CEO da Perplexity prevê fim de duas profissões até 2026 por causa da IA; veja quais são

O avanço dos agentes de inteligência artificial não está apenas acelerando — está atropelando estruturas inteiras do mercado de trabalho. Segundo Aravind Srinivas, CEO da Perplexity AI, duas profissões especializadas podem desaparecer já no próximo ano. Em entrevista ao podcast Decoder, do The Verge, o executivo detalhou como tarefas antes complexas e manuais estão se transformando em instruções únicas, processadas de forma autônoma por IAs cada vez mais inteligentes.

A previsão ousada: IA pode substituir recrutadores em questão de meses

Srinivas foi direto ao apontar quais áreas estão com os dias contados. Segundo ele, agentes de IA como os integrados no navegador Comet — lançado recentemente pela Perplexity — estão a poucos passos de realizar sozinhos todo o fluxo de trabalho de recrutadores e especialistas em busca de talentos.

“Estou bastante seguro de que, dentro de seis meses ou um ano, a IA poderá fazer tudo sozinha”, cravou o executivo.

A afirmação se baseia em um exemplo prático: encontrar engenheiros formados em Stanford que tenham passado pela Anthropic, localizar seus perfis no LinkedIn, coletar e-mails via ZoomInfo e redigir mensagens personalizadas para abordá-los. Hoje, isso exigiria dias de trabalho humano. No futuro próximo, diz ele, será resolvido com um único comando.

Do primeiro contato à entrevista: tudo pode ser automatizado

Se a previsão se concretizar, o impacto será profundo: toda a cadeia de processos do recrutamento — da triagem de candidatos ao agendamento de entrevistas — poderá ser executada por IAs navegando pela web e interagindo com ferramentas como Gmail, Outlook, LinkedIn e bancos de dados privados.

A IA não apenas buscará perfis adequados, mas poderá:

• Redigir e-mails personalizados com base no histórico de cada candidato

• Atualizar automaticamente bancos de talentos

• Acompanhar respostas e reagendar reuniões

• Integrar calendários para definir entrevistas com precisão

Para Srinivas, o recrutador humano, nesse cenário, se transforma em supervisor — ou nem isso.

O que torna isso possível? Modelos de raciocínio mais avançados

O otimismo do CEO da Perplexity não se apoia apenas nas IAs de hoje. O ponto central da aposta está na próxima geração de modelos, os chamados “modelos de raciocínio”, capazes de encadear etapas longas e tomar decisões mais próximas do raciocínio humano.

Segundo ele, da mesma forma que o avanço para o GPT-4 praticamente eliminou os problemas de alucinação nos resultados da Perplexity, os próximos saltos — como um possível GPT-5 ou Claude 4.5 — permitirão que tarefas com múltiplos passos e variáveis sejam realizadas de forma autônoma e confiável.

“Um modelo de raciocínio suficientemente bom pode nos levar ao ponto em que tudo isso se torne de repente possível”, afirmou Srinivas.

O navegador como centro do novo “sistema operacional” da IA

Para que essa revolução funcione na prática, o navegador web será a principal interface — não só para busca, mas como ambiente de ação. Com o Comet, a Perplexity quer transformar o browser em algo mais ambicioso: um espaço onde a IA compreende o contexto do usuário e executa tarefas por ele.

Ao ter acesso a sessões já autenticadas — como e-mail, redes sociais e ferramentas de produtividade —, o agente de IA pode operar como um verdadeiro assistente digital proativo, realizando tarefas em segundo plano e pedindo intervenção humana apenas quando necessário.

Essa visão redefine o papel do navegador: de uma janela passiva para a internet, ele se torna o sistema nervoso central da vida digital assistida por IA.