O som mais famoso do streaming: descubra como surgiu o “Tudum” da Netflix

O som mais famoso do streaming: descubra como surgiu o “Tudum” da Netflix

Você ouve, já sabe o que vem: entretenimento, maratona, pipoca. O “tudum” da Netflix se tornou uma espécie de campainha moderna para a cultura pop digita. Esse som de três segundos, simples e marcante, virou parte da memória coletiva.

Inicialmente, o som tocava junto com a aparição do texto Netflix completo na tela. Hoje, ele acompanha apenas o “N” estilizado da logo.

O caminho até esse som se tornar a assinatura sonora da Netflix envolve histórias inusitadas, testes com cabras, uma aliança de casamento e uma melodia esquecida dos anos 1990. Esta é a história completa de como um esse som virou uma marca altamente relevante.

A missão: encontrar o som que fosse a cara da Netflix

Em 2015, Todd Yellin, então vice-presidente de produto da Netflix, queria mais do que uma vinheta qualquer. A missão era ambiciosa: criar um som que fosse tão marcante quanto o rugido do leão da MGM, mas pensado para a era do streaming. Nada muito eletrônico, nem melodias pegajosas como um jingle aleatório. A ideia era capturar, em poucos segundos, uma sensação de expectativa e recompensa. Algo que dissesse ao espectador: “Uma boa história está prestes a começar”.

Yellin contratou o designer de som Lon Bender, vencedor do Oscar por Coração Valente e conhecido por trabalhos em Drive, Jogos Vorazes e O Regresso. Bender apresentou de 20 a 30 protótipos, com ideias que iam de caixinhas de música a sons submarinos, portas se abrindo e efeitos abstratos. Mas três chegaram à final.

A tal da cabra

Entre os finalistas, um chamava atenção: o balido de uma cabra. Sim, uma cabra. Yellin gostava da ideia pelo lado cômico e irreverente, como se fosse uma versão moderna e excêntrica do leão da MGM. A ideia não era fazer rir, mas surpreender. Um som inesperado que viraria marca. Outro finalista era um som espumante, como se viesse das profundezas do oceano. E então havia o terceiro: um “ta-dum” grave e limpo.

Quando uma aliança virou instrumento musical

Esse “ta-dum” tinha uma origem quase acidental. Certa noite, Lon Bender bateu acidentalmente sua aliança de casamento contra um móvel de madeira. O som produzido chamou sua atenção: um estalo grave, seco, com uma ressonância sutil. Ele gravou, testou variações, e a partir dessa base construiu a vinheta.

A batida da aliança foi combinada com um som de bigorna desacelerado e batidas abafadas. Mas ainda parecia incompleto. Faltava um toque final. Foi então que Charlie Campagna, colega de Bender, sugeriu um trecho invertido de uma gravação de guitarra dos anos 90 que ele guardava há décadas. Esse efeito, chamado internamente de “flor”, criou o crescendo etéreo que fecha a vinheta.

O toque de mestre: o teste da filha

Com três finalistas em mãos, Yellin fez um teste caseiro: mostrou os sons para sua filha de 10 anos. A criança não teve dúvidas e escolheu o “ta-dum” na hora. Esse feedback intuitivo bateu com os testes de audição da própria Netflix: os usuários associavam o som às palavras “dramático”, “intrigante” e “início”.

Estava decidido!

Tecnicamente, o som foi registrado pela Netflix como “ta-dum” — essa é a grafia usada nos documentos do Escritório de Marcas e Patentes dos EUA (USPTO), e também a forma como o designer Lon Bender e Todd Yellin se referem a ele em entrevistas técnicas.

No entanto, o termo “Tudum” se popularizou espontaneamente,

Hans Zimmer e a versão cinematográfica

Em 2019, com a Netflix estreando seus filmes originais em cinemas, surgiu a necessidade de uma vinheta mais longa. O escolhido para o desafio foi Hans Zimmer. O compositor expandiu o som original em uma peça de 16 segundos, com orquestração intensa e final em tom grave, como um batimento de coração. A versão pode ser ouvida antes de filmes como O Irlandês e História de um Casamento.

Por que o “Tudum” funciona? A ciência por trás da emoção

A escolha do timbre não foi por acaso. Os dois sons iniciais possuem frequências graves que evocam impacto físico e geram atenção imediata. O ritmo também importa: são duas batidas seguidas de uma pausa com nota sustentada. Em menos de dois segundos, o som cria um micro-arco de suspense e resolução.

Além disso, a ausência de uma melodia evita que o som enjoe ou fique datado. Ele é universal, minimalista e atemporal. Repetição também conta: quanto mais ouvimos o “Tudum”, mais nosso cérebro o associa à antecipação de entretenimento.

Easter eggs e coincidências curiosas

Antes da história oficial ser revelada, muita gente achava que o som vinha de House of Cards. Em uma cena marcante do final da 2ª temporada, episódio 13 , Frank Underwood bate duas vezes seu anel contra a mesa — produzindo um som assustadoramente parecido com o “Tudum”. Embora não confirmada, a semelhança rendeu teorias. Alguns acreditam que a Netflix evitou essa associação após as acusações contra Kevin Spacey.

Outro detalhe técnico: o som foi registrado oficialmente com notas musicais. São batidas em D2 e D3, seguidas de D4 e D5. 

Tudum como marca global

A Netflix sabia o que tinha em mãos. Em 2017, registrou o som como marca sonora e passou a usá-lo em todas as regiões. Criou também o evento global TUDUM, o site Tudum.com e uma newsletter com o mesmo nome. Em 2020, lançou até o toque oficial de celular com o som.

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