Montadoras brasileiras podem parar “em semanas” por falta de chips, avisa Anfavea
Montadoras brasileiras podem parar “em semanas” por falta de chips, avisa Anfavea
A indústria automotiva mal se recuperou da crise de semicondutores da pandemia e já enfrenta uma nova ameaça de desabastecimento. Desta vez, o gatilho é geopolítico — e pode interromper linhas de produção no Brasil em pouquíssimo tempo.
A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) disparou um alerta ao governo federal: sem ação urgente, montadoras instaladas no país podem paralisar operações “em questão de semanas”. O aviso não é exagero. Fábricas europeias já sentem o impacto, e o Brasil está na linha de fogo.
O que desencadeou a nova crise
Tudo começou quando o governo holandês assumiu o controle da subsidiária local da Nexperia, gigante de semicondutores controlada por um conglomerado chinês. A medida foi justificada por razões de segurança nacional, mas a resposta de Pequim veio rápida: a China impôs restrições à exportação de componentes eletrônicos essenciais para a cadeia automotiva global.
O resultado? Um novo estrangulamento no fornecimento de chips justamente quando a indústria automotiva depende cada vez mais desses componentes. Carros modernos utilizam entre mil e 3 mil semicondutores por unidade — desde sistemas de segurança e entretenimento até gerenciamento de motor e assistência à condução. Sem eles, simplesmente não há como fabricar veículos.
Brasil na zona de risco
A Anfavea confirma que algumas linhas de montagem na Europa já registram interrupções. A entidade teme que o mesmo cenário se replique no Brasil rapidamente, considerando a dependência da cadeia global de suprimentos e os prazos logísticos já apertados.
Por isso, a associação cobrou medidas “rápidas e decisivas” do governo brasileiro. Entre as possibilidades estão aceleração de importações emergenciais, diversificação de fornecedores e pressão diplomática para destravar canais comerciais.
Déjà vu da pandemia
A crise de chips entre 2020 e 2022 deixou marcas profundas. Montadoras perderam milhões em receita, consumidores enfrentaram listas de espera intermináveis e o mercado de seminovos disparou. Agora, o setor teme reviver o pesadelo — só que desta vez o problema não é sanitário, mas sim fruto de tensões entre potências econômicas.
A diferença é que, hoje, a indústria está mais preparada para mapear gargalos. Mas a solução ainda depende de articulação política internacional, algo que escapa ao controle das fabricantes.

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