Meta entra na briga contra apps de nudez gerados por IA, conhecidos como “Nudify”

Meta entra na briga contra apps de nudez gerados por IA, conhecidos como “Nudify”

Nos últimos anos, a tecnologia de inteligência artificial avançou a passos largos, mas nem todos os usos são éticos. Aplicativos conhecidos como “nudify”, que usam IA para criar imagens explícitas não consensuais de pessoas, incluindo celebridades e influenciadores, têm causado preocupação.

Depois de críticas e alertas de pesquisadores, a Meta, dona do Facebook e Instagram, está finalmente tomando medidas sérias para combater esses apps. Com ações legais e novas tecnologias, a empresa quer frear a disseminação desse tipo de conteúdo em suas plataformas. Vamos entender o que está acontecendo e por que isso é tão importante.

O problema dos apps “nudify”

Aplicativos "nudify" estão fazendo vítimas
Aplicativos “nudify” estão fazendo vítimas

Esses aplicativos, que prometem “remover roupas” de fotos de maneira realista, têm se multiplicado e encontrado brechas para se promover em redes sociais. Um relatório recente da CBS News revelou que centenas de anúncios desses apps, como o Crush AI, apareceram no Facebook e Instagram, muitas vezes direcionados a homens e promovendo a criação de imagens explícitas sem consentimento. O impacto vai além da violação de privacidade: essas ferramentas têm sido usadas em esquemas de chantagem e “sextortion”, além de chegarem às mãos de menores, o que amplifica os riscos.

O caso do Crush AI é emblemático. Segundo o pesquisador Alexios Mantzarlis, da Cornell Tech, a empresa por trás do app, Joy Timeline HK Limited, veiculou mais de 8 mil anúncios nas plataformas da Meta desde o último outono. Esses anúncios muitas vezes burlavam os sistemas de moderação da Meta com imagens inofensivas, dificultando a detecção automática.

Ação legal contra o Crush AI

Meta
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Cansada das tentativas da Joy Timeline HK Limited de contornar suas regras, a Meta anunciou que está processando a empresa sediada em Hong Kong. A ação judicial é um marco na luta contra esses aplicativos, que violam as políticas de segurança e moderação da Meta. Apesar de repetidas remoções de anúncios, a empresa por trás do Crush AI continuou a encontrar formas de voltar às plataformas, o que levou a Meta a buscar medidas mais drásticas.

Essa não é a primeira vez que a Meta enfrenta problemas com conteúdo gerado por IA. Anúncios de deepfakes de celebridades usados em golpes já desafiaram a empresa, e o Conselho de Supervisão independente da Meta criticou a falta de rigor na aplicação das regras contra esses conteúdos. A pressão para agir aumentou com a exposição pública desses casos, especialmente após investigações jornalísticas que destacaram a gravidade do problema.

Novas ferramentas para proteção

Além da ação legal, a Meta está investindo em tecnologia para impedir que anúncios de apps “nudify” cheguem às suas plataformas. A empresa desenvolveu sistemas que identificam esses anúncios mesmo quando não contêm nudez explícita, usando tecnologia de correspondência para detectar cópias e variações. A Meta também expandiu a lista de termos, frases e até emojis que seus sistemas monitoram, trabalhando com especialistas externos e equipes internas para aprimorar a detecção.

Outra iniciativa importante é a colaboração com outras empresas de tecnologia. A Meta planeja compartilhar informações sobre esses apps com plataformas como lojas de aplicativos, por meio de programas como o Lantern, da Tech Coalition, que combate a exploração sexual infantil online. Desde março, a empresa já forneceu mais de 3.800 URLs únicas relacionadas a esses apps para outras companhias, ampliando o impacto de suas ações.

O contexto maior: um desafio da indústria

O problema dos apps “nudify” não é exclusivo da Meta. Plataformas como X, Reddit e YouTube também enfrentam dificuldades para conter a proliferação de links e anúncios desses serviços. No Telegram, por exemplo, bots que criam imagens explícitas não consensuais têm milhões de usuários mensais, mostrando como o problema é disseminado. A Meta e outras empresas, como TikTok, já bloquearam termos como “nudify” e “undress” em buscas, mas a remoção completa desses conteúdos ainda é um desafio.

A pressão também vem de fora. Leis de verificação de idade, como as aprovadas em estados como Texas e Utah, estão forçando empresas a reforçar a proteção de menores. Além disso, casos como o de Francesca Mani, uma adolescente de 14 anos vítima de imagens geradas por esses apps, têm gerado clamor por mudanças. A Meta apoia legislações que deem mais poder aos pais para controlar os downloads de apps pelos filhos, o que poderia ajudar a prevenir o acesso a ferramentas como essas.

O que você acha dessas medidas? Será que a Meta e outras gigantes da tecnologia conseguirão conter essa onda de abusos? A discussão está apenas começando.

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