
Fraudes com IA: Sam Altman teme nova era de golpes digitais avançados
Fraudes com IA: Sam Altman teme nova era de golpes digitais avançados
Sam Altman, CEO e cofundador da OpenAI, advertiu nesta terça-feira (22) sobre uma iminente “crise de fraude” global impulsionada pelo avanço da inteligência artificial. Durante entrevista no Federal Reserve dos Estados Unidos, o executivo expressou sua preocupação com a facilidade com que criminosos podem usar tecnologias de IA para falsificar identidades digitais e aplicar golpes cada vez mais sofisticados.
O alerta acontece em um momento estratégico, quando o governo americano está prestes a divulgar seu “Plano de Ação de IA”, que busca estabelecer regulamentações para o setor e garantir a liderança dos EUA no desenvolvimento dessas tecnologias. A própria OpenAI tem participado ativamente nas discussões, oferecendo recomendações para a formulação desse plano.
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“Uma coisa que me aterroriza é que ainda existem instituições financeiras aceitando impressão de voz como autenticação para movimentar grandes quantias de dinheiro. Você simplesmente diz uma frase de desafio e eles fazem a transação. Isso é uma loucura nos dias atuais… A IA já superou completamente a maioria dos métodos de autenticação que usamos, com exceção das senhas“, afirmou Altman durante o evento, que contou com representantes das principais instituições financeiras americanas.
O CEO da OpenAI foi além em suas previsões: “Estou muito nervoso porque teremos uma crise de fraude significativa muito em breve. Hoje são chamadas de voz, amanhã serão vídeos ou chamadas de FaceTime completamente indistinguíveis da realidade“. Essa preocupação ganha relevância no Brasil, onde golpes por telefone e WhatsApp já são comuns, e a introdução de elementos de IA pode potencializar dramaticamente esses crimes.

Casos reais já preocupam autoridades
As preocupações de Altman não são infundadas. O FBI já emitiu alertas sobre golpes utilizando voz e vídeo gerados por IA. Em casos recentes nos EUA, criminosos usaram tecnologia de clonagem de voz para tentar extorquir dinheiro de pais, fazendo-os acreditar que seus filhos estavam em perigo.
Um caso ainda mais alarmante ocorreu este mês, quando as autoridades descobriram que alguém estava usando IA para clonar a voz do secretário de Estado americano, Marco Rubio. O impostor chegou a fazer contato com ministros das Relações Exteriores de outros países, um governador e até mesmo um membro do Congresso, demonstrando o potencial dessas tecnologias para comprometer a segurança nacional.
Embora a OpenAI não crie ferramentas específicas para personificação, Altman reconhece que este é um desafio global que precisará ser enfrentado rapidamente. Curiosamente, sua outra empresa, a World, trabalha com uma tecnologia chamada Orb (fabricada pela Tools for Humanity) que promete verificar a identidade de pessoas reais, supostamente melhorando a segurança online – uma possível resposta ao problema que ele mesmo aponta.
O executivo também expressou preocupação com a possibilidade de criminosos desenvolverem e utilizarem “superinteligência” de IA antes que existam mecanismos de proteção adequados. Entre os cenários mencionados estão ataques à infraestrutura crítica, como redes elétricas, ou até mesmo a criação de armas biológicas.
Impacto no mercado de trabalho
Durante a mesma entrevista, Altman abordou o impacto da IA no futuro do trabalho, adotando uma postura menos alarmista que outros executivos do setor. Enquanto CEOs como Dario Amodei da Anthropic e Andy Jassy da Amazon afirmam que haverá espaço para humanos no mercado de trabalho futuro, Altman prefere uma abordagem mais cautelosa: “Ninguém sabe o que acontecerá a seguir. Há muitas previsões inteligentes sobre o que vai acontecer com a economia, mas este é um sistema muito complexo e uma tecnologia muito nova e impactante para fazer previsões precisas.”
Ele manteve sua visão de longo prazo de que, em um horizonte de 100 anos, os trabalhadores provavelmente não terão o que hoje consideramos “empregos reais”. Segundo Altman, “você terá tudo o que precisa. Você não terá nada para fazer. Então estará trabalhando para jogar um jogo bobo de status e preencher seu tempo, sentindo-se útil para outras pessoas.”
Simultaneamente ao alerta sobre fraudes, a OpenAI anunciou a abertura de seu primeiro escritório em Washington, DC, no início de 2026, com uma equipe de 30 funcionários. O espaço será liderado por Chan Park, atual chefe de assuntos globais da OpenAI para EUA e Canadá, junto com Joe Larson, que deixa a empresa de tecnologia de defesa Anduril para se tornar vice-presidente de governo da OpenAI. O local servirá como centro para treinamentos em IA, hospedagem de formuladores de políticas e pesquisas sobre o impacto econômico da tecnologia.
A empresa também divulgou um relatório compilado por seu economista-chefe, Ronnie Chatterji, destacando os benefícios de produtividade do ChatGPT, que já conta com 500 milhões de usuários mundialmente. Segundo o documento, 20% dos usuários americanos utilizam o chatbot como “tutor personalizado” para aprendizagem e qualificação, com mais da metade dos usuários tendo entre 18 e 34 anos.
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