YouTube Shorts evita política? Novo estudo revela como algoritmo te direciona
YouTube Shorts evita política? Novo estudo revela como algoritmo te direciona
O YouTube Shorts pode estar ativamente direcionando usuários para longe de conteúdos políticos, segundo revela um novo estudo conduzido por pesquisadores da Universidade Cornell. A pesquisa sugere que, mesmo quando os usuários iniciam sua navegação assistindo a vídeos sobre temas políticos na plataforma de vídeos curtos, o algoritmo rapidamente os conduz para materiais de entretenimento e humor.
Com mais de 200 bilhões de visualizações diárias em todo o mundo, o YouTube Shorts se estabeleceu como uma das plataformas de vídeos curtos mais populares globalmente, competindo diretamente com TikTok e Instagram Reels. O estudo lança luz sobre como o algoritmo que alimenta essas bilhões de visualizações pode estar moldando silenciosamente o consumo de conteúdo dos usuários.
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Para chegar a essas conclusões, os cientistas analisaram o comportamento de mais de 680 mil vídeos na plataforma, utilizando inclusive o ChatGPT para classificá-los por tópico, relevância e tom emocional. Os pesquisadores selecionaram três categorias específicas para o estudo: a disputa no Mar da China Meridional, as eleições de 2024 em Taiwan e uma categoria mais ampla classificada como “geral”.
Ao assistir mais de 2.100 vídeos iniciais sobre esses temas e seguir 50 recomendações subsequentes para cada um, os pesquisadores identificaram um padrão claro: quando a sessão começava com conteúdo político sensível, o algoritmo do YouTube Shorts consistentemente redirecionava os espectadores para vídeos de entretenimento, particularmente aqueles com potencial viral e conteúdo humorístico.
Mudança de tom e estratégia de engajamento
Um aspecto particularmente interessante da pesquisa foi a identificação de uma mudança no tom emocional dos vídeos recomendados. O algoritmo tende a migrar de conteúdos com tom neutro ou até mesmo raivoso para vídeos predominantemente alegres. Essa transformação acontece gradativamente conforme o usuário continua navegando pela plataforma.
O estudo também desmistificou algumas suposições sobre o funcionamento do algoritmo. Por exemplo, embora exista um viés de popularidade (vídeos com mais visualizações, curtidas e comentários têm prioridade), isso ocorre principalmente nos primeiros vídeos da cadeia de recomendação. Após algum tempo rolando a tela, o usuário começa a receber conteúdos menos mainstream e mais personalizados.
Mert Can Cakmak, um dos pesquisadores envolvidos no estudo, ofereceu uma interpretação para o comportamento observado no algoritmo. Segundo ele, não se trata necessariamente de uma decisão política do YouTube, mas sim de uma estratégia de negócios: “O que o YouTube está tentando fazer é tirar você daquela área ou tópico e empurrá-lo para um tópico mais agradável, para que possa aumentar o engajamento e gerar mais receita”, afirmou.
A conclusão do estudo sugere que a plataforma prioriza manter os usuários por mais tempo no aplicativo, e aparentemente vídeos de entretenimento são mais eficazes para isso do que conteúdos políticos. Isso levanta questões importantes sobre como as plataformas de mídia social podem estar moldando indiretamente o consumo de informações políticas e notícias relevantes.
Até o momento, nem o YouTube nem sua empresa controladora, o Google, se manifestaram oficialmente sobre as descobertas do estudo. Os resultados completos da pesquisa estão disponíveis no servidor de pré-impressão arXiv.
Fonte: fastcompany
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