
Conta de luz vai subir por causa da IA – mesmo se você não usa inteligência artificial
Conta de luz vai subir por causa da IA – mesmo se você não usa inteligência artificial
A explosão da inteligência artificial está gerando um efeito colateral inesperado para consumidores do mundo todo: contas de luz mais caras. Um fenômeno que começa a ser observado nos Estados Unidos já acende o alerta global, pois o consumo energético massivo dos data centers dedicados à IA está elevando as tarifas de energia para todos, incluindo pessoas que nunca utilizaram um chatbot ou geraram uma imagem com algoritmos.
Dados recentes mostram que cidades americanas próximas a grandes centros de processamento de dados estão enfrentando aumentos significativos nas contas de energia elétrica, criando uma situação onde consumidores comuns acabam subsidiando indiretamente as operações de gigantes tecnológicas.
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Em cidades como Trenton (Nova Jersey), Filadélfia e Pittsburgh (Pensilvânia), e Columbus (Ohio), os residentes viram suas contas de luz subirem em média entre US$ 10 e US$ 27 (aproximadamente R$ 56 a R$ 151) em comparação ao mesmo período do ano anterior. O fator comum entre estas localidades? Todas estão nas proximidades de grandes complexos de data centers voltados para inteligência artificial e computação em nuvem.
O problema tem sua raiz no sistema de precificação de energia americano. Em 13 estados, o custo do megawatt/dia disparou de US$ 29 para impressionantes US$ 270 – um aumento de 833%. Este salto astronômico ocorre porque as audiências anuais que definem os preços agora levam em consideração a demanda projetada dos data centers existentes e em construção, que devem responder por 75% do consumo energético em algumas regiões.

Brasil e mundo devem sentir o impacto em breve
Embora o fenômeno esteja mais evidente nos Estados Unidos, especialistas alertam que a tendência deve se espalhar globalmente à medida que mais países investem em infraestrutura de inteligência artificial. No Brasil, onde o sistema tarifário já opera com bandeiras que refletem o custo de geração, o aumento da demanda energética para IA pode pressionar ainda mais as tarifas durante períodos críticos.
Para tentar contornar a crescente demanda por energia, empresas como a Microsoft estão buscando soluções alternativas. A gigante de tecnologia fechou um acordo para reativar a Unidade 1 da Usina Nuclear de Three Mile Island – paradoxalmente, o local do pior acidente nuclear da história americana. O reator, desativado em 2019, deve voltar a operar em 2028 exclusivamente para fornecer energia aos data centers da empresa pelos próximos 20 anos.
O caso exemplifica a dimensão do problema: as maiores empresas de tecnologia estão correndo para garantir fontes estáveis de energia, mesmo que isso signifique reativar usinas nucleares desativadas. Google, Apple, Meta, Microsoft, Amazon e OpenAI expandem rapidamente suas instalações de processamento, enquanto consumidores comuns arcam com parte crescente da conta.
A situação é ainda mais preocupante considerando as variações sazonais. Nos EUA, os dados atuais refletem apenas o consumo durante o verão – quando o inverno chegar e a demanda por aquecimento aumentar, a pressão sobre o sistema elétrico tende a crescer ainda mais, potencialmente agravando os aumentos nas contas de luz.
Para os brasileiros, ainda que o impacto imediato seja menor, o cenário serve como alerta. Com a expansão global da inteligência artificial, o aumento na demanda energética é inevitável, e a infraestrutura elétrica precisará se adaptar rapidamente. O resultado mais provável é um aumento gradual nas tarifas de energia nos próximos anos, afetando consumidores em todo o mundo – usem eles inteligência artificial ou não.
Fonte: The Washington Post
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