Robôs correm pela primeira vez ao lado de humanos em meia maratona na China

Robôs correm pela primeira vez ao lado de humanos em meia maratona na China

Pela primeira vez na história, robôs humanoides participaram oficialmente de uma meia maratona ao lado de corredores humanos. O evento aconteceu em Pequim, na China, durante a Yizhuang 2025 Half Marathon, e marcou um avanço impressionante na integração entre robótica e mobilidade real.

O grande destaque foi o robô Tiangong, que completou os 21 km da prova em 2 horas, 40 minutos e 42 segundos. Com 1,80 metro de altura e pernas longas com estrutura reforçada, o humanoide cruzou a linha de chegada como o vencedor entre os 21 robôs inscritos.

Robôs e humanos dividiram o percurso

A maratona adotou um formato especial: humanos e máquinas correram em faixas separadas, mas simultaneamente. Ao todo, 9.000 pessoas participaram da corrida, enquanto 21 robôs competiram na categoria paralela, representando empresas chinesas como DroidVP, Noetix Robotics, Humanoid, Leju e Songyan Power.

Entre os modelos estavam o Tiangong Ultra, o Unitree G1, o N2 e o compacto Xiaojuren, com apenas 75 cm de altura. Cada robô era acompanhado por um operador humano responsável por ajustes durante a prova — o que incluiu trocas de bateria, manobras de estabilização e suporte emergencial.

O desafio de correr sendo uma máquina

Fazer um robô correr de forma estável por mais de 20 km não é tarefa simples. As equipes precisaram criar soluções criativas para lidar com impacto constante nas articulações, superaquecimento e consumo excessivo de energia.

Algumas estratégias adotadas incluíram:

  • Estruturas mais leves e resistentes;

  • Sistemas de ventilação e dissipação de calor;

  • Tênis esportivos customizados para robôs;

  • Navegação semi-autônoma com assistência remota.

O próprio Tiangong teve que trocar de bateria três vezes durante a prova. Ainda assim, manteve uma média de velocidade entre 7 e 8 km/h – um salto notável, considerando que na edição anterior ele servia apenas como “marcador de ritmo” a 6 km/h.

Nem todos chegaram ao fim

Apesar do alto número de inscritos, apenas três ou quatro robôs conseguiram manter o ritmo até o final. Alguns caíram, colidiram com obstáculos ou precisaram ser retirados da pista. Em um dos casos, um robô com “rosto humano” colidiu com uma grade e chegou a derrubar uma corredora humana. A maior parte ainda carece de melhorias para se tornarem competidores consistentes.

O robô N2, da Noetix, teve duas versões na prova: uma mais veloz e outra com parâmetros “mais humanos”. Ambas ficaram entre os primeiros colocados, e o N2 “mais humano” conseguiu até ultrapassar o robô da DroidUp — apelidado por alguns de “boxeador” por causa dos seus grandes braços com luvas.

Tecnologia de ponta em todos os lados

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Além dos robôs, a corrida também serviu como vitrine para a indústria chinesa de tecnologia. Drones acompanharam a prova do alto, enquanto carros elétricos da Xiaomi deram suporte logístico no trajeto.

O robô Tiangong Ultra foi desenvolvido pelo Centro de Inovação de Robótica Humana de Pequim, um projeto que envolve duas empresas estatais, a Xiaomi e a fabricante UBTech. Segundo os desenvolvedores, o treinamento do robô envolveu machine learning baseado em dados reais de atletas, o que ajudou a refinar sua postura, equilíbrio e cadência.

“Nosso objetivo é que esses robôs consigam operar com segurança em ambientes de alto risco para humanos”, explicou Xiong Youjun, CEO da Humanoid. Eles acreditam que no futuro os humanoides poderão até manipular objetos enquanto correm.

Humanos ainda lideram

Mesmo com todo esse avanço, os resultados mostram que a biomecânica humana ainda está bem à frente. O vencedor entre os humanos, o etíope Elias Desta, completou a prova em 1 hora e 2 minutos. A campeã feminina, a chinesa Pan Yuancheng, chegou em 1h19min. Ambos com mais de uma hora de vantagem sobre Tiangong.

Apesar disso, ver um robô de 1,80 metro trotando pelas avenidas de Pequim despertou a curiosidade do público. Muitos corredores pararam para tirar selfies ao lado da máquina, que corria em pista paralela.

China aposta alto na robótica

O evento foi promovido como um experimento extremo para testar hardware, software e algoritmos de movimentação em ambientes reais. “Queremos que a robótica se integre ao cotidiano. Esta prova foi só o começo”, declarou Liu Li, vice-diretora do distrito econômico-tecnológico de Pequim.

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