Upgrade de memória? Corra: preço do DDR4 deve disparar nos próximos meses

Se você tem um computador mais antigo e vinha cogitando fazer um upgrade de memória, este é o momento de agir. Um movimento global das principais fabricantes de chips está colocando um ponto final na produção em massa dos módulos DDR4. E com isso, o impacto nos preços já começa a ser sentido.

Nos últimos meses, Samsung e SK Hynix notificaram oficialmente seus parceiros que vão encerrar a fabricação de DDR4 para focar nos módulos DDR5. Agora, a última grande resistência caiu: a Micron também começou a enviar comunicados de fim de vida (EOL) para seus clientes, segundo reporta o Digitimes.

O resultado é previsível: oferta encolhendo, demanda ainda alta, e preços em disparada.

Intel, AMD e um longo legado DDR4 ameaçado

Embora os PCs mais recentes já adotem DDR5, a base instalada de DDR4 ainda é enorme. Estamos falando de gerações inteiras de processadores Intel (da 6ª à 10ª geração Core) e de boa parte dos chips AMD Ryzen com soquete AM4 — especialmente a popular série Ryzen 5000.

Justamente pelo apelo de longevidade dessas plataformas, muitos usuários e empresas vinham postergando upgrades, apostando na abundância (e no preço acessível) da DDR4. Essa janela está se fechando rapidamente.

Mercado já reage: preços do DDR4 disparam até 50%

Segundo a TrendForce, referência global no monitoramento do mercado de memórias, os preços dos módulos DDR4 subiram entre 13% e 18% no segundo trimestre de 2025 — e a tendência é de mais aumentos no terceiro trimestre. Em maio, algumas transações no mercado aberto já registraram picos de até 50% de alta.

A explicação vai além da simples redução de oferta. Existe um fator geopolítico complicando ainda mais o cenário: fabricantes chinesas como ChangXin Memory Technologies (CXMT) aceleraram a produção de DDR4 para tentar suprir o vácuo deixado pelas gigantes globais. Porém, como seus chips estão sujeitos às tarifas impostas pelos EUA, esses módulos acabam ficando menos competitivos em mercados estratégicos.

Micron reforça foco em DDR5 e HBM

Embora não tenha confirmado oficialmente o fim da produção para todos os segmentos, a própria Micron admite que está redirecionando sua capacidade para produtos mais rentáveis — como memória HBM para aplicações de IA e LPDDR5X para smartphones e tablets.

“Esperamos lacunas importantes no fornecimento de DDR4 nos próximos meses”, afirmou o diretor de negócios da Micron, Sumit Sadana, ao Digitimes. Segundo ele, a situação pode chegar a um ponto em que DDR4 fique mais caro que DDR5 e LPDDR5.

Ainda assim, a Micron deve manter um fornecimento limitado de DDR4/LPDDR4 para clientes de segmentos industriais, automotivos e de redes, que demandam estabilidade de longo prazo mais do que performance absoluta.

PCs e celulares pedem mais memória — mas o padrão muda

Enquanto a DDR4 vai rareando, a demanda total por memória só cresce. A popularização de recursos de inteligência artificial embutidos em PCs e smartphones exige mais RAM. Apple, por exemplo, finalmente aposentou o MacBook Air com 8 GB — um modelo que já não atendia aos requisitos modernos para rodar o Apple Intelligence. Celulares topo de linha seguem o mesmo caminho, migrando de 8 GB para 12 GB ou até 16 GB.

Nesse cenário, o padrão DDR5 vem ganhando tração natural. Ele foi criado justamente para lidar com CPUs com múltiplos núcleos, que precisam de mais largura de banda de memória. Mas atenção: DDR5 não é compatível com placas-mãe DDR4. Não há como simplesmente trocar o módulo — a migração exige um novo hardware.

Expectativa: DDR4 vai sumir das prateleiras, mas não tão rápido

A Micron projeta um cronograma de 6 a 9 meses para a redução gradual das remessas de DDR4. Algumas fabricantes menores, como Nanya e Huabang, devem tentar ocupar parte desse mercado, mas com limitações em escala e confiabilidade.

Para quem pretende manter um PC baseado em DDR4 por mais alguns anos — seja para evitar o custo de um upgrade completo ou por necessidade de compatibilidade — o recado é claro: este é o momento de reforçar seu estoque de memória.

Caso contrário, o futuro reserva módulos DDR4 cada vez mais difíceis