — só que aqui, o resultado saía em formato de adesivos pixelados.

Bastava conectar o acessório na porta link do Game Boy usando um cabo próprio e, em segundos, suas criações ganhavam vida no papel. Cada impressão saía com 27×23 mm, praticamente uma miniatura, porém suficiente para selfies feitas na Game Boy Camera ou ícones de personagens famosos da Nintendo.

Entre as possibilidades mais populares estavam:

• Fotos tiradas com a Game Boy Camera

• Diplomas da Pokédex em Pokémon Yellow, Gold, Silver e Crystal

• Postais colecionáveis de Donkey Kong Country

• Ícones secretos de Super Mario Bros. Deluxe e Zelda: Link’s Awakening DX

O conceito era simples, mas absolutamente cativante.

Como ela funcionava (e o que podia sair dali)

Nintendo Game Boy Printer
byu/bassaleh innostalgia

O funcionamento era quase artesanal. O papel adesivo vinha em pequenos rolos, nas cores branca, azul, vermelha e amarela, e permitia imprimir de 100 a 180 imagens, dependendo do uso.

Tudo era gerado a partir da mesma resolução do Game Boy: 160×144 pixels, o que garantia aquele charme pixelado inconfundível. E sim, a impressora era livre de bloqueio regional, funcionando em qualquer Game Boy do mundo.

Porém, existia um vilão nesse enredo: o papel térmico. Com o tempo, ele simplesmente se autodestrói, desbotando até sumir por completo.

O papel sumiu. E agora?

Se você encontrar uma Game Boy Printer hoje, muito provavelmente o rolo original estará amarelado, sem cola ou simplesmente inutilizável. Isso porque a Nintendo encerrou a produção do papel oficial em 2007.

A boa notícia é que há solução. Muitos colecionadores usam papel térmico comum, do tipo 38 mm, encontrado facilmente em rolos para calculadoras e maquininhas. Basta cortar nas medidas certas para que funcione perfeitamente.

A alternativa mais buscada é o Seiko S-950, que encaixa como uma luva na impressora da Nintendo, embora não seja adesivo, o que tira parte do charme original.

Afinal… vendeu bem?

My GAMEBOY Printer is alive and well.
byu/aligumble inGameboy

Não exatamente. Enquanto o Game Boy ultrapassou a marca de 118 milhões de unidades vendidas, a Game Boy Printer ficou na casa de menos de 2 milhões. Um fracasso? Não. Mas claramente um nicho — e caro para época.

Os motivos para isso eram claros até demais:

• Poucos jogos compatíveis

• Dependência constante de pilhas e papel extra

• Preço salgado para uma função extremamente específica

Edições especiais e a versão que todo colecionador sonha

No Japão, a Nintendo lançou uma versão ainda mais peculiar: a Pocket Printer Pikachu, toda amarela e decorada com o mascote elétrico mais famoso do mundo. Exclusiva do mercado japonês, virou um item de desejo absoluto entre colecionadores.

Além disso, a empresa chegou a produzir rolos de papel em cores variadas, permitindo que as impressões preto e branco ganhassem fundos vibrantes — um toque de personalização que fazia diferença.

Jogos compatíveis: bem mais do que você imagina

Se engana quem pensa que só Pokémon e Mario tinham suporte. A lista oficial inclui dezenas de jogos, alguns simplesmente bizarros:

• Game Boy Camera

• Pokémon Yellow, Gold, Silver, Crystal

• Super Mario Bros. Deluxe

• Zelda: Link’s Awakening DX

• Donkey Kong Country

• Pokémon Trading Card Game

• Pokémon Pinball

• Tony Hawk’s Pro Skater 2

• Austin Powers: Oh, Behave!

• Perfect Dark

• Harvest Moon 2

• Logical

• Disney’s Tarzan

• Little Nicky — com direito a imprimir imagens do próprio Satanás, o pai do protagonista no filme de Adam Sandler.

Sim, você leu certo.

A Game Boy Printer virou lenda. E com razão.

O fracasso comercial nunca impediu a Game Boy Printer de se tornar um dos acessórios mais cultuados da história dos games. Seu conceito, meio absurdo, meio genial, encapsula perfeitamente aquele espírito da Nintendo de simplesmente… experimentar.

Hoje, ela não é apenas uma peça de hardware. É um símbolo da criatividade desenfreada de uma época onde tecnologia, diversão e um pouco de loucura caminhavam juntos.

Aliás… se acha que já viu tudo que dá pra fazer com um Game Boy, prepare-se. Teve quem resolveu fotografar carros usando uma Game Boy Camera e ficou genial. Clique abaixo para ler:

Homem usa câmera do Game Boy para fotografar carros — o resultado é nostálgico e incrível!