
Furtos e roubos de celulares caem 13% em 2024: veja o que está por trás da queda
Furtos e roubos de celulares caem 13% em 2024: veja o que está por trás da queda
O Brasil registrou uma redução significativa de 13,4% nos casos de roubo de celulares e furtos desses dispositivos em 2024, conforme revela o recém-divulgado 19º Anuário de Segurança. O estudo, publicado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), mostra que esta é a primeira vez que o país observa uma queda expressiva nesses crimes fora do período da pandemia de Covid-19, quando houve redução pela menor circulação de pessoas nas ruas.
Ao todo, foram registrados 917.748 casos de smartphones subtraídos no país durante o período analisado. Apesar da melhora nos índices, a taxa de recuperação dos aparelhos ainda é baixa: apenas 8% dos dispositivos (ou um a cada 12) retornam para seus proprietários legítimos após ações policiais.
O estudo identifica diferenças marcantes nos padrões de cada tipo de crime. Enquanto os furtos são mais frequentes aos finais de semana (34% dos casos), os roubos tendem a ocorrer em dias úteis, com quase 30% das ocorrências concentradas nas quintas e sextas-feiras. Os horários também variam: roubos acontecem principalmente entre 4h e 6h da manhã e das 18h às 23h, já os furtos distribuem-se mais ao longo do dia.
São Paulo continua sendo um ponto crítico, concentrando um a cada cinco ocorrências em todo o território nacional. A capital paulista apresenta a terceira maior taxa de casos proporcionalmente à população, ficando atrás apenas de São Luís (MA), que lidera o ranking com 744 casos por 100 mil habitantes, e Belém (PA), em segundo lugar.

Causas da redução e desafios na recuperação de aparelhos
Entre os fatores que explicam a queda nos índices, o relatório aponta para a mudança no perfil da criminalidade no país pós-pandemia, com aumento significativo de estelionatos e golpes digitais. Outro fator é a maior conscientização da população, que passou a adotar medidas de segurança mais eficazes, como o uso de biometria para proteger o acesso aos dispositivos.
A liderança na redução dos crimes ficou com o Piauí, que registrou impressionantes 29,7% menos casos. O estado também se destaca positivamente na recuperação de aparelhos: enquanto a média nacional é de 8%, o Piauí consegue recuperar um dispositivo para cada 2,7 roubados ou furtados. Em contraste, o Pará apresenta o pior desempenho nesse quesito, com apenas um celular recuperado para cada 65,3 crimes.
O sucesso do Piauí não é por acaso. O estado foi pioneiro na implementação do serviço de alerta para celulares subtraídos, iniciativa que posteriormente foi expandida para todo o país através do programa federal Celular Seguro. “Se os dados de ocorrências de furtos e roubos sinalizam para uma queda de registros, o que é sim uma boa notícia, o número de registros de recuperação de celulares pela polícia e devolução para seus legítimos proprietários oscila bastante e parece indicar limitações na capacidade de processamento e investigação”, aponta o estudo.
O perfil das vítimas também foi analisado pelo relatório. Em ambos os tipos de crime, a maioria das vítimas é negra e tem entre 20 e 39 anos. Há uma diferença sutil quanto ao gênero: os homens são mais afetados por roubos (59,1%), enquanto as mulheres lideram ligeiramente as estatísticas de furto (50,2%). As vias públicas seguem como os locais mais perigosos, representando 79,6% dos roubos e 43,7% dos furtos, mas estes últimos também ocorrem com frequência em estabelecimentos comerciais, residências e transportes públicos ou privados.
Quanto às marcas mais visadas pelos criminosos, Samsung e Motorola lideram a lista, o que reflete sua predominância no mercado brasileiro. A Apple aparece em terceiro lugar, mesmo tendo uma fatia menor do mercado nacional, sugerindo que seus dispositivos são alvos preferenciais devido ao valor de revenda.
Para 2025, o desafio das autoridades será ampliar a capacidade de recuperação dos aparelhos subtraídos e desenvolver estratégias mais eficientes para rastrear e combater as redes de receptação. A expansão nacional do programa Celular Seguro representa um passo importante, mas o relatório indica que ainda há muito a ser feito para reduzir o impacto desses crimes na vida dos brasileiros.
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