Data center flutuante promete resfriamento eficiente usando água do mar

Data center flutuante promete resfriamento eficiente usando água do mar

Uma parceria entre empresas japonesa e turca está prestes a revolucionar o mercado de data centers com uma solução flutuante que utiliza água do mar para resfriamento. O projeto, fruto da colaboração entre a gigante marítima Mitsui OSK Lines e a Kinetics (braço de transição energética da Karpowership), propõe transformar um navio em um centro de processamento de dados de última geração, trazendo benefícios significativos em eficiência energética e rapidez de implementação.

A iniciativa surge em um momento crítico, quando a demanda por processamento de dados explode globalmente, impulsionada principalmente pelo avanço da inteligência artificial. Este cenário tem gerado uma corrida pela construção de novos data centers, muitas vezes limitada por desafios como disponibilidade de energia, escassez de terrenos e complexidades burocráticas.

O memorando de entendimento assinado entre as empresas detalha uma proposta ambiciosa: converter uma embarcação de 120 metros de comprimento em um data center com capacidade de 20 a 73 MW, dependendo da configuração. A grande inovação está no aproveitamento dos sistemas já existentes no navio, como ar-condicionado, sistemas de captação de água e geradores, reduzindo substancialmente os custos iniciais do projeto.

Um diferencial significativo da proposta é o sistema de resfriamento, que utilizará água do mar para diminuir a temperatura dos servidores. Esta abordagem promete maior eficiência energética quando comparada aos métodos tradicionais de refrigeração, resultando em menores custos operacionais e menor impacto ambiental.

Corredor de um data center moderno com servidores em rack e iluminação azul e roxa criando ambiente futurista
Data centers convencionais consomem enormes quantidades de energia, especialmente para refrigeração – uma limitação que a solução marítima busca superar

Autonomia energética e implementação acelerada

Um dos pontos mais destacados do projeto é a autonomia energética. O data center flutuante será alimentado de forma ininterrupta por diversas fontes, incluindo as chamadas “Powerships” da Karpowership – usinas de energia flutuantes montadas em navios. O memorando também menciona a possibilidade de integração com parques solares ou energia eólica offshore, ampliando as opções de fornecimento energético sustentável.

A capacidade de operar independentemente da rede elétrica local representa uma solução para regiões com infraestrutura limitada ou onde existem restrições energéticas. Segundo as empresas, nos Estados Unidos, por exemplo, os tempos de espera para conexão de novos data centers à rede podem ultrapassar cinco anos, criando um gargalo significativo para a expansão digital.

Outra vantagem competitiva é o tempo de implementação. Enquanto um data center convencional terrestre leva aproximadamente quatro anos para ser desenvolvido, a conversão de embarcações existentes em centros de dados offshore pode ser realizada em cerca de um ano – uma redução de 75% no tempo necessário para operacionalização.

Vista aérea de um navio-usina Powership atracado em porto, mostrando suas estruturas de geração de energia e canos de exaustão
Exemplo de Powership que fornecerá energia ao data center flutuante, permitindo operação independente da infraestrutura energética terrestre

O cronograma divulgado pelas empresas prevê que os trabalhos de conversão do navio, obtenção de licenças e celebração de contratos comerciais ocorram ao longo de 2026, com o início das operações projetado para 2027. Embora os valores de investimento não tenham sido divulgados, as companhias destacam que a utilização de infraestrutura naval existente representa uma economia significativa.

A proposta representa uma resposta inovadora para múltiplos desafios enfrentados pela indústria de processamento de dados: a crescente demanda por capacidade computacional, os elevados custos energéticos, as preocupações com sustentabilidade e as limitações de infraestrutura terrestre. Se bem-sucedido, o modelo pode estabelecer um novo paradigma para a expansão da capacidade computacional global, especialmente em regiões costeiras ou com limitações de espaço e energia.

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