Huawei banida: Alemanha quer rede 6G livre de tecnologia chinesa
Huawei banida: Alemanha quer rede 6G livre de tecnologia chinesa
A Alemanha decidiu cortar de vez a dependência tecnológica da China no setor mais sensível de sua infraestrutura digital: as redes móveis. O chanceler federal Friedrich Merz afirmou que nenhum componente chinês será permitido na futura rede 6G do país. A diretriz, anunciada em uma conferência empresarial em Berlim, marca o posicionamento mais duro da Europa contra a influência da Huawei e da ZTE — companhias que há uma década estruturam grande parte da espinha dorsal do 4G e do 5G no continente.
Rumo a um 6G “só europeu”
“Decidimos substituir, sempre que possível, componentes importados por tecnologia produzida localmente… e não permitiremos o uso de nenhum componente da China nas redes 6G”, declarou Merz.
A mensagem foi clara: Berlim quer transformar a próxima geração da infraestrutura móvel numa vitrine do chamado “soberanismo digital europeu”.
Na prática, o plano pretende garantir que as redes 6G — que devem entrar em operação por volta de 2030 — sejam construídas apenas com equipamentos de fornecedores europeus como Nokia e Ericsson, ou de projetos binacionais com parceiros do bloco. A decisão será formalmente debatida na próxima reunião entre Merz e o presidente francês Emmanuel Macron, centrada na criação de um ecossistema tecnológico independente tanto da China quanto dos Estados Unidos.
5G sob suspeita, 6G sob vigilância
Desde 2023, o governo alemão já vinha pressionando operadoras como a Deutsche Telekom, Vodafone e Telefónica a retirar gradualmente equipamentos Huawei de suas redes 5G, alegando riscos à segurança nacional. Documentos internos obtidos pelo Tagesspiegel e pela Bloomberg indicam que mais de 50% da infraestrutura de antenas 5G no país ainda depende de hardware chinês.
Agora, Berlim avalia conceder compensações financeiras às operadoras que precisarem substituir esse equipamento, num movimento semelhante ao programa “Rip and Replace” promovido pelos EUA.
O Ministério do Interior alemão estima que o custo da substituição ultrapasse €3 bilhões — um investimento que o governo encara como preço da independência tecnológica.
Por que a China é vista como risco?
A desconfiança europeia em relação à Huawei não é nova. Desde 2019, agências de segurança dos EUA e do Reino Unido alertam que os equipamentos da empresa poderiam ser usados para espionagem cibernética. A Huawei nega categoricamente e afirma que nunca cooperou com o governo chinês em atividades ilícitas.
Mas em 2025, o debate deixou de ser técnico e tornou-se estratégico: quem controlar o 6G controlará os padrões de conectividade do planeta.
O 6G deve integrar comunicações quânticas, sensores para cidades inteligentes e redes híbridas entre satélite e terra. Em outras palavras: será a camada de conexão que sustentará carros autônomos, fábricas totalmente robotizadas e o próprio metaverso industrial.
Para Berlim, permitir que empresas sob influência estatal chinesa tenham acesso a essa infraestrutura seria abrir mão de soberania num momento em que dados são a nova matéria-prima do poder.
Apesar da retórica dura, Merz reconheceu que “não há como cortar completamente os laços com a China”, segundo parceiro comercial da Alemanha, atrás apenas dos EUA. Ele advertiu, porém, que “o governo não poderá sempre proteger empresas que correm riscos geopolíticos ao operar na China”.

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