NVIDIA e TSMC fabricam o chip de IA mais avançado do mundo nos EUA pela primeira vez

NVIDIA e TSMC fabricam o chip de IA mais avançado do mundo nos EUA pela primeira vez

Jensen Huang, CEO da NVIDIA, visitou a fábrica da TSMC em Phoenix, Arizona, na última sexta-feira (17) para celebrar um marco histórico: a produção do primeiro wafer Blackwell em solo americano. O evento marcou a entrada em produção em volume da arquitetura Blackwell, considerada um dos chips mais complexos já criados, agora fabricado na instalação mais avançada dos Estados Unidos.

O momento representa a primeira vez em décadas que o chip mais importante do setor tecnológico é manufaturado nos EUA, utilizando o processo de fabricação 4NP customizado da TSMC, que contém 208 bilhões de transistores. Durante a cerimônia, Huang e Y.L. Wang, vice-presidente de operações da TSMC, assinaram o wafer inaugural, simbolizando a consolidação da infraestrutura de IA americana.​

A aposta de US$ 500 bilhões na reindustrialização

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A Nvidia anunciou em abril de 2025 planos para produzir até US$ 500 bilhões em infraestrutura de IA no território americano nos próximos quatro anos. O investimento inclui a construção de duas fábricas de supercomputadores no Texas, em parceria com Foxconn e Wistron, que devem iniciar produção em massa em 12 a 15 meses.

A iniciativa faz parte de uma estratégia mais ampla do setor tecnológico para nacionalizar a cadeia de suprimentos, com a Apple comprometendo US$ 500 bilhões e a TSMC destinando US$ 100 bilhões para expansão no país. O movimento responde diretamente às políticas de reindustrialização da administração Trump, que utilizou tarifas como catalisador para atrair manufatura avançada.​

Tarifas de Trump como agente de pressão

Jensen Huang creditou publicamente as tarifas do presidente Trump como “agente de pressão” fundamental para viabilizar a produção de chips avançados em solo americano. Em entrevista no domingo (19), o CEO da NVIDIA afirmou que a política comercial da Casa Branca acelerou drasticamente o cronograma de reindustrialização, permitindo que a fabricação mais avançada do mundo ocorresse nos EUA em menos de um ano.

A estratégia tarifária de Trump para semicondutores prevê impostos de até 300% sobre importações, com isenções para empresas que construírem instalações de manufatura ou pesquisa no território americano. O presidente sinalizou que as tarifas poderiam ser aplicadas retroativamente caso as companhias não cumpram os compromissos de investimento.​

Capacidade produtiva e limitações atuais

A instalação da TSMC no Arizona, conhecida como Fab 21, está capacitada para produzir tecnologias de 2, 3 e 4 nanômetros, além dos futuros chips A16, essenciais para aplicações de IA, telecomunicações e computação de alto desempenho. A fábrica já produz chips A16 Bionic para iPhones desde o final de 2024, tornando a Nvidia um dos clientes estratégicos da operação.​

Apesar do avanço simbólico, a produção americana ainda enfrenta desafios estruturais significativos. Os wafers fabricados no Arizona precisam ser enviados de volta a Taiwan para o processo final de empacotamento (packaging), que une múltiplos chiplets em um produto funcional. A Nvidia está trabalhando com Amkor Technology e SPIL para desenvolver capacidade de empacotamento em solo americano, mas a operação ainda depende da expertise asiática.​

Geração de empregos e ecossistema tecnológico

A TSMC projeta que sua operação no Arizona criará milhares de empregos de alta tecnologia e atrairá um amplo ecossistema de fornecedores. O complexo de US$ 165 bilhões distribuído em 1.100 acres deve gerar cerca de 20.000 postos de trabalho diretos. A empresa planeja construir mais duas fábricas no estado até o final da década, incluindo uma capacitada para o processo A16, sucessor planejado da tecnologia de 2 nanômetros.​

Ray Chuang, CEO da TSMC Arizona, destacou a velocidade da conquista durante a cerimônia. O executivo afirmou que entregar o primeiro chip Blackwell fabricado nos EUA em poucos anos desde a chegada ao Arizona representa o melhor da parceria de três décadas entre TSMC e Nvidia.​

Contexto estratégico e competição global

A produção de chips Blackwell em território americano ocorre em meio às crescentes tensões comerciais entre Estados Unidos e China. A Nvidia viu sua participação de mercado no país asiático despencar de 95% para quase zero devido às restrições de exportação impostas pela administração Trump. A companhia perdeu aproximadamente US$ 12 bilhões em receitas anuais no mercado chinês.​

O movimento de nacionalização da produção de semicondutores busca reduzir a dependência estratégica de Taiwan, região geopoliticamente sensível que concentra a maior parte da manufatura mundial de chips avançados. A iniciativa também se conecta ao plano de ação de IA do governo, que vincula a produção doméstica à liderança americana em domínios tecnológicos emergentes.

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