
Banda viral no Spotify pode ser criação de IA sem identificação
Banda viral no Spotify pode ser criação de IA sem identificação
Uma banda chamada The Velvet Sundown conquistou quase meio milhão de ouvintes mensais no Spotify em menos de um mês, mas há fortes indícios de que ela seja completamente gerada por IA. O caso reacende o debate sobre a transparência das plataformas de streaming que, em sua maioria, não identificam conteúdos criados artificialmente para os usuários.
A música mais popular da banda, “Dust on the Wind” (a música é boa, acredite), acumulou mais de 380 mil reproduções desde seu lançamento em 20 de junho. O título e sonoridade lembram o clássico “Dust in the Wind” da banda Kansas, de 1977, o que levantou as primeiras suspeitas entre os ouvintes.
Você também pode gostar dos artigos abaixo:
Usuários do Reddit foram os primeiros a apontar características suspeitas da banda. A imagem de perfil parece ter sido gerada artificialmente, assim como as fotos dos supostos integrantes em sua conta no Instagram. A biografia menciona uma citação atribuída à revista Billboard que nunca foi publicada, e não há qualquer registro online sobre os membros da banda mencionados: “o vocalista e feiticeiro de mellotron Gabe Farrow, o guitarrista Lennie West, o baixista e alquimista de sintetizadores Milo Rains e o percussionista de espírito livre Orion ‘Rio’ Del Mar“.

Apesar dos indícios, o Spotify não identifica The Velvet Sundown como conteúdo gerado por IA. As músicas chegaram até mesmo a aparecer nas playlists “Discover Weekly” de alguns usuários, recurso que recomenda novas músicas baseadas nos gostos pessoais. A banda também está disponível no Apple Music e Amazon Music sem qualquer sinalização especial.
Entre as principais plataformas de streaming, apenas o Deezer adotou medidas para identificar conteúdo gerado por IA. No início deste mês, o serviço implementou um sistema que pode identificar músicas criadas por modelos populares de IA generativa, como Suno e Udio, que transformam prompts de texto em composições musicais. Segundo a empresa, mais de 20 mil faixas completamente geradas por IA inundam a plataforma diariamente.
O problema é mais extenso do que se imagina. Em abril, o conteúdo produzido por bots já representava 18% do total de material enviado ao Deezer – quase o dobro dos 10% registrados em janeiro deste ano. Alexis Lanternier, CEO da empresa, afirmou recentemente que “a IA não é inerentemente boa ou ruim, mas acreditamos que uma abordagem responsável e transparente é fundamental para construir confiança com nossos usuários e com a indústria musical“.
The Devil Inside é outro exemplo de sucesso artificial nas plataformas. Sua música “Bones in the River” acumulou 1,6 milhão de reproduções no Spotify desde maio, sem apresentar qualquer crédito de criador na plataforma. No Deezer, a mesma faixa é identificada como gerada por IA e creditada a László Tamási, um músico húngaro conhecido por ser baterista da banda de electro-swing Honky Crew, um raro caso em que um criador de conteúdo por IA é identificado.
A falta de regulamentação contribui para a inação das plataformas. Não existem regras claras sobre o fluxo de músicas geradas por IA ou consenso sobre o que as torna aceitáveis ou não. Spotify, Apple Music, Amazon Music e Tidal permanecem praticamente em silêncio sobre o tema.
A questão dos direitos autorais complica ainda mais o cenário. No ano passado, gravadoras americanas processaram empresas como Suno e Udio, alegando violação de direitos autorais em “escala massiva”. As empresas de IA, por sua vez, alegam que o treinamento de seus modelos com músicas protegidas por direitos autorais se enquadra no conceito de “uso justo” (fair use) — uma defesa comum das empresas de inteligência artificial que continua a ser contestada judicialmente.
Fonte: The Next Web
Leave A Comment
You must be logged in to post a comment.