Deezer revela: 97% das pessoas não conseguem distinguir músicas geradas por IA das feitas por humanos
A Deezer divulgou um estudo global com a Ipsos que expõe um ponto de virada na música digital: 97% das pessoas não conseguem diferenciar faixas 100% geradas por IA de músicas feitas por humanos em teste cego, e há amplo pedido por transparência e regras claras para remuneração e uso de obras em treinamento de modelos.
O que a pesquisa mostra
O levantamento ouviu 9 mil pessoas em oito países e aponta desconforto real com a opacidade atual: 71% ficaram surpresas com o resultado do teste e 52% se sentiram desconfortáveis por não distinguir músicas de IA de faixas humanas. A maioria defende que músicas 100% sintéticas sejam rotuladas de forma clara e quer saber quando plataformas recomendam conteúdo de IA, sinalizando um novo padrão de transparência para o streaming.
A resposta da Deezer
A Deezer diz ter implantado, desde o início de 2025, um sistema de detecção e rotulagem que identifica conteúdo totalmente gerado por IA, com suporte a modelos populares como Suno e Udio, e com capacidade de generalizar para novas ferramentas mediante acesso a dados de referência. Em junho, a empresa lançou o primeiro sistema de tagging explícito para álbuns com faixas de IA e removeu essas músicas de recomendações algorítmicas e listas editoriais para reduzir impacto sobre a remuneração de artistas.
O tsunami sintético no catálogo
Segundo a companhia, o volume de uploads de faixas 100% de IA cresceu de forma acelerada em 2025 e hoje passa de 50 mil por dia, representando mais de 34% das entregas diárias de conteúdo à plataforma. Embora nem todas essas faixas tenham audiência relevante, a inundação aumenta o ruído no catálogo e a empresa associa o fenômeno a tentativas de fraude e manipulação de reproduções, algo que suas ferramentas buscam mitigar.
Consenso por transparência e regras
O estudo indica apoio massivo ao rótulo “feito por IA” em faixas totalmente sintéticas e ao direito do público de saber quando um serviço recomenda esse tipo de música, conectando-se a preocupações com crédito, ética e pagamento justo. Há também resistência ao uso de material protegido por direitos autorais para treinar modelos sem autorização expressa, reforçando a urgência de um marco regulatório que proteja criadores.
Impacto econômico no horizonte
Relatório global da CISAC com a PMP Strategy projeta que, mantidas as condições atuais, até 24% da receita de criadores de música pode estar em risco em 2028, o que representa perda anual potencial de 4 bilhões de euros no setor musical naquele ano. O estudo aponta um desbalanceamento de valor: enquanto serviços de IA devem crescer rapidamente, criadores tendem a perder por uso não remunerado em treinamento e pela substituição de obras humanas por conteúdo sintético.
Brasil em foco
No recorte brasileiro, o padrão de confusão entre faixas de IA e humanas se repete, mas o público demonstra curiosidade e abertura à tecnologia, ao mesmo tempo em que pede rotulagem e respeito à autoria. Esse equilíbrio entre entusiasmo e prudência coloca o país como termômetro para políticas de transparência e modelos de remuneração que preservem o ecossistema criativo.

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