De IA à cibersegurança, estas são as 10 maiores empresas de tecnologia de Israel

Por associação direta, sempre que ouvimos falar de startup lembramos de tecnologia. Embora não seja obrigatório, a maior parte desses novos empreendimentos estão ligados a esse setor. 

Por definição, seguindo, por exemplo, o que Steve Blank, empreendedor e acadêmidico de Stanford atribui, uma startup é uma organização formada para buscar um modelo de negócios repetível e escalável.

Alguns países se destacam nesse fomento as startups, com ênfase no mercado tech. Indiscutivelmente, Israel é um deles. Enquanto os EUA lideram o ranking dos países com o maior número de startups do mundo, Israel se destaca por ter a maior densidade de startups por habitante no mundo. Cerca de uma para cada 1.400 pessoas. Atualmente, são mais de 20 mil startups israelenses. 

Essa característica faz com que país seja rotulado como Startup Nation, E vale lembrar: estamos falando de um país pequeno em extensão territorial, comparável a estados brasileiros como Sergipe ou Alagoas, o que torna ainda mais impressionante seu impacto no cenário global de inovação.

Mas quais são as maiores empresas de tecnologia de Israel atualmente? Listamos as 10 principais. Vamos a elas!

Top 10 empresas de tecnologia de Israel em 2025

AI21 Labs

Setor: Inteligência Artificial / LLMs

Fundação: 2017, Tel Aviv, por Amnon Shashua (Mobileye), Yoav Shoham (Stanford) e Ori Goshen.

A AI21 Labs é uma startup de Tel Aviv especializada em inteligência artificial generativa. Criadora do Wordtune e dos modelos Jurassic‑2 e Jamba, a companhia aposta em LLMs menores e mais eficientes para tarefas específicas. Em 2025, levantou US$ 300 milhões em uma rodada liderada por Google, NVIDIA e Samsung. Também firmou parceria com a AWS para integrar seus modelos à plataforma Bedrock.

Quantum Machines

Setor: Computação Quântica
Fundação: 2018, Tel Aviv, por Itamar Sivan, Yonatan Cohen e Nissim Ofek

Responsável por desenvolver sistemas de controle e orquestração para computadores quânticos, a Quantum Machines é uma startup israelense que aposta em uma plataforma baseada em hardware e software proprietários que já é usada por mais da metade das empresas de computação quântica do mundo. Em 2025, captou US$ 170 milhões em uma rodada de investimentos liderada pela PSG Equity, totalizando US$ 280 milhões em investimentos. 

A startup colabora com a NVIDIA no projeto DGX Quantum e no recém-lançado NVIDIA Accelerated Quantum Research Center, com foco em integrar o superchip Grace Blackwell aos sistemas da QM, como o OPX1000. Essa integração promete acelerar algoritmos quânticos, reduzir latência entre processadores clássicos e quânticos e criar bases sólidas para correção de erros em ambientes híbridos

Wiz

Setor: Cibersegurança em nuvem
Fundação: 2020, Tel Aviv, fundada por ex-membros da Unidade 8200 do exército israelense — Assaf Rappaport, Yinon Costica, Roy Reznik e Ami Luttwak

A Wiz desenvolve uma plataforma de segurança em nuvem com detecção de ameaças em tempo real e respostas automatizadas por inteligência artificial. Com sede atual em Nova York e engenharia em Tel Aviv, a empresa oferece soluções compatíveis com AWS, Azure, Google Cloud e Oracle — sem depender de agentes locais. Em 2025, foi adquirida pela Google por US$ 32 bilhões, na maior compra da história da Alphabet. O acordo prevê que a Wiz continue operando de forma independente e multicloud, mas está sendo analisado pelo Departamento de Justiça dos EUA por possível violação antitruste, o que pode afetar a conclusão da transação.

Lightricks

Setor: Edição de imagem e vídeo com IA
Fundação: 2013, Jerusalém, por Zeev Farbman (Ph.D.), Nir Pochter, Yaron Inger, Amit Goldstein e Itai Tsiddon.

