
Ex-designer lendário da Apple assina primeira Ferrari elétrica que chega em 2026
Ex-designer lendário da Apple assina primeira Ferrari elétrica que chega em 2026
A Ferrari acaba de revelar os bastidores técnicos do Elettrica, seu primeiro carro 100% elétrico, que será lançado oficialmente no início de 2026. O modelo representa uma virada histórica para Maranello: pela primeira vez, a marca que transformou o rugido dos motores V12 em identidade cultural abraça a eletrificação sem abrir mão da alma que define um Ferrari.
Apresentado durante evento para investidores na sede italiana da montadora, o Elettrica ainda não teve o design externo revelado. Mas um detalhe rouba a cena: a Ferrari fechou parceria com a LoveFrom, empresa de design fundada por Jony Ive após deixar a Apple em 2019.
Quatro motores e mais de 1.000 cavalos
O Elettrica será equipado com quatro motores elétricos independentes (um por roda), entregando potência combinada superior a 1.000 cv. Com aceleração de 0 a 100 km/h em 2,5 segundos e velocidade máxima de 310 km/h, os números colocam o modelo próximo ao novo supercarro F80 — mas longe de ser apenas mais um elétrico brutalmente rápido.
O foco da engenharia está na dinâmica de curvas, não em arrancadas em linha reta. Gianmaria Fulgenzi, diretor de desenvolvimento da Ferrari, foi direto: carros elétricos atuais são “elefantes” — rápidos em retas, mas sem alma ao contornar uma curva. Por isso, cada motor pode ser modulado individualmente para otimizar tração e controle, enquanto as rodas traseiras recebem direção ativa independente para induzir ou corrigir sobreesterço
A suspensão ativa é outra peça-chave: cada amortecedor conta com motor elétrico de 48V, permitindo ajuste instantâneo e independente de altura e dureza em cada canto do carro. A tecnologia, que estreou no SUV Purosangue e equipa o F80, promete transformar o Elettrica em um GT confortável ou em uma máquina agressiva com o giro de alguns botões no volante.
Um som “real” extraído dos motores elétricos
A Ferrari sabe que som é parte da experiência. Mas em vez de criar efeitos artificiais, a equipe desenvolveu uma solução inédita: um acelerômetro instalado dentro da carcaça dos motores traseiros capta as vibrações harmônicas e as amplifica digitalmente, gerando um som autêntico — não uma gravação. Fulgenzi compara o processo a um amplificador de guitarra elétrica: “Não criamos um som falso, como de uma nave espacial. Queremos exatamente o som do motor elétrico.
A abordagem difere da usada pela Porsche no Taycan (que remixou samples dos componentes elétricos) e promete entregar uma assinatura sonora única. Ainda não há áudios oficiais disponíveis, mas a Ferrari garante que o Elettrica poderá rugir quando o motorista quiser — ou rodar em silêncio absoluto.
Bateria de 122 kWh e autonomia de 530 km
O pacote de baterias tem capacidade bruta de 122 kWh, dividido em 15 módulos com células NMC (níquel-manganês-cobalto) fornecidas inicialmente pela SK On. A densidade energética atinge 280 Wh/l, a mais alta entre os elétricos atuais, segundo a montadora. A autonomia declarada supera os 530 km, com suporte a recarga ultrarrápida de 350 kW em arquitetura de 880V.
A Ferrari deixou claro que não está presa a um único fornecedor de células: a intenção é evoluir a química e o design da bateria ao longo dos anos, garantindo que o Elettrica permaneça relevante por décadas — afinal, trata-se de um Ferrari, um carro que tende a valorizar com o tempo.
Design minimalista assinado por Jony Ive
Embora a Ferrari não tenha revelado imagens externas, a parceria com Jony Ive alimenta expectativas de um design minimalista e atemporal. Ive, responsável por produtos icônicos como o iPhone, o iMac e o Apple Watch, tem histórico de eliminar excessos visuais em favor de formas puras e funcionais. Ele e Marc Newson, cofundador da LoveFrom, são colecionadores de Ferraris e declararam estar “extremamente animados” em colaborar com a equipe de design liderada por Flavio Manzoni
O Elettrica terá quatro portas e quatro assentos, posicionando-se entre um grand tourer e um SUV — não é um esportivo puro. O objetivo é conquistar novos clientes que valorizam praticidade e conforto, mas exigem desempenho e exclusividade. O presidente da Ferrari, John Elkann, definiu o projeto como uma afirmação da “vontade de progredir, unindo disciplina tecnológica, criatividade no design e arte na fabricação”.
