Museu do Louvre usava ‘LOUVRE’ como senha do sistema de videovigilância, revela auditoria
Museu do Louvre usava ‘LOUVRE’ como senha do sistema de videovigilância, revela auditoria
Uma auditoria revelou que o Louvre, museu mais visitado do mundo, utilizava “LOUVRE” como senha do sistema de videovigilância, informa a BBC. A falha, identificada em 2014 pela Agência Nacional de Segurança de Sistemas de Informação da França (ANSSI), permaneceu sem correção adequada por mais de uma década e veio à tona após o roubo de joias da coroa francesa avaliadas em €88 milhões (R$ 545 milhões, em conversão direta.) em 19 de outubro de 2025.
Senhas triviais e sistemas obsoletos
Os especialistas da ANSSI conseguiram infiltrar a rede de segurança do museu usando credenciais que a agência classificou diplomaticamente como “triviais”. Bastava digitar “LOUVRE” para acessar o servidor de vigilância por vídeo ou “THALES” para entrar em softwares fornecidos pela empresa francesa Thales, conforme reportou o jornal Libération com base em documentos confidenciais obtidos pelo grupo CheckNews.
A auditoria de 2014 revelou problemas ainda mais graves: computadores rodando Windows 2000 e Windows Server 2003 (descontinuado desde 2015), antivírus desatualizados e sistemas sem proteção por senha. Em 2025, o Louvre ainda operava com software de segurança comprado em 2003, sem suporte do desenvolvedor.
O assalto em plena luz do dia
No domingo, 19 de outubro, quatro criminosos disfarçados de operários de construção usaram plataforma elevatória e ferramentas elétricas para invadir a Galeria de Apolo. Em menos de dez minutos, roubaram oito peças históricas, incluindo um colar de diamantes e esmeraldas presenteado por Napoleão à esposa. Durante a fuga, derrubaram uma coroa imperial do século XIX incrustada de diamantes, recuperada danificada.
A diretora do Louvre, Laurence des Cars, admitiu perante senadores franceses que o museu “falhou com essas joias”. Ela revelou que apenas uma câmera monitorava o muro externo onde ocorreu a invasão, apontada na direção errada. “Não detectamos a chegada dos ladrões a tempo. A inadequação da nossa segurança perimetral é reconhecida”, afirmou.
Alertas ignorados
Uma segunda auditoria em 2017, encomendada pelo Instituto Nacional de Estudos Avançados em Segurança e Justiça, apresentou 40 páginas de recomendações descrevendo “deficiências graves”, fluxo de visitantes “mal gerido” e telhados facilmente acessíveis durante obras. O relatório alertou que “a ameaça de ataque com consequências potencialmente dramáticas não pode mais ser ignorada”.
Documentos da Corte de Contas francesa, vazados para a rádio nacional, indicam que um terço das salas da Ala Denon (que abriga a Mona Lisa) não possui cobertura de CCTV. Na Ala Richelieu, a maior do museu, 75% das salas carecem de câmeras de vigilância. Desde 2019, apenas 138 câmeras adicionais foram instaladas, apesar do orçamento operacional de €323 milhões.
A ministra da Cultura, Rachida Dati, inicialmente negou falhas de segurança, mas reconheceu oficialmente as vulnerabilidades após a divulgação dos relatórios. Quatro suspeitos foram presos, descritos pela promotoria parisiense como “criminosos amadores”, não profissionais do crime organizado.
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