Lightricks é a criadora de apps como Facetune, Videoleap e Motionleap, ferramentas móveis com IA que já somam mais de 730 milhões de downloads.

Em 2025, eles lançaram o LTX VIDEO-13B, seu modelo generativo de vídeo com 13 bilhões de parâmetros, capaz de gerar conteúdo de alta qualidade a um custo muito menor que concorrentes como Sora (OpenAI) e Google. Treinado com apoio de Shutterstock e Getty, o modelo é open source, o primeiro do Ocidente, e foi desenvolvido com foco em acessibilidade, integração prática e velocidade: é até 30 vezes mais rápido que soluções rivais. Apesar das demissões recentes, a Lightricks mantém cerca de 500 funcionários e tenta se reposicionar como uma das apostas de Israel para liderar o mercado global de IA generativa aplicada a vídeo.

Hailo

Setor: Chips de IA para edge
Fundação: 2017, Tel Aviv, por Orr Danon, Avi Baum, Hadar Zeitlin e Rami Feig

A Hailo projeta e fabrica processadores de inteligência artificial para dispositivos de borda (de câmeras inteligentes a veículos autônomos e computadores pessoais). 

Seus chips Hailo‑8 e Hailo‑10 alcançaram destaque global pela eficiência energética e capacidade de rodar LLMs com consumo ultrabaixo. Neste ano, a empresa lançou o Hailo‑15, já integrado nas câmeras de segurança inteligentes NEXT, da Vicon, anunciado em janeiro, durante a CES. Essas câmeras processam imagens e análises diretamente no dispositivo — com IA embarcada que reduz latência e aumenta a privacidade dos dados. Com mais de 300 clientes globais e US$ 340 milhões levantados, a Hailo se firma como uma das principais fabricantes de chips de IA para edge do mundo.

Vayyar Imaging

Setor: Sensores de radar 4D / Semicondutores
Fundação: 2011, Yehud‑Monosson,, por Raviv Melamed, Miri Ratner e Naftali Chayat

Líder mundial em chip de radar 4D para aplicações automotivas, médicas e residenciais, a Vayyar Imaging foi originalmente fundado para detecção precoce de câncer de mama sem raios X, hoje sua tecnologia é empregada em veículos, saúde, segurança residencial e venda no varejo. Sua tecnologia opera sem câmeras ou lentes,

Recentemente firmou parceria com a NtelCare para lançar um sistema de monitoramento sem contato voltado a idosos, com detecção de quedas e alertas de saída de cama em tempo real. Com mais de US$ 300 milhões em investimentos e escritórios em Israel, EUA, Japão e Europa, a Vayyar lidera a aplicação de sensores inteligentes em ambientes críticos onde privacidade, segurança e previsibilidade são essenciais.

Cyera

Setor: Cibersegurança & Proteção de Dados
Fundação: 2021, Tel Aviv, por Yotam Segev e Tamar Bar‑Ilan

Cyera oferece soluções de segurança de dados para ambientes em nuvem, SaaS e infra local, com foco em controle e governança de informações sensíveis , tema crítico diante da expansão da IA corporativa.

Este mês, a startup levantou US$ 540 milhões, atingindo um valuation de US$ 6 bilhões e acumulando US$ 1,25 bilhão em investimentos. Entre os investidores estão Sequoia, Accel, Greenoaks e Lightspeed. A empresa também adquiriu duas startups israelenses — Trail Security e, mais recentemente, a Shape AI — para reforçar sua atuação em gestão de identidade e análise de atividade em nuvem. A Cyera atende empresas como AT&T, Nordstrom e Paramount, e se posiciona como um dos nomes mais fortes de Israel na segurança de dados para a era da inteligência artificial.

