CEO da Bosch critica regulação da IA na Europa: “estamos tentando regular contra o progresso tecnológico”
Durante uma conferência realizada em Stuttgart, o CEO global da Bosch, Stefan Hartung, fez um alerta direto à União Europeia: as regulações sobre inteligência artificial, embora bem-intencionadas, podem estar fazendo mais mal do que bem, informa a Reuters.
“Vamos nos regular até a morte, porque estamos tentando regular contra o progresso tecnológico.”
— Stefan Hartung, CEO da Bosch
Para Hartung, a burocracia e os requisitos vagos da atual Lei de IA tornam o continente menos competitivo frente a mercados como Estados Unidos e Ásia. Ele defende uma abordagem mais pragmática, centrada apenas nos riscos reais da tecnologia, sem travar sua evolução.
Europa se distancia da corrida global
Enquanto os Estados Unidos aceleram com bilhões em investimentos privados e a China amplia seu domínio em IA aplicada, a Europa corre o risco de se tornar um terreno infértil para inovação. A Lei de Inteligência Artificial da União Europeia — em vigor desde 2024 — foi a primeira do mundo com escopo tão abrangente, classificando sistemas por níveis de risco e impondo obrigações rígidas aos desenvolvedores.
A proposta nasceu com o objetivo de proteger direitos fundamentais, garantir segurança e fomentar uma IA ética. Mas, segundo líderes da indústria, está se tornando um entrave à própria competitividade da região.
Bosch lidera em patentes — e critica os freios
A Bosch é atualmente a líder europeia em número de patentes de IA e já anunciou que investirá mais 2,5 bilhões de euros no setor até 2027. A companhia aposta fortemente em inteligência artificial para aplicações industriais, automação e, principalmente, veículos autônomos.
Mas, para que esses planos avancem, é necessário um ecossistema regulatório funcional. O CEO defende que os legisladores europeus adotem um modelo mais enxuto, que não inviabilize a inovação em nome da precaução.
Uma corrida com dois pesos
Em contraste com o cenário europeu, os EUA já anunciaram investimentos massivos para infraestrutura de IA. Ainda em janeiro de 2025, o presidente Donald Trump revelou um plano de até US$ 500 bilhões em recursos do setor privado para impulsionar a área. Em resposta, a União Europeia apresentou uma proposta de até 200 bilhões de euros, mas o timing e o clima regulatório seguem divergentes.
Para Hartung, essa diferença de postura pode determinar o protagonismo tecnológico dos próximos anos.
Regulação com equilíbrio
O executivo reconhece a importância de regulamentar a IA. A preocupação com segurança, ética e transparência é legítima. No entanto, ele argumenta que regular em excesso pode sufocar o progresso antes mesmo que ele aconteça.
“A combinação entre burocracia e exigências difusas afasta talentos, empresas e capital. Estamos criando nossas próprias barreiras de entrada”, concluiu Hartung.
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