EUA avaliam bloquear exportações de software para a China em resposta a restrições de terras-raras

EUA avaliam bloquear exportações de software para a China em resposta a restrições de terras-raras

A administração Trump está considerando uma medida que pode redefinir o comércio tecnológico global: limitar exportações de produtos que contenham ou sejam fabricados com software americano para a China, informa a Reuters. A proposta, que abrange desde notebooks até motores de aeronaves, surge como resposta ao recente aperto chinês nas exportações de elementos de terras-raras.

A revelação foi confirmada por autoridades americanas e pessoas informadas sobre as discussões. Embora o plano ainda não seja definitivo, ele concretizaria a ameaça feita pelo presidente Donald Trump em 10 de outubro, quando prometeu barrar exportações de “software crítico” até 1º de novembro.

Escala e impacto da medida

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O que torna esse controle particularmente abrangente é sua amplitude. A proposta consideraria qualquer produto global que use tecnologia ou software americano — um alcance que poderia afetar praticamente toda a cadeia de suprimentos tecnológica mundial.

“Praticamente tudo é feito com software americano”, disse uma das fontes familiarizadas com as discussões, destacando o potencial disruptivo da ação.

Emily Kilcrease, ex-funcionária de comércio e hoje pesquisadora do Centro para uma Nova Segurança Americana, reconhece que o software é um ponto natural de alavancagem para os EUA, mas alerta para os custos: “Controles assim seriam extremamente difíceis de implementar e gerariam forte reação negativa para a indústria americana”.

Contexto geopolítico

A proposta acontece em momento crítico nas relações sino-americanas. Em 9 de outubro, a China expandiu drasticamente seus controles de exportação de elementos de terras-raras — materiais essenciais para fabricação de tecnologia e nos quais Pequim domina o mercado global.

Trump reagiu rapidamente, anunciando tarifas adicionais de 100% sobre produtos chineses destinados aos EUA e prometendo novos controles de exportação. Mas em 12 de outubro, apenas dois dias depois, suavizou o tom: “Os EUA querem ajudar a China, não prejudicá-la!!!”, escreveu em rede social.

Histórico de avanços e recuos

A postura oscilante reflete um padrão que marca a política de Trump em relação à China. Em janeiro, impôs restrições severas sobre chips de IA da Nvidia e AMD, mas depois as removeu. Em maio, bloqueou software de design de chips após a China interromper fornecimentos de terras-raras — controles que foram suspensos em julho.

As importações chinesas atualmente enfrentam tarifas americanas de cerca de 55%, que poderiam saltar para 155% caso Trump cumpra suas novas ameaças.

Próximos passos

O secretário do Tesouro, Scott Bessent, confirmou na quarta-feira que “tudo está sobre a mesa” quando questionado sobre restrições de software. Ele ressaltou que qualquer medida seria coordenada com aliados do G7.

Bessent deve se reunir com o vice-primeiro-ministro chinês He Lifeng na Malásia esta semana, em preparação para um encontro entre Trump e o presidente Xi Jinping na Coreia do Sul ainda este mês — apenas três semanas após a ameaça inicial.

Fontes indicam que autoridades podem anunciar a medida como pressão sobre Pequim sem necessariamente implementá-la imediatamente. Propostas mais restritas também estão sendo debatidas.

Reação dos mercados

Os índices americanos reagiram negativamente após a reportagem da Reuters revelar os detalhes do plano. O S&P 500 fechou em queda de 0,5%, enquanto o Nasdaq recuou cerca de 1%.

A China, por sua vez, criticou o que chama de “medidas unilaterais de jurisdição de longo alcance” dos EUA e prometeu “tomar medidas resoltas para proteger seus direitos e interesses legítimos” caso Washington avance no que considera um caminho equivocado.

A medida lembra restrições impostas pelo governo Biden contra a Rússia após a invasão da Ucrânia em 2022, que limitaram exportações de produtos fabricados globalmente com tecnologia ou software americano.

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