Reco

Setor: Segurança dinâmica para SaaS com IA
Fundação: 2020, Tel Aviv (co-fundadores: Ofer Klein, Gal Nakash e Tal Shapira)

A Reco atua na proteção de ambientes SaaS corporativos com o uso de agentes de IA generativa, ajudando empresas a identificar riscos em apps utilizados sem supervisão, inclusive ferramentas de IA adotadas espontaneamente por funcionários. Em 2025, ampliou sua magnitude, graças a um aporte de US$ 25 milhões, totalizando US$ 55 milhões em investimentos. A startup desenvolveu agentes treinados com metadados próprios, que detectam e corrigem problemas com rapidez e segurança. Seu diferencial está em resolver o chamado “gap de segurança SaaS”, num momento em que setores como saúde, bancos e seguros passam a adotar IA massivamente, exigindo visibilidade e proteção em tempo real.

Buildots

Setor: Construção inteligente com IA
Fundação: 2018, Tel Aviv, por Roy Danon, Yakir Sudry e Gal Lebivici

Buildots aplica IA e visão computacional em capacetes para criar gêmeos digitais de canteiros, acompanhando o progresso das obras com precisão e reduzindo atrasos em até 50%. Em julho de 2024, a empresa recebeu US$ 15 milhões da Intel, que também ocupa assento no conselho e utiliza a solução em suas fábricas de chips.

Em maio de 2025, captou mais US$ 45 milhões, somando US$ 166 milhões no total, com fundos como Qumra Capital e Viola Growth. A startup já atende grandes construtoras (Turner, Mortenson, VINCI, McAlpine) e planeja quadruplicar sua presença na América do Norte, respondendo à demanda global por infraestrutura de data centers e fábricas de semicondutores.

AppsFlyer

Setor: Marketing móvel, análise e atribuição de apps
Fundação: 2011, Tel Aviv por Oren Kaniel e Reshef Mann

A AppsFlyer é referência global em atribuição e mensuração de campanhas mobile, usada por marcas como Coca-Cola, Nike, Visa, Waze e HBO. A empresa gera mais de US$ 500 milhões em receita anual, atende 12 mil clientes e integra soluções com gigantes como Google, Apple e Salesforce.

Em 2025, a companhia anunciou o corte de 7% da equipe global para reforçar eficiência e acelerar o foco em IA, enquanto se prepara para um IPO estimado em US$ 300 milhões. Além disso, lidera o programa Speed Tech, que capacita jovens da comunidade Haredi para atuar em tecnologia durante o serviço militar, conectando formação social à inovação. Com mais de 1.400 funcionários em 20 escritórios, a AppsFlyer segue como um das empresas mais consolidados do ecossistema tech israelense.

Chutzpah: a ousadia que fez de Israel uma potência em tecnologia

Israel não virou um polo global de tecnologia da noite pro dia. Por trás das empresas que vimos há um traço cultural que atravessa gerações: o Chutzpah. De difícil tradução com exatidão, ela representa uma mistura de ousadia, coragem, irreverência, inconformismo e atitude desafiadora diante da autoridade e dos limites impostos.

O Chutzpah não se limita à linguagem. Ele molda a cultura empresarial, militar e acadêmica do país. É o que impulsiona jovens a fundarem startups logo após o serviço militar e o que sustenta a confiança para negociar com gigantes como Google, NVIDIA e Intel.

O presente é prova disso. De Wiz a Buildots, de AppsFlyer a AI21 Labs, vemos empresas israelenses assumindo papéis estratégicos no desenvolvimento de inteligência artificial, segurança em nuvem, adtech e construção preditiva.

E esse ciclo vem de longe. Já nos anos 1960, com a Netafim, Israel mostrava que escassez de água podia gerar tecnologia de irrigação pioneira. Nos anos 90, o mensageiro ICQ antecipava a revolução das redes instantâneas. O programa Yozma, ainda naquela década, atraiu o capital de risco estrangeiro que fomentaria uma geração inteira de startups. E o centro de P&D da Intel em Haifa, fundado em 1974, mostrou ao mundo que Israel podia liderar projetos de classe mundial mesmo sob a sombra de guerras.