Eletrificação cautelosa: 20% da linha até 2030
Apesar do marco histórico, a Ferrari adotou uma postura conservadora em relação à eletrificação. A montadora revisou suas metas e agora projeta que até 2030 apenas 20% da linha será totalmente elétrica, enquanto 40% será híbrida e 40% seguirá usando motores a combustão. Em 2022, a previsão era de 40% de EVs na mesma data.
A mudança reflete a fraca demanda por carros elétricos de luxo de alto desempenho. Fontes indicam que a Ferrari não planeja lançar um segundo EV antes de 2028, priorizando modelos híbridos e a gasolina. Ainda assim, a marca promete lançar uma média de quatro novos modelos por ano entre 2026 e 2030.
Produção 100% interna em Maranello
Todos os componentes críticos do Elettrica — motores, inversores, eixos eletrônicos e baterias de alta tensão — são desenvolvidos e produzidos internamente na nova fábrica “e-building” em Maranello. A estratégia garante controle total sobre a cadeia de produção e reforça o posicionamento de exclusividade da marca.
O CEO Benedetto Vigna declarou que a Ferrari quer “mostrar que é capaz de dominar qualquer tecnologia de forma única”. Para ele, criar um EV verdadeiramente desejável — em um mercado onde muitos modelos parecem idênticos — seria uma demonstração ousada de diferenciação.
Preço acima de US$ 500 mil
A expectativa é que o Elettrica tenha preço inicial acima de US$ 500 mil e chegue ao mercado no início de 2026, após a revelação completa prevista para a primeira metade do ano. Na Austrália, o modelo deve desembarcar em 2027. Não há confirmação oficial sobre disponibilidade no Brasil, mas a Ferrari historicamente oferece seus lançamentos no mercado brasileiro meses após as estreias globais.
O projeto do Elettrica começou em 2009, inspirado nas soluções híbridas aplicadas na equipe de Fórmula 1 da Ferrari. Agora, 16 anos depois, Maranello está prestes a provar que é possível criar um carro elétrico com a mesma paixão e exclusividade que definem a marca há décadas. Em 2011, o então CEO Luca di Montezemolo afirmou categoricamente que a Ferrari jamais faria um EV. O Elettrica é a resposta definitiva de que até as tradições mais arraigadas podem evoluir.
Jony Ive
Jony Ive entrou na Apple em 1992, mas foi em 1997 que sua carreira ganhou propulsão definitiva. Steve Jobs, recém-retornado à empresa que fundou, identificou no designer britânico um talento singular e o promoveu a vice-presidente de design industrial. A partir dali, os dois formaram uma das parcerias criativas mais transformadoras da história da tecnologia
Ive foi o responsável pelo design de praticamente todos os produtos que salvaram e revolucionaram a Apple. O iMac G3 translúcido (1998) tirou a empresa da beira da falência e redefiniu o que era um computador pessoal. O iPod (2001) transformou a indústria da música. O iPhone (2007) redefiniu smartphones e criou o mercado de dispositivos móveis moderno. O iPad (2010) inaugurou uma nova categoria de tablets. E o Apple Watch (2014) estabeleceu os wearables como produtos de massa
Steve Jobs chegou a declarar que Ive era “a única pessoa insubstituível” em sua vida profissional. Mesmo após a morte de Jobs em 2011. Após deixar a Apple em 2019, o designer britânico fundou a LoveFrom, empresa que já trabalhou com Airbnb, Moncler, Rivian e agora Ferrari. Em 2024, Ive criou a io Products, startup de hardware de IA que foi adquirida pela OpenAI por US$ 6,5 bilhões em maio de 2025
Leave A Comment
You must be logged in to post a comment.