Em 1983, Steve Jobs fez uma previsão sobre IA que só agora entendemos — e ela assusta pela precisão

Em 1983, Steve Jobs fez uma previsão sobre IA que só agora entendemos — e ela assusta pela precisão

Muito antes da Siri, do ChatGPT ou de qualquer hype em torno de inteligência artificial generativa, Steve Jobs subiu ao palco da International Design Conference, em 1983, com um recado urgente: ele falou sobre computadores que seriam capazes de simular mentes humanas, responder como Aristóteles e, talvez, um dia… se tornarem autoconscientes. O mais surpreendente? Ele disse que essa era exatamente a razão pela qual fazia o que fazia.

A tenda, a gravata e o aviso: “nós precisamos de vocês”

Steve Jobs 2

Era uma manhã ensolarada em Aspen, junho de 1983. Steve Jobs tinha 28 anos, usava uma gravata borboleta listrada (paga com o cachê simbólico de 60 dólares, como brincou), e subia ao palco de uma tenda projetada por Eero Saarinen, cercado por campos floridos. A plateia era formada por centenas de designers — muitos dos quais nunca tinham usado um computador.

Jobs sabia disso. Riu, tirou o paletó e deixou-o amassado no chão. Encarou os presentes com humildade e propósito: “Uma das razões pelas quais estou aqui é porque preciso da ajuda de vocês”.

Ele não queria apenas vender computadores. Queria evitar um desastre

conferência

Na noite anterior, havia apresentado o Apple Lisa, com mouse e interface gráfica — uma revolução que dispensava comandos de texto e permitia desenhar na tela. Mas naquela manhã, o que Jobs queria mesmo era discutir o que viria depois.

Ele previu que, até 1986, os computadores pessoais venderiam mais que carros. Que as pessoas passariam horas por dia interagindo com essas máquinas. E que isso aconteceria “mesmo que os computadores parecessem um lixo” — uma cutucada direta no IBM PC, que acabara de superar o Apple II em vendas.

“Temos a chance de fazer desses objetos algo bonito. E custa o mesmo fazer algo feio ou algo inspirador.”

Jobs via a chegada dos computadores como um “primeiro encontro com a sociedade”. E temia que, se mal projetados, eles se tornassem apenas mais um “pedaço de sucata tecnológica”. Por isso, pediu aos designers que não deixassem a responsabilidade apenas nas mãos dos engenheiros.

Uma previsão impressionante sobre IA e consciência das máquinas

É nesse contexto que Jobs dispara uma das falas mais surpreendentes da conferência:

“Se conseguirmos criar máquinas que absorvam uma visão de mundo, talvez um dia possamos perguntar a elas: ‘O que Aristóteles teria dito sobre isso?’⁣⁠ E talvez elas acertem. Ou talvez não. Mas isso me empolga. É por isso que eu faço o que faço.”

A fala ecoa, palavra por palavra, o conceito de modelos de linguagem generativos, como o ChatGPT ou o Gemini, que se alimentam de conhecimento humano e tentam replicar raciocínio.

Jobs também toca num ponto raramente mencionado em 1983: a autoconsciência artificial. Questiona se computadores poderiam, algum dia, se tornar conscientes de si mesmos. E vai além:

“Muita gente está dedicando a vida inteira para entender a arquitetura do cérebro. Eu realmente acredito que ainda em nossa geração saberemos a resposta.”

Em plena década de 80, enquanto a maioria via computadores como calculadoras glorificadas, Jobs já especulava sobre redes neurais, cognição e os limites da consciência artificial.

O computador não podia ser só funcional

Jobs também falava com emoção sobre beleza e responsabilidade cívica. Lembrava que os EUA já haviam perdido mercados inteiros para o design estrangeiro — de carros a câmeras — e que o mesmo poderia acontecer com os computadores. Se o país não projetasse bem, outros projetariam melhor.

Para ele, criar algo útil, empoderador e belo era “uma forma de expressar amor pela humanidade”.

Essa preocupação estava presente desde os primeiros dias da Apple. Jobs contratou Jerry Manock, adorava a experiência tátil do HP-35 e se inspirava em objetos do cotidiano — de VW vans a lâmpadas Tiffany. Visitou museus, estudou moda japonesa, colecionava referências. Queria que cada produto Apple fosse um reflexo cultural, não apenas uma engenhoca.

O Q&A: networking, privacidade, voz e… crianças

Após a palestra, Jobs permaneceu para uma longa sessão de perguntas. Falou sobre reconhecimento de voz, ferramentas gráficas, redes e até o programa Kids Can’t Wait, que previa colocar um computador em cada escola da Califórnia. Foi o momento mais aplaudido da manhã.

Ao final, ao ser questionado sobre o que fazia a equipe da Apple continuar tão motivada, ele resumiu:

“Vivemos num mundo onde usamos roupas que não costuramos, comemos comida que não cultivamos, falamos línguas que não inventamos. Estamos sempre pegando coisas. E a chance de colocar algo de volta nesse grande banco de experiências humanas… isso é algo muito especial.”

O legado da fala que quase ninguém ouviu

Jobs deixou o palco sob aplausos. Pegou o paletó amarrotado do chão e correu para assistir Maya Lin, jovem arquiteta responsável pelo memorial dos veteranos do Vietnã. Não queria apenas ser ouvido — queria aprender.

O conteúdo da palestra ficou perdido por décadas. Trechos vazaram aqui e ali, mas só este ano o Steve Jobs Archive, mantido por Laurene Powell Jobs, viúva de Jobs, disponibilizou o material completo.

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