Com menos hype e mais catálogo, Prime Video ameaça roubar a liderança da Netflix no Brasil

A guerra pelo controle remoto do brasileiro está mais acirrada do que nunca. No campo de batalha das plataformas de streaming, onde cada clique vale ouro e cada assinatura é disputada com unhas e dentes, um novo cenário começa a se desenhar no horizonte. A Netflix, por anos soberana e praticamente imbatível no mercado nacional, agora vê sua coroa ameaçada por um concorrente que cresceu à sombra: o Prime Video da Amazon. Sem alarde ou grandes campanhas publicitárias, mas com um catálogo cada vez mais robusto e estratégias comerciais certeiras, o serviço da gigante do e-commerce está a poucos passos de realizar o que parecia impossível há alguns anos: ultrapassar a pioneira do streaming no Brasil.

Um relatório recente da JustWatch, plataforma que analisa o comportamento de mais de 4 milhões de usuários mensais no país, revela números que acendem o alerta vermelho para a Netflix. A diferença entre as duas plataformas, que já foi confortável, agora é de apenas 2 pontos percentuais. E o mais preocupante: enquanto o Prime Video avança, a Netflix retrocede. Uma tendência que, se mantida, pode reconfigurar completamente o mercado de streaming nos próximos meses.

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A nova configuração do streaming brasileiro

Segundo os dados da JustWatch referentes ao primeiro trimestre de 2025, a Netflix ainda mantém a liderança no Brasil com 23% de participação de mercado. Porém, o Prime Video alcançou 21%, encurtando dramaticamente a distância que já foi de cinco pontos percentuais nos últimos meses de 2024.

No pódio das plataformas, a Disney+ aparece em terceiro lugar com 15%, seguida pela Max (antiga HBO Max) com 12% e o Globoplay, representante nacional, com 11%. Completam o ranking a Apple TV+ (6%), Paramount+ (4%) e MUBI (3%), além de outros serviços menores que somam 5%.

O dado mais alarmante para a Netflix é que ela foi a plataforma que mais perdeu participação no primeiro trimestre (-2%), justamente quando seu principal concorrente mostrou crescimento. Essa perda de tração também afetou outros serviços como Max, MUBI e Apple TV+, enquanto Prime Video, Paramount+, Globoplay e Disney+ seguem em ascensão.

Os números por trás da disputa

A pesquisa da JustWatch não utiliza dados de assinantes ou visualizações, mas sim a popularidade das plataformas baseada em ações como pesquisa, adição às listas de interesse e filtros criados pelos usuários. Mesmo assim, oferece um retrato fiel do comportamento do consumidor brasileiro.

As cinco principais plataformas (Netflix, Prime Video, Disney+, Max e Globoplay) concentram mais de 80% do interesse por streaming no país, o que mostra que, apesar da diversidade de opções, o mercado ainda é dominado por um grupo seleto de serviços.

No entanto, o que mais chama atenção é a velocidade com que o Prime Video se aproxima da líder. Há poucos meses, a diferença entre as duas plataformas era de cinco pontos percentuais. Agora, com apenas 2% separando-as, a liderança histórica da Netflix está seriamente ameaçada pela primeira vez.

Estratégias que estão funcionando

A ascensão do Prime Video no Brasil não aconteceu por acaso. A plataforma da Amazon tem investido em estratégias eficientes para conquistar o público brasileiro. Um dos principais diferenciais é o preço: a assinatura custa R$ 19,90 mensais e inclui vantagens adicionais nas compras da loja online, tornando-se uma opção economicamente atrativa.

Outro ponto forte tem sido a aposta em direitos esportivos. O Prime Video agora transmite jogos da Copa do Brasil e da Série A do Campeonato Brasileiro, atendendo a uma demanda nacional pelo futebol. Essa estratégia de agregar conteúdo esportivo ao catálogo de filmes e séries tem se mostrado certeira para conquistar novos usuários.

A plataforma também tem investido em produções originais brasileiras e em um catálogo cada vez mais diversificado, com filmes recentes e séries exclusivas. Sem fazer muito alarde, o serviço vem construindo uma presença sólida no mercado brasileiro, apostando mais no conteúdo e menos no marketing exagerado.

Por que a Netflix está perdendo espaço

Enquanto o Prime Video avança, a Netflix enfrenta uma série de desafios. O principal deles é o aumento de preços. Em maio de 2024, a plataforma reajustou seus valores no Brasil, com o plano mais básico (Padrão com Anúncios) chegando a R$ 20,90 – já mais caro que a assinatura do Prime Video.

Além disso, a concorrência muito mais robusta do que há alguns anos força a Netflix a dividir a atenção dos espectadores. O período em que ela reinava praticamente sozinha no mercado de streaming acabou, e agora cada minuto de tela é disputado com diversas outras opções.

A política de cancelamento de séries que não atingem métricas esperadas também tem gerado insatisfação entre os assinantes, que muitas vezes se veem órfãos de produções que acompanhavam. Essa estratégia, embora possa fazer sentido financeiramente, cria uma relação de desconfiança com o público.

O crescimento surpreendente do Paramount+

Embora o foco esteja na disputa entre Netflix e Prime Video, outro fenômeno chama atenção no relatório da JustWatch: o crescimento expressivo do Paramount+. A plataforma dobrou sua participação no mercado em apenas um ano, saltando de 2% para 4%.

Este crescimento tem uma explicação clara: os direitos de transmissão de competições de futebol como a CONMEBOL Libertadores e a Sul-americana. O dado reforça como o conteúdo esportivo, especialmente o futebol, segue sendo um diferencial poderoso no mercado brasileiro de streaming.

O caso do Paramount+ funciona como um alerta para todas as plataformas: no Brasil, investir em esportes pode ser um caminho mais rápido para conquistar assinantes do que apenas oferecer filmes e séries, por melhor que seja este catálogo.

Você já percebeu essa mudança no mercado? Compartilhe nos comentários qual plataforma de streaming você considera a melhor atualmente e por quê. Seu feedback pode ajudar outros leitores a fazerem escolhas mais informadas em um mercado cada vez mais competitivo.