Trump: chips mais poderosos da NVIDIA serão exclusivos para os EUA

Donald Trump anunciou em entrevista à CBS no domingo (2 de novembro) que o governo americano restringirá a venda dos chips Blackwell da NVIDIA — os semicondutores mais avançados para inteligência artificial — exclusivamente a empresas norte-americanas. China e outros países ficarão impedidos de adquirir a tecnologia.

“Os mais avançados não permitiremos que ninguém além dos Estados Unidos os tenha. Não damos o chip Blackwell a outras pessoas”, declarou Trump a bordo do Air Force One.

Restrição inclui aliados

A proibição não é seletiva apenas para a China. Trump indicou que versões menos avançadas poderão ser vendidas ao exterior, mas o acesso aos chips de última geração permanecerá restrito ao território americano e suas empresas.

A medida contrasta com anúncios recentes da NVIDIA. A empresa confirmou em outubro a entrega de mais de 260 mil chips Blackwell para a Coreia do Sul, beneficiando fabricantes como Samsung Electronics. A aplicação imediata das novas restrições a esses compromissos permanece indefinida.

O chip em questão

O Blackwell é o processador de IA mais potente já desenvolvido. Lançado este ano, gerou US$ 11 bilhões em receita em seu primeiro trimestre — o maior lançamento de produto na história da Nvidia. A demanda global excede a capacidade produtiva atual.

A restrição afeta diretamente a Nvidia, que em 2024 reportou receitas de US$ 60,9 bilhões, com as operações internacionais representando parcela significativa.

Marco legal em andamento

A declaração presidencial não traduz ainda em regulamentação formal. O Departamento de Comércio americano trabalha desde julho em novas restrições de exportação para semicondutores de IA, conforme anunciado pelo governo em seu Plano de Ação em Inteligência Artificial.

Espera-se que as limitações sejam codificadas em regulações nos próximos dias, com implementação de verificações de localização de chips em tempo real para garantir que equipamentos não sejam reexportados de países terceiros.

Contexto geopolítico

A ação insere-se na estratégia de contenção tecnológica americana. O governo dos EUA já vinha bloqueando a venda de semicondutores avançados à China desde 2022, com expansão progressiva das restrições. A proibição do Blackwell, em específico, amplia o escopo dessas barreiras.

A China respondeu, em julho de 2025, restringindo as exportações de certos minerais críticos utilizados na fabricação de semicondutores, numa escalada de medidas protecionistas tecnológicas entre as duas potências.

A NVIDIA ainda não se pronunciou sobre as implicações das restrições em seus planos de produção ou distribuição.