O que é O Eternauta, série da Netflix que virou fenômeno global

O Eternauta, série argentina lançada mundialmente pela Netflix no dia 30 de abril, rapidamente conquistou o público e se tornou um sucesso em vários países. Estrelada por Ricardo Darín, a trama mistura ficção científica, crítica social e elementos históricos em um cenário apocalíptico ambientado em Buenos Aires.

A série é inspirada na clássica HQ homônima de Héctor Germán Oesterheld e Francisco Solano López, considerada um dos pilares da ficção latino-americana. Atualmente, a HQ de O Eternauta está disponível no Brasil por uma edição lançada em novembro de 2024 pelo Pipoca e Nanquim.

Uma nevasca que mata ao tocar a pele

A história começa com um colapso total: energia e comunicação somem, e uma misteriosa nevasca branca cobre a cidade. Mas a neve não é apenas fria — ela é mortal. Quem encosta em um único floco, morre.

Nesse cenário caótico, Juan Salvo (Darín) se junta a um grupo de sobreviventes para entender a ameaça e resistir. O que começa como um drama pessoal — proteger a filha — se transforma numa luta coletiva por sobrevivência e sentido.

HQ clássica com raízes políticas profundas

Publicada entre 1957 e 1959, a HQ original de O Eternauta é muito mais do que uma história de alienígenas. Trata-se de uma metáfora poderosa sobre opressão, autoritarismo e o valor da solidariedade.

Seu criador, Oesterheld, foi sequestrado e morto pela ditadura militar argentina em 1977. Suas quatro filhas e três genros também foram assassinados. Essa tragédia pessoal dá à obra uma profundidade que ressoa até hoje, especialmente em tempos de retrocessos democráticos.

Adaptação moderna e personagens repaginados

Com direção de Bruno Stagnaro, a série, disponível em 6 episódios, atualiza o enredo para os dias de hoje, sem perder sua essência. Além de Darín, o elenco inclui Carla Peterson, César Troncoso, Mora Fisz e outros nomes fortes do audiovisual argentino.

Vários personagens foram criados ou reformulados para expandir as emoções e reforçar temas contemporâneos. A filha de Juan Salvo, por exemplo, ganha papel de destaque como força emocional e símbolo de renovação.

De símbolo pop a símbolo de resistência

Na Argentina, O Eternauta é mais do que cultura pop — é parte da memória coletiva. O personagem Juan Salvo representa o cidadão comum que resiste mesmo sem superpoderes, improvisando, lutando, sobrevivendo.

A série atual não se limita a homenagear a HQ: ela a expande para um público global. E faz isso em um momento político delicado, o que torna sua mensagem ainda mais relevante.

Sucesso internacional

Desde a estreia, O Eternauta lidera o ranking da Netflix em pelo menos 20 países. A série é destaque em mercados da América Latina, Europa e Turquia. A plataforma também já deu sinal verde para a segunda temporada.

Os episódios finais sugerem viagens no tempo, multiverso e realidades alternativas. A trama está só começando a se expandir.

Um clássico que encontrou sua hora

Foram décadas de tentativas frustradas de adaptar O Eternauta para cinema ou TV. Só agora, com a força do streaming a obra finalmente ganhou fôlego internacional.

O recado, no fim, é claro: em tempos sombrios, resistir juntos é o caminho. E esse é exatamente o espírito de O Eternauta — um lembrete de que, mesmo diante do caos, a coletividade ainda pode salvar o que resta de humanidade.