Nova IA da Google é capaz de restaurar textos romanos perdidos há milênios
Nova IA da Google é capaz de restaurar textos romanos perdidos há milênios
A Google acaba de revelar um modelo de inteligência artificial que promete acelerar a forma como estudamos a história da civilização romana. Chamado de Aeneas, o sistema foi treinado para interpretar inscrições em latim gravadas em pedras, oferecendo a historiadores uma nova maneira de recuperar, datar e contextualizar fragmentos muitas vezes danificados pelo tempo.
IA do Google lê e reconstrói inscrições em latim
Our new state-of-the-art AI model Aeneas transforms how historians connect the past.
Ancient inscriptions often lack context – it’s like solving a puzzle with 90% of the pieces lost to time. It helps researchers interpret and situate inscriptions in their past context. pic.twitter.com/pnlZiVNPa3
— Google DeepMind (@GoogleDeepMind) July 23, 2025
Apresentado pela DeepMind, o Aeneas é o primeiro modelo de IA desenvolvido especificamente para lidar com inscrições epigráficas — os textos gravados em pedras, monumentos e artefatos do passado.
Alimentado com um banco de dados de mais de 176 mil inscrições do mundo romano, o modelo é multimodal: ele aceita tanto textos quanto imagens, e consegue encontrar conexões com inscrições similares no seu acervo digital. Isso permite uma análise rápida, contextualizada e precisa, que antes exigia meses de trabalho manual.
Além disso, o Aeneas é adaptável: embora tenha sido treinado com foco no latim, a tecnologia pode ser estendida para decifrar registros em moedas, papiros e outros suportes históricos.
Restaurar o que foi perdido: uma das grandes promessas
Uma das funções mais poderosas do Aeneas está na capacidade de preencher lacunas em textos danificados — um desafio que há séculos atrasa o trabalho dos epigrafistas.
Segundo a Google, a IA atinge 73% de precisão ao restaurar trechos de até 10 caracteres. Quando a extensão do conteúdo ausente é desconhecida, o índice ainda se mantém razoável, com 58% de acerto.
O modelo também é capaz de identificar a província romana de origem da inscrição com 72% de precisão, cruzando pistas linguísticas e visuais. Em termos de datação, Aeneas consegue estimar o período da inscrição com um intervalo médio de apenas 13 anos em relação ao consenso dos especialistas.
Testes com historiadores mostram ganho real de produtividade
Para avaliar o desempenho da IA no mundo real, a equipe da DeepMind fez um teste prático com 23 historiadores, desafiando-os a restaurar, datar e localizar três inscrições romanas utilizando o Aeneas.
O resultado? A maioria dos participantes afirmou que o modelo ajudou significativamente no processo, apontando conexões com outros registros e agilizando as etapas de análise.
Outro experimento envolveu a Res Gestae Divi Augusti, uma inscrição atribuída ao imperador Augusto. A IA analisou o texto e, com base em padrões linguísticos e comparação com outros documentos, conseguiu gerar previsões coerentes com as principais hipóteses acadêmicas já existentes.
Acesso gratuito e foco em educação histórica
O Aeneas será disponibilizado gratuitamente para pesquisadores e estudantes, com o objetivo de democratizar o acesso à tecnologia e impulsionar descobertas arqueológicas.
Além disso, o Google pretende usar o modelo como base para novos programas educacionais, promovendo uma interseção entre ciências humanas e inteligência artificial — uma tendência crescente nas universidades ao redor do mundo.
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