ChatGPT x Google: o futuro da busca está mudando?

ChatGPT x Google: o futuro da busca está mudando?

Há muito tempo o sinônimo de fazer uma pesquisa na internet era “dar um Google”, o que virou inclusive uma expressão. Mas essa realidade está mudando. Hoje em dia muitas pessoas preferem simplesmente perguntar ao seu assistente de IA para receber uma resposta mais direta, personalizada e sem precisar clicar em vários links. 

O ChatGPT, da OpenAI, é um dos principais procurados no momento, passando assim a conquistar espaço no território dominado pelo Google há décadas. Com 2,5 bilhões de prompts diários, sendo 330 milhões só nos EUA, o ChatGPT já processa cerca de um sexto do volume de buscas do Google, que lida com 14 a 16 bilhões de pesquisas por dia.

Será que estamos testemunhando o começo do fim do Google como o conhecemos? Vamos explorar como essa mudança está acontecendo e o que ela significa para o futuro da internet.

Uma nova forma de buscar

google

O Google moldou nossa relação com a internet, transformando “buscar” em sinônimo de navegar por uma lista de links azuis. Segundo o pesquisador de marketing Rand Fishkin, em 2024, o usuário médio americano realizou 126 buscas únicas por mês no Google, cobrindo desde “login no Facebook” até pesquisas de compras e notícias. Mas o ChatGPT está mudando esse hábito. Ao invés de links, ele oferece respostas diretas e conversacionais, ideais para perguntas rápidas ou tarefas complexas, como planejar uma viagem ou resumir um artigo. Essa abordagem está atraindo um número crescente de usuários que preferem a praticidade de uma IA que “entende” o contexto.

Embora a maioria ainda recorra ao Google, o crescimento do ChatGPT é impressionante: em apenas oito meses, seus prompts diários saltaram de 1 bilhão para 2,5 bilhões. Esse avanço rápido mostra que as pessoas estão começando a ver a IA como uma alternativa viável, especialmente para buscas que exigem respostas imediatas ou personalizadas. A OpenAI está apostando que o ChatGPT pode se tornar uma ferramenta indispensável, não só para curiosidades, mas para trabalho, compras e criatividade, desafiando o reinado do Google.

O impacto no modelo de negócios do Google

Google

O Google é uma máquina de receita, com US$ 175 bilhões gerados por publicidade em buscas no último ano, mais da metade de sua receita total de US$ 307 bilhões. Esse modelo depende de cliques em anúncios, mas o ChatGPT ameaça essa estrutura. Respostas diretas de IA podem reduzir a necessidade de clicar em links patrocinados, o que preocupa o Google. Em resposta, a empresa lançou o “Search Generative Experience”, que integra respostas de IA aos resultados de busca, e até um botão “Web” para quem prefere o formato clássico. Mas isso traz um dilema: ao adotar IA, o Google pode acabar reduzindo seus próprios cliques em anúncios.

Além disso, a reputação do Google como líder em inovação está em jogo. A pressa para incorporar recursos de IA faz a empresa parecer que está correndo atrás da OpenAI, ao invés de liderar o caminho. Se uma fatia significativa das buscas, especialmente as de alto valor comercial, migrar para o ChatGPT, o impacto financeiro pode ser grande. O Google está investindo bilhões em sua própria IA, chamada Gemini, mas a transição para um modelo híbrido de busca pode não ser suficiente para manter sua dominância absoluta.

A visão da OpenAI

ChatGPT

Sam Altman, CEO da OpenAI, está em uma missão para tornar o ChatGPT uma ferramenta “democrática”, acessível a todos e capaz de aumentar a produtividade em diversas áreas. Durante uma recente visita a Washington, ele defendeu que a IA não é uma ameaça, mas um motor de progresso que deve estar nas mãos das pessoas. A OpenAI quer transformar o ChatGPT em um “cérebro global”, oferecendo respostas rápidas e personalizadas a um custo tão baixo que seja praticamente imperceptível. Essa visão vai além de um simples concorrente do Google: é uma aposta em redefinir como interagimos com a informação.

A estratégia da OpenAI está funcionando. Com 400 milhões de usuários ativos semanais e um crescimento vertiginoso, o ChatGPT está se tornando um hábito diário para muitos. Diferente do Google, que depende de anúncios, o modelo da OpenAI foca em assinaturas (como o ChatGPT Plus) e parcerias com empresas de mídia, garantindo respostas com fontes confiáveis. Esse crescimento sugere que a IA conversacional pode não apenas complementar, mas em alguns casos substituir, as buscas tradicionais.

O que isso significa para os usuários

Para os consumidores, a ascensão do ChatGPT promete respostas mais rápidas e naturais, mas há um preço.

Ao contrário do Google, que oferece uma ampla gama de links e perspectivas, as respostas de IA podem limitar a diversidade de fontes, concentrando o acesso à informação em um único sistema. Isso levanta preocupações sobre viés e desinformação, especialmente se os usuários confiarem cegamente nas respostas da IA. Além disso, a experiência conversacional pode ser menos útil para buscas complexas, como comparar produtos ou encontrar notícias em tempo real, onde o Google ainda leva vantagem.

Para criadores de conteúdo e empresas, o impacto é ainda mais significativo. A dominância do Google já exigia otimização para um único algoritmo, mas a busca por IA pode complicar as coisas. Respostas geradas por IA podem resumir conteúdos sem dar crédito adequado, reduzindo o tráfego para sites e ameaçando a receita de editores. A OpenAI está trabalhando em parcerias com veículos de mídia, mas o futuro da atribuição de conteúdo ainda é incerto. Para os negócios, adaptar-se a essa nova realidade significa investir em conteúdo de qualidade e otimizar para ambos os sistemas: o Google e as IAs conversacionais.

O futuro da busca online

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Estamos vivendo o que pode ser a maior mudança no comportamento online desde o surgimento dos smartphones. Embora Rand Fishkin acredite que o Google não será substituído tão cedo, ele reconhece que os early adopters (adotantes iniciais) do ChatGPT estão mostrando o potencial da busca por IA. Se hoje o ChatGPT já lida com um sexto do volume de buscas do Google, imagine o que pode acontecer quando a IA estiver integrada em celulares, carros e assistentes de voz. A OpenAI já está expandindo o ChatGPT para incluir buscas em tempo real e até experiências de compra, aproximando-se do território do Google.

O Google não vai desaparecer, mas sua posição intocável está sendo desafiada pela primeira vez desde os tempos do Yahoo e do AltaVista. A batalha pelo futuro da busca não é só sobre quem processa mais consultas, mas sobre como a informação será acessada e controlada. Será que teremos uma internet mais aberta, com links diversos, ou um cenário dominado por poucas plataformas de IA? O que está em jogo é nada mais nada menos do que a forma como descobrimos e interagimos com o mundo digital.

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