
Acusações, dívidas e queda nas vendas: os desafios que cercam Elon Musk na Tesla
Acusações, dívidas e queda nas vendas: os desafios que cercam Elon Musk na Tesla
Nos últimos meses, o nome de Elon Musk voltou a dominar o noticiário — e não pelos avanços da Tesla em robótica ou veículos elétricos.
O bilionário, que comanda também a SpaceX, é alvo de novas acusações que envolvem desde dívidas milionárias a fornecedores até uma ação coletiva por suposta fraude relacionada à tecnologia de condução autônoma. Tudo isso enquanto a companhia atravessa um período de forte competição no mercado e vê suas vendas recuarem.
Fornecedores alegam prejuízos milionários
Uma investigação da CNN revelou relatos de pequenas e médias empresas que prestaram serviços à Tesla e nunca receberam o pagamento integral. Segundo os dados obtidos, a montadora teria acumulado mais de US$ 100 milhões em faturas não pagas nos últimos cinco anos, sendo que US$ 24 milhões ainda estariam em aberto.
Parte desses negócios eram familiares e, ao apostar em um cliente do porte da Tesla, acabaram comprometendo toda a operação. Alguns não conseguiram pagar salários, outros fecharam as portas. Muitos evitam se pronunciar por medo de represálias ou por estarem presos a cláusulas de confidencialidade impostas pela montadora.
Um dos entrevistados, sob anonimato, resumiu assim a postura da empresa: “O objetivo de Musk é controlar tudo agora, sem se importar com quem será afetado, para salvar o futuro do mundo. A Tesla foi uma das poucas empresas com as quais trabalhamos que não parecia se importar em arruinar um fornecedor.”
Pacote bilionário para Musk em meio às críticas
Em paralelo às denúncias, a Tesla aprovou a concessão de 96 milhões de ações restritas a Musk, avaliadas em cerca de US$ 29 bilhões. O movimento ocorre poucos meses depois de um tribunal de Delaware anular um pacote de remuneração aprovado em 2018, considerado injusto com os acionistas.
O novo plano exige que Musk pague US$ 23,34 por ação — um valor muito abaixo da cotação atual, que supera US$ 300. A decisão partiu de um comitê especial criado neste ano para reavaliar a compensação do executivo, que hoje detém 13% da Tesla.
Vendas em queda e pressão da concorrência chinesa
Os resultados mais recentes mostram que a receita da Tesla caiu 12% no primeiro semestre de 2025. Na China — um dos principais mercados —, as vendas dos modelos Model 3 e Model Y caíram 8,4% em julho na comparação anual. A BYD, sua maior rival local, manteve o volume de entregas estável no período.
A desaceleração nas vendas é atribuída ao avanço de concorrentes chineses com preços mais baixos e à mudança de foco da Tesla para projetos como robotaxis e robótica humanoide.
Lançamento problemático do robotaxi
No fim de junho, a Tesla iniciou em Austin (Texas) um serviço piloto de robotaxis, ainda com motoristas de segurança. Poucos dias depois, começaram a surgir relatos de incidentes, como veículos trafegando na contramão ou acima da velocidade permitida
A Administração Nacional de Segurança do Tráfego nas Estradas (NHTSA) solicitou informações à Tesla sobre os problemas. A repercussão negativa derrubou as ações em 6,05% em apenas dois dias, apagando US$ 68 bilhões em valor de mercado.
Ação coletiva por fraude
O escritório Pomerantz entrou com uma ação coletiva no Texas contra a Tesla e Musk, acusando-os de exagerar o estágio de desenvolvimento e a segurança da tecnologia de condução autônoma. Segundo a denúncia, os robotaxis teriam “falhas de segurança significativas” que colocam em risco usuários e o público.
Para os advogados, as declarações públicas da empresa criaram uma imagem enganosa que inflou o valor das ações, prejudicando investidores quando os problemas vieram à tona.
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