Primeiro data center subaquático movido a energia eólica da China é inaugurado: redução de 23% no consumo
A China acaba de ativar o primeiro data center submarino totalmente operacional do mundo, alimentado exclusivamente por energia eólica offshore. Localizado na Área Especial de Lin-gang, em Xangai, este investimento de US$ 226 milhões não é apenas uma curiosidade técnica—é um potencial modelo para como o mundo pode gerenciar o crescimento explosivo de IA, computação em nuvem e big data sem superaquecer o planeta no processo.
Construída através de uma parceria entre Shanghai Hailanyun Technology e diversos parceiros públicos e privados, a instalação combina tecnologias offshore e subaquáticas para reduzir drasticamente o consumo de energia, eliminar o uso de água doce e liberar 90% da área territorial normalmente necessária para data centers convencionais.
Por Que Submarino?
Data centers convencionais são devoradores de energia. Até 40% da eletricidade vai para refrigeração—sistemas HVAC massivos combatendo o calor gerado por milhares de servidores operando 24 horas por dia. Ao submergir a instalação e usar água do mar como refrigerante natural, o data center submarino chinês reduz a energia de resfriamento para menos de 10% do consumo total.
Os 198 racks de servidores são equipados com radiadores que transferem calor diretamente para o oceano ao redor. O sistema alcança uma classificação de Eficiência no Uso de Energia (PUE) abaixo de 1,15—bem abaixo do limite de 1,25 estabelecido pela China para data centers “verdes”. Para contextualizar, um PUE de 1,0 significaria zero desperdício de energia; a maioria das instalações tradicionais opera em torno de 1,5 ou mais.
A capacidade de 24 megawatts da instalação extrai 97% de sua energia de turbinas eólicas offshore, tornando-a praticamente neutra em carbono desde o primeiro dia. O consumo total de energia cai 23% em comparação com infraestrutura equivalente em terra.
A aposta de US$ 28 Bilhões de Xangai em IA e Nuvem
Este não é um experimento isolado. Xangai está apostando alto em infraestrutura digital. Até o final de 2025, a cidade pretende expandir suas indústrias de computação em nuvem e IA para US$ 28 bilhões, com uma capacidade total de processamento de 200 exaFLOPS—equivalente a um quintilhão de operações de ponto flutuante por segundo.
Grandes players incluindo Shenergy Group, China Telecom e China Communications Construction Company já assinaram acordos para desenvolver um cluster de 500 megawatts usando a mesma tecnologia submarina. Se dimensionado com sucesso, isso pode se tornar a base para uma nova geração de data centers sustentáveis em larga escala em regiões costeiras ao redor do mundo.
Ainda experimental
Embora os números pareçam impressionantes, especialistas pedem cautela. Wang Shifeng, presidente da Third Harbor Engineering, chama os data centers submarinos de “um desafio de engenharia complexo, mas promissor”. A tecnologia ainda é experimental, e vários obstáculos permanecem antes que possa competir com instalações tradicionais em custo e confiabilidade.
A manutenção é um grande ponto de interrogação. Acessar servidores submersos para reparos ou atualizações exige operações offshore especializadas, que são caras e dependem das condições climáticas. Há também a questão do impacto ambiental a longo prazo—embora o resfriamento com água do mar elimine o uso de água doce, o calor liberado no oceano pode afetar ecossistemas marinhos locais se implantado em grande escala.
As tecnologias de computação de baixo consumo precisarão avançar ainda mais para tornar o modelo economicamente viável além de projetos-piloto. Mas se a China conseguir superar os desafios de engenharia e econômicos, o data center submarino pode se tornar uma peça crítica do quebra-cabeça na descarbonização da economia digital.
Por enquanto, a instalação em Lin-gang serve como prova de que repensar onde e como construímos infraestrutura de dados pode entregar ganhos ambientais mensuráveis—sem sacrificar desempenho.

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