Austrália ativa a maior bateria do mundo: energia para quase 1 milhão de casas

A Austrália acaba de ativar a maior bateria do mundo, capaz de fornecer energia de emergência para aproximadamente 970 mil residências durante uma hora. Chamada de Waratah Super Battery, a megaestrutura já começou a gerar seus primeiros 350 megawatts e representa um avanço significativo para o armazenamento de energia limpa em larga escala, estabelecendo um novo padrão global para sistemas de backup energético.

Operada pela empresa australiana Akaysha Energy, a Waratah Super Battery deve atingir sua capacidade total até o final deste ano, quando fornecerá no mínimo 700 megawatts de energia ativa contínua e impressionantes 1.400 megawatts-hora de capacidade de armazenamento utilizável.

Você também pode gostar dos artigos abaixo:

• Qual a diferença entre pilha e bateria?
• Guia definitivo: como dobrar a vida útil da bateria do seu notebook

Essa capacidade é tão expressiva que, além de alimentar quase um milhão de lares simultaneamente, o sistema poderia carregar completamente 45,95 milhões de smartphones em apenas uma hora ou garantir o fornecimento de eletricidade para 80 mil residências durante um dia inteiro, considerando um consumo médio de 21 kWh diários por casa.

Para o Brasil, onde as discussões sobre diversificação da matriz energética e armazenamento de energia estão ganhando força, especialmente após períodos de crises hídricas que afetam as hidrelétricas, tecnologias como esta representam possíveis caminhos para a segurança energética nacional. Embora em escala menor, projetos de armazenamento de energia já começam a ser implementados em território brasileiro, principalmente associados a usinas solares e eólicas.

Resposta ultra-rápida para emergências energéticas

Construída estrategicamente no local da antiga usina a carvão de Munmorah, aproximadamente 100 km ao norte de Sydney, a super bateria tem como função principal fornecer energia estabilizadora à rede elétrica durante emergências em Nova Gales do Sul. A localização aproveita a infraestrutura de transmissão já existente, reduzindo custos e impactos ambientais adicionais.

Uma das características mais impressionantes da Waratah é sua velocidade de resposta. O sistema necessita de apenas duas horas para carregar completamente, mas é capaz de descarregar toda sua energia na rede em questão de segundos quando necessário. Esta capacidade de reação instantânea é crucial para evitar blackouts durante falhas súbitas na rede elétrica.

“Isso significa que a população de Nova Gales do Sul sofrerá interrupção mínima no fornecimento de eletricidade”, explica o comunicado oficial da Akaysha Energy. A bateria integra um sistema maior de controle que inclui geradores pareados e atualizações nas linhas de transmissão existentes.

A megaestrutura surge em um momento crítico para a Austrália, cujo sistema elétrico enfrenta crescente pressão desde a implementação de um ambicioso plano de fechamento gradual das usinas a carvão, que se estenderá até 2035. Este plano faz parte da estratégia nacional para aumentar a participação de fontes renováveis na matriz energética do país.

Na prática, a Waratah Super Battery funciona como um “amortecedor” instantâneo para a rede elétrica, absorvendo ou liberando energia conforme necessário durante eventos críticos como ondas de calor extremas, tempestades com raios ou incêndios florestais, fenômenos cada vez mais frequentes devido às mudanças climáticas.

O sistema é composto por diversos componentes integrados, incluindo o Esquema de Proteção de Integridade do Sistema (SIPS), que garante a capacidade de energia ativa contínua, e um avançado sistema de sinalização e software que detecta rapidamente falhas em toda a rede. Quando identifica um problema, o sistema sinaliza aos geradores parceiros para reduzirem sua produção enquanto a bateria descarrega energia, mantendo o fornecimento aos consumidores sem interrupções.

A bateria foi deliberadamente superdimensionada, permitindo que a empresa utilize o excesso de capacidade para gerar receitas adicionais quando não estiver em uso emergencial, o que ajuda a reduzir os custos operacionais que seriam repassados aos consumidores. Esta abordagem de uso dual representa um modelo econômico interessante que poderia ser adaptado para futuros projetos de armazenamento de energia em escala global, incluindo possíveis implementações no Brasil.