Taiwan endurece restrições contra Huawei e China promete retaliação econômica
Taiwan endurece restrições contra Huawei e China promete retaliação econômica
A relação entre China e Taiwan entrou em um novo ciclo de tensão após o governo taiwanês adicionar mais de 600 empresas chinesas — incluindo a Huawei e a SMIC — à sua lista de exportações restritas. A medida, anunciada oficialmente nesta semana, foi classificada por Pequim como uma “barreira tecnológica” e pode desencadear uma série de represálias comerciais, agravando o cenário geopolítico no Estreito de Taiwan.
Em resposta direta, o Escritório de Assuntos de Taiwan do Conselho de Estado chinês, por meio da porta-voz Zhu Fenglian, afirmou que a China adotará “ações firmes” para proteger seus interesses econômicos e comerciais. A fala ecoa a possibilidade de contragolpes estratégicos, como bloqueios à importação de produtos taiwaneses, restrições à atuação de empresas da ilha em solo chinês e até controle sobre a exportação de minerais raros.
Medida alinha Taiwan às sanções dos EUA contra empresas chinesas
A decisão taiwanesa aproxima ainda mais a ilha das políticas dos Estados Unidos e seus aliados, que têm atuado de forma coordenada para limitar o acesso chinês a tecnologias sensíveis. Além da Huawei, a SMIC — principal fabricante de chips da China — também foi atingida, afetando diretamente a base industrial de semicondutores do país.
De acordo com o Ministério dos Assuntos Econômicos de Taiwan, a inclusão das empresas se deu com base em violações anteriores, incluindo casos em que a Huawei teria adquirido ilegalmente chips avançados da TSMC, desrespeitando sanções americanas. Com as novas regras, empresas taiwanesas precisarão de licenças especiais para fornecer produtos e serviços às organizações listadas. Exportações não autorizadas serão bloqueadas automaticamente pela alfândega.
Risco de represálias: cadeia global de chips pode sentir impacto
A China ainda não oficializou contramedidas, mas analistas alertam para o arsenal de retaliações disponível em Pequim. A mais temida envolve a restrição à exportação de minerais raros — essenciais para a produção de chips, baterias e displays — em que a China domina o fornecimento global. Outra possibilidade é prejudicar empresas taiwanesas que operam em território continental, como as do setor eletrônico e de montagem industrial.
Caso isso ocorra, companhias como PSMC, Vanguard e UMC podem ser diretamente afetadas, especialmente diante da crescente competição com os chips chineses de baixo custo em tecnologias mais maduras. Ainda assim, Taiwan segue como referência mundial em semicondutores de ponta, com a TSMC liderando avanços na litografia de 3 e 2 nanômetros.
TSMC acelera expansão nos EUA para mitigar riscos geopolíticos
Prevendo os riscos da instabilidade regional, a TSMC tem acelerado sua estratégia de diversificação. A fábrica da empresa no Arizona, nos Estados Unidos, já iniciou testes de produção e deve atingir escala comercial nos próximos meses. Essa movimentação visa reduzir a dependência de Taiwan como único polo produtivo da companhia — um movimento que também serve como seguro contra pressões políticas e militares da China.
Ciberataques expõem vulnerabilidade crescente da ilha
A tensão tecnológica também se manifesta no ciberespaço. O ministro de Assuntos Digitais de Taiwan, Huang Yen-nun, revelou que o país sofre mais de 15 mil ciberataques por segundo, um volume quatro vezes maior que a média mundial. Segundo ele, os alvos vão desde infraestruturas críticas até empresas privadas, refletindo a escalada digital da guerra entre os dois lados.
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