Google anuncia plano para lançar data centers de IA em órbita; entenda o plano ambicioso
Google anuncia plano para lançar data centers de IA em órbita; entenda o plano ambicioso
Os data centers que alimentam sistemas como Gemini, ChatGPT e Deepseek já consomem mais energia que países inteiros. Enquanto o mundo debate como resfriar essa demanda crescente, o Google fez a pergunta mais desconfortável possível: e se levarmos tudo para o espaço?
Esta semana, a gigante de tecnologia anunciou o Project Suncatcher, que soa ficção científica, mas tem fundação científica sólida. O objetivo é simples e absurdo: construir data centers orbitais alimentados exclusivamente pela energia solar, equipados com chips de IA customizados, conectados por lasers que disparam dados entre satélites a velocidades de terabits por segundo.
A visão: transformar a órbita em um servidor
Imagine uma constelação de aproximadamente 81 satélites agrupados em torno de 1 km de raio, flutuando a 650 quilômetros de altitude. Cada um carregaria painéis solares altamente eficientes e os processadores de IA do Google – os TPUs (Tensor Processing Units), a mesma tecnologia que roda seus modelos de linguagem mais sofisticados.
Em órbita solar síncrona, esses satélites nunca deixam a luz do sol. Os painéis solares podem gerar até 8 vezes mais energia do que painéis idênticos na Terra, eliminando a dependência de baterias e os custos imensuráveis do resfriamento – um pesadelo financeiro dos data centers terrestres.
Os dados? Transmitidos por free-space optical links (essencialmente lasers no vácuo). Em testes de laboratório, o Google já alcançou 800 Gbps em cada direção. É fibra óptica sem os cabos.
A prova de conceito virou realidade
O que torna isso crível é que o Google não está especulando. A empresa testou seus TPUs Trillium v6e em aceleradores de partículas para simular as condições de radiação brutal da órbita baixa da Terra. O resultado: os chips sobreviveram praticamente intactos.
Os testes revelaram que os módulos de memória de alta largura de banda foram os mais sensíveis, mostrando irregularidades após uma dose cumulativa de radiação de 2 krad(Si) – quase 3 vezes o que o chip teria que suportar em uma missão de cinco anos protegido por blindagem.
Mas desafios permanecem. Gestão térmica em um ambiente onde não há convecção natural. Confiabilidade em missão de longa duração. Resiliência a micrometeorito e detritos espaciais.
O cronograma: 2027 e além
O Google já marcou seu lançamento de prototipagem: dois satélites em parceria com a Planet Labs no início de 2027, cada um carregando quatro TPUs. É uma missão de aprendizado. Basicamente, o Google vai validar hardware no vácuo, testar comunicação inter satélite em condições reais, e coletar dados brutais sobre o que pode dar errado.
O timeline econômico é mais realista: conforme os custos de lançamento caiam para menos de $200 por quilograma (esperado para meados dos anos 2030), os data centers orbitais ficariam financeiramente comparáveis aos terrestres.
Para levar computadores para órbita, você precisa de foguetes. Cada lançamento expele centenas de toneladas de CO2. Simultaneamente, você elimina o consumo energético massivo dos data centers – que, em 2024, já somam bilhões de dólares em contas de eletricidade globais.
Há também preocupações astronômicas legítimas. Constelações massivas de satélites já interferem em observatórios. Cientistas comparam a interferência a “insetos em um parabrisa”.

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