
Apple quer que Índia mude lei de impostos para expandir produção de iPhones no país
Apple quer que Índia mude lei de impostos para expandir produção de iPhones no país
A Apple está em negociações diretas com o governo indiano para modificar uma lei tributária de 1961 que, segundo a empresa, representa um obstáculo significativo para seus planos de expansão no país asiático. O cerne da questão: a gigante de Cupertino quer garantir que não precisará pagar impostos sobre máquinas de fabricação de iPhone que fornece a seus parceiros contratados.
A estratégia da Apple é clara. Ao pressionar por mudanças na legislação, a empresa sinaliza que está disposta a reduzir sua dependência da China e aumentar significativamente sua presença na Índia — mas apenas se as condições fiscais forem mais favoráveis.
Por que a Índia importa tanto para a Apple
A Índia é o segundo maior mercado de smartphones do mundo, e os números mostram que a aposta da Apple no país está dando resultado. Dados da Counterpoint Research revelam que a participação de mercado do iPhone na Índia dobrou desde 2022, alcançando 8%. Enquanto isso, a produção local também disparou: a fatia indiana na fabricação de iPhones saltou de praticamente zero para 25% do total global no mesmo período.
Embora a China ainda concentre 75% da produção mundial de iPhones, a Índia emerge como alternativa estratégica para a Apple diversificar sua cadeia de suprimentos. Parceiros como Foxconn e Tata já investiram bilhões de dólares na abertura de cinco fábricas no país.
O impasse tributário que complica tudo
O problema está na forma como a Apple opera. A empresa compra máquinas caras de montagem e as fornece a seus fabricantes contratados, mas mantém a propriedade dos equipamentos. Na China, esse modelo não gera tributação adicional. Na Índia, a história é diferente.
A Lei de Imposto de Renda indiana interpreta essa propriedade de equipamentos como uma “conexão comercial” no território nacional. Na prática, isso significa que os lucros da Apple com vendas de iPhones fabricados no país podem estar sujeitos a impostos locais — um passivo que pode alcançar bilhões de dólares.
Executivos da Apple têm se reunido com autoridades indianas nos últimos meses para defender a alteração da lei. O argumento da empresa: “Se a legislação for modificada, a Apple poderá expandir facilmente sua operação, tornando a Índia mais competitiva globalmente.”
Índia avalia riscos e benefícios da mudança
O governo indiano está em uma posição delicada. Por um lado, atender ao pedido da Apple fortaleceria a posição do país frente a concorrentes como China e Vietnã, que oferecem condições tributárias mais atrativas. A fabricação de smartphones é prioridade na agenda do primeiro-ministro Narendra Modi.
Por outro, qualquer mudança na lei pode ser vista como uma concessão que enfraquece a soberania tributária do país sobre empresas estrangeiras.
Um alto funcionário do governo, que preferiu não se identificar, resumiu o dilema: “É uma decisão difícil. As discussões sobre as normas tributárias estão em curso, mas precisamos encontrar um equilíbrio. A Índia precisa de investimentos.”
O desfecho dessa negociação pode redefinir não apenas a estratégia da Apple na Ásia, mas também a forma como grandes multinacionais de tecnologia estruturam suas operações de manufatura em mercados emergentes.
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