
Intel demite engenheiros e encerra divisão automotiva
Intel demite engenheiros e encerra divisão automotiva
A Intel deu início a uma reestruturação profunda que está sacudindo o setor de tecnologia. Centenas de engenheiros estão sendo desligados, incluindo profissionais altamente especializados em design de chips — uma área central para qualquer fabricante de semicondutores. E não para por aí: a empresa também confirmou o encerramento completo de sua divisão automotiva.
A noticia chega alguns dias após a companhia confirmar uma rodada de demissões em sua divisão de fundição.
As demissões atingem diretamente a sede da companhia em Santa Clara, Califórnia. Segundo documentos entregues às autoridades locais, ao menos 107 funcionários serão desligados até 15 de julho, cumprindo exigências da legislação trabalhista do estado (WARN Act). A maioria dos profissionais afetados recebeu aviso prévio de até 60 dias ou compensações equivalentes em salário e benefícios.
Fim da linha para a aposta automotiva
A divisão de tecnologia automotiva da Intel, com sede em Munique (Alemanha), será encerrada de forma definitiva. A unidade atuava próxima de montadoras europeias e vinha sendo liderada por Jack Weast, um veterano da companhia e ex-vice-presidente da Mobileye.
A decisão mostra que a empresa está abandonando frentes consideradas secundárias para redobrar o foco em soluções para data centers e computação de alto desempenho. Internamente, a expectativa é que a maior parte dos profissionais da área perca seus empregos nas próximas semanas.
Nova filosofia de liderança: menos é mais
Em uma carta interna obtida por veículos de imprensa, o CEO Lip-Bu Tan criticou abertamente o modelo de gestão adotado até aqui. Para ele, a cultura interna da Intel havia se distorcido: “Mediam o sucesso de um líder pelo tamanho de sua equipe”, escreveu. “A partir de agora, isso muda. Os melhores líderes são os que entregam mais com menos.”
A fala reforça o tom da nova gestão — mais enxuta, agressiva e voltada à eficiência operacional. É também uma sinalização clara para o mercado: o objetivo não é apenas cortar custos, mas reposicionar a empresa diante de uma concorrência feroz.
Cortes atingem áreas técnicas essenciais
Ao contrário do que se especulava, os cortes não se concentraram em cargos gerenciais ou administrativos. Foram atingidos engenheiros de design físico, gerentes técnicos, arquitetos de software em nuvem e profissionais ligados ao desenvolvimento direto de produtos.
Essa escolha preocupa o mercado. Com a AMD ganhando força, a NVIDIA dominando em IA e outras empresas avançando em áreas estratégicas, abrir mão de cérebros técnicos pode ser um risco — ainda mais em um momento de transição da indústria rumo a novos paradigmas computacionais.
Terceirização e IA também entram no jogo
Outro ponto relevante: a Intel confirmou que parte de sua operação de marketing será terceirizada para a Accenture, que usará inteligência artificial para automatizar tarefas de comunicação e atendimento ao cliente.
Além disso, entre 15% e 20% dos funcionários das fábricas (fabs) também serão afetados pelos cortes, que fazem parte de um plano robusto de economia: US$ 500 milhões ainda este ano e mais US$ 1 bilhão em 2026